O LAGO DE CORUPUTUBA

A foto acima obtive em 1967 com a minha antiga Bieka. É o lago da Fazenda Coruputuba, em Pindamonhangaba.

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Por cima da cidade


Marreca d’água passou em bando sobre a cidade, meio flutuando parece, parece que meio voando de lado. Umas doze marrequinhas, irerê. Era de tarde, quase escurecendo, céu ainda claro. Piavam: I-re-rê! I-re-rê! E voltaram, em curva, como quem vai para o lado do Bosque, do Paraíba, da Serra...

Marreca d’água me contou: Seca está durando muito!

Duas semanas depois, começou a chover. Choveu manso, que que é isso, imagina, outubro sem chuva de plantar milho! Depois, de repente, choveu bastante mesmo, choveu pesado, com céu escuro.

Daí saiu içá e já era metade de novembro! Seca estava durando muito. Içá e sabitu já estavam prontos para voar e casar, mas cadê chuva? Sem chuva não tem jeito, o chão estava muito duro, como que a içá ia cavoucar seu ninho? Ela precisa entrar no chão uns sete ou oito centímetros para botar os primeiros ovinhos.

Bom, agora, com a chuva, içá voou. Um dia só, um domingo só.  Mas passarinho ficou contente, comida boa. Festa para bem-te-vi, suiriri... até tesoureiro apareceu, balançando no fio do poste.

Juriti veio para a cidade, começou a disputar comidinhas com os pombos da cidade. Mas gavião carijó vem atrás, fica sentado lá no alto das pinhas do Museu, olhando, olhando, de repente cai num voo flechado, pega a juriti. E os pombos se espalham, assustados igual em tarde de foguetório.

Quem parou de passar por cima da cidade foi maitaca. Também, setembro acabou, já formaram os casaizinhos, não precisa mais passar gritando, batendo as asas verdes.


Agora é esperar dezembro, janeiro, bigodinho cantando nas árvores, debaixo da chuva miúda.

* * * * *
Texto de Paulo Tarcizio da Silva Marcondes

Fotos emprestadas de:
olhares.uol.com.br
fotosdocotidiano.blogspot.com

Um comentário:

  1. Belíssima observação da natureza na cidade. Quer dizer, em Pindamonhangaba, cidade nem tão urbanizada assim, é claro, mas infelizmente crescendo depressa o suficiente para essas observações se tornarem mais raras.

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