domingo, 31 de julho de 2011

O que posso encontrar de manhã no quintal?


Já tive quintais que, de tempos em tempos, me reservavam a visão de coisas surpreendentes.

Nessa expectativa, em diferentes fases da minha vida, antes de tomar café, eu abria a porta da cozinha e saía a descobrir as novidades:


Canudinhos verdes saindo da terra úmida: era o milho que germinava;
Ameixas, ontem verdolengas, agora amarelinhas;
Mangas maduras no chão, derrubadas pela chuva;



Uma dezena de pintinhos, bolinhas amarelas fofas, correndo atrás da galinha choca;
A cabritinha nascida de madrugada – e já dando cabeçadas no galo e nos cachorros;
A amoreira invadida pelos passarinhos, o chão pintado de frutinhas cor de vinho;
Um passarinho morto pela chuva, a ventania tinha exagerado na brutalidade;
Num dia memorável, o chão estava coberto de plumas que vieram de uma paineira muito distante.

*   *   *


Hoje o meu quintal é uma estreita fita de cimentado e as surpresas são raríssimas.
Neste pequeno cimentado, no entanto, já surgiram aos meus olhos ainda sonolentos:
Um pombo machucado;
Uma pipa com rabiola e um pouco de linha;
Uma bola de bexiga, vestígio de alguma promoção de loja;
Um filhote de morcego, perdido, se arrastando;
Uma aliança, por certo atirada com raiva através da janela de um dos apartamentos vizinhos;
Uma florzinha que brotou na trinca do muro.
Só isto – e assim mesmo com intervalos de alguns anos.
Mas não perco a esperança: todo dia, antes de passar o café, saio para olhar o quintal.


O que espero? Que tenha brotado uma árvore? Que tenha nascido, do nada, uma ninhada de coelhinhos? Que tenha aterrizado um disco voador?


Não sei, mas sempre vou olhar.

*   *   *

Texto de PAULO TARCIZIO DA SILVA MARCONDES
Créditos das fotos:




Cabras: http://manizales.olx.com.co
Pássaro: Antonio CBC Lopes
Coelho: http://pt-pt.facebook.com/note.php?note_id=184690784898079


sábado, 30 de julho de 2011

Minha mulher se chama “agora”



Algumas vezes, Anamaria, tomada por certa impaciência na minha demora em resolver alguma coisa, vai à frente, soluciona o problema e, diante do meu elogio, informa com um sorriso superior: O meu nome é “agora”.

Puxa vida. Eu estou achando que eu não, eu não me chamo “agora” igual a ela.

Por exemplo. Muita vez eu digo assim: Benzinho, estou indo tomar banho.

E vou.

Só que no caminho resolvo primeiro inspecionar a geladeira.


Encontro alguma coisa boa, levo para a mesa da copa, abro uma revista, um jornal, um livro... e fico bicando um refrigerante, provando o petisco, lendo, lendo...

Quando acaba a comidinha, ou o refrigerante, ou o que eu estava lendo, geralmente depois de meia hora, eu me levanto da cadeira e, naquela necessidade íntima de contar tudo para ela, exclamo: Benzinho, agora eu vou tomar banho mesmo!

E aí eu vou de verdade.

E assim já aconteceu com muita coisa. Quando ela me fala que precisa consertar a porta do guarda-roupa, tirar uns preguinhos da parede, instalar um aparelho elétrico, vejo que a minha resposta típica é sempre concordando: É mesmo, tenho que ver isto...

E às vezes passa bastante tempo.

Então estou acreditando que o meu nome pode ser “já-já”.

Bom, é verdade que de repente resolvo, compro os apetrechos, começo a furar a parede, martelar etc. e por fim "a obra resplandece acabada".


Então fica no ambiente aquela sensação muda tipo: nossa, se era tão fácil e rápido, por que que demorou tanto?

Uma noite aconteceu isto: Anamaria estava lendo no quarto e fui avisá-la de que eu tinha colocado no forno uns steaks de frango. Ela ficou contente (que bom, Benzinho!) e continuou entretida na leitura.


Fui para a cozinha, inspecionei o forno, coloquei os pratos na mesa e, já que ia demorar, fui para o computador.

Digitei bastante, entrei na internet, fiquei um tempão fazendo pesquisas, vários sites... E encontrei um assunto tão interessante que fui contar para ela. Cheguei no quarto, ela perguntou: Ficou pronto?

Ficou pronto o quê, pensei. Então senti o cheiro dos benditos steaks! Corri para a cozinha, desliguei o forno, mas não tinha queimado não, só tinha passado do ponto, ficou um pouquinho marrom em vez de dourado.

Mas com cerveja ficou excelente. Estava assim entre meio duro e crocante demais.

* * * * *

Texto de PAULO TARCIZIO DA SILVA MARCONDES

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Pássaro

 


     Fica feliz quando eu chego

 

E quando não estou se alegra

 

com a perspectiva de minha volta.

 

Seu júbilo me recebe incondicionalmente:


Não pergunta se venho derrotado
Ou vitorioso.
 

Alegra-se com minha presença sem se perguntar
Se sou bom ou mau.


Basta-lhe,
Para que se alegre, que eu chegue.

 

Para sua felicidade basta que eu chegue e fale,


Pois qualquer palavra que eu lhe fale soa
A seus ouvidos de pássaro

Como uma infinita carícia.

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Poema de PAULO TARCIZIO DA SILVA MARCONDES
Livro "Terra Vegetal" - Reg. Bibl. Nacional n. 133.608

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Balada da Água do Tabaú



Poema de Balthazar de Godoy Moreira

Dia e noite, noite e dia,
Sob a moita de bambu,
Fresca e clara, clara e fria,
Pela biquinha corria
A água do Tabaú.


Era uma fonte afamada
Que fazia glu-glu-glu,
Rolando desalentada.
Diziam que era encantada
A água do Tabaú.


Passa um velho bandeirante
Que vem de Vapabussu;
Nunca viu ouro ou diamante
Tão puro, tão cintilante
Como a água do Tabaú.


Passa um Príncipe Real
No seu cavalo acaju;
Depressa o copo, Oficial...
Nunca bebi nada igual
À água do Tabaú.


Passa um guapo boiadeiro
De Taipas para o Mandu.
Tem pressa. Viaja ligeiro.
Mas para e prova primeiro
A água do Tabaú.


Passa um médico doutor,
Guarda-pó cor de caju;
- Deem-me um lugar, por favor,
Quero saber o sabor
Da água do Tabaú.



Passa uma velha senhora
De xale escuro e fichu.
- Prova, Sinhá, não demora,
Mecê vai vê como adora
A água do Tabaú.



O carreiro para o carro
E os bois Moleque e Tatu.
Atira longe o cigarro
E enche a pichorra de barro
Na água do Tabaú.



Passa um pobre cantador
Cantarolando um lundu;
Esquece a moda do amor
Para saber o sabor
Da água do Tabaú.



Passa o capitão do mato
Com o seu cão Belzebu;
Bebe mas tem o recato
De não deixar seu retrato
Nas águas do Tabaú.


Passa o correio da Corte
Pá que ta-tá... pa-ca-tu...
Só se consola da sorte,
Quer venha do sul ou norte,
Com a água do Tabaú.


Passa uma dona de Minas
Que veio pelo Embaú,
E nas valvas opalinas
De suas mãos pequeninas
Bebe água do Tabaú.




Passa um defunto na rede
E o bando atrás, jururu;
Todos saciam a sede.
Só o defunto não pede
A água do Tabaú.


Mas todo aquele que acaba
De a provar, glu-glu-glu...
No mesmo instante desaba
A amar Pindamonhangaba
E a água do Tabaú!



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Minha homenagem ao Professor Balthazar de Godoy Moreira, que dedicou sua vida de escritor e de poeta para louvar a sua terra natal.
Estive afastado deste poema durante mais de quarenta anos. A primeira vez em que eu li esta balada, eu era bem jovem. Tinha lido num exemplar do jornal Tribuna do Norte. Depois, nunca mais vi. Perguntei para muitas pessoas. Ninguém conhecia. Mas eu sabia o ano do jornal. Agora encontrei, ufa, depois de tantas décadas! É tão lindo, que não pode ser perdido de novo. Por isto eu o publico neste blog. Acredito que quanto mais publicar, mais estará salvo.

terça-feira, 26 de julho de 2011

Receita de paçoca - modelo urbano


PAÇOCA DO PAULO TARCIZIO (adaptada ao ambiente urbanizado)
 
Ingredientes:
1 kg de amendoim descascado
1 kg de farinha de mandioca
1 lata de leite em pó
½ kg de açúcar
1 pitada de sal (uma colher de café já está bom)


Modo de fazer:
1.      Ponha o amendoim para torrar numa assadeira em forno bem quente. Não precisa marcar hora. Pode ir fazer o que quiser, desde que seja em casa mesmo, onde você possa sentir o cheiro do amendoim torrando. De vez em quando, vá lá na cozinha e, com uma colher de pau, mexa o amendoim na assadeira. Vai estar pronto depois que já estralou bastante, alguns grãos soltaram a casquinha e já adquiriram uma bela cor de café com leite. Tire do forno e deixe a assadeira em um lugar ventilado para ir esfriando.
2.      Em vez de ficar morgando enquanto esperava o amendoim torrar, você bem que podia já ter preparado a farofa que vai ser misturada com o amendoim. Você podia ter feito assim: Numa vasilha grande (sei lá, pode ser uma assadeira grande, ou uma bacia, ou então numa lata de mantimentos, se vire!), bem, nessa vasilha você devia ter misturado a farinha de mandioca, o açúcar, o leite em pó e o sal, tudo muito bem misturado.
3.      O amendoim já esfriou? Então agora vamos tirar a casquinha. Isto deve ser feito na própria assadeira. Leve para uma mesa, sente-se, porque vai demorar. Com as pontas dos dedos vá apertando os grãos torrados, a casquinha vai saindo bem fácil. Este é um momento muito delicado, porque pessoas podem vir oferecer ajuda e fica difícil rejeitar. Mas atenção! certamente o maior interesse delas é mesmo ir de vez em quando catando um grãozinho e enfiando na boca. Isto não deve diminuir consideravelmente a quantidade de amendoins, mas vai dando em você a tentação de comer também. Mas enfim, eu não tenho nada com isso.
4.      A seguir, você vai precisar separar os grãos e as casquinhas já tiradas.  O único jeito é abanando o amendoim. Você não tem um quintal grande? Ou então o quintal é todo pavimentado? Então não tem jeito. Você vai ter que empregar o processo urbano. Vergonha, mas paciência. Pegue a assadeira e um ventilador e vá para a frente da casa, na calçada. Antes, peça ajuda de alguém, que deve olhar bem se não tem ninguém na rua. Isto deve ser feito à noite. Se estiver chovendo não dá certo, porque daí as casquinhas vão grudar em todo lugar. Feche todas as portas e janelas da frente da casa. Se todas as condições estiverem favoráveis ligue o ventilador no máximo (talvez você precise de uma extensão) e coloque a assadeira cheia de amendoim bem na frente do vento mais forte. O vento tem que ser dirigido da calçada para o meio da rua. Diante do ventilador vá apanhando punhados de amendoim, com as duas mãos, e deixando cair de novo na assadeira. Não tem erro: o vento vai tocar as casquinhas para o meio da rua. Vai ficar um horror, mas eu avisei que isto deve ser feito à noite, em altas horas. Paciência. Se estiver ventando vai ser melhor, porque no dia seguinte cedo as casquinhas já desapareceram. O problema maior acontece se o vento trouxer as casquinhas de volta para a sua casa. Lembre-se: eu avisei que tinha que fechar janelas e portas... Bem, mas o que interessa mesmo é que: não pode estar chuviscando e é melhor que na rua não tenha nenhum carro parado, senão o carro vai ficar todo grudado de casquinha, é chato.
5.      Vamos agora moer o amendoim. Coloque uma concha de amendoim no liquidificador, ponha a tampa (estou avisando) e ligue no máximo durante uns quinze segundos. É bom ficar chacoalhando o liquidificador (mão na tampa!), mas cuidado para não desacoplar o copo da base. Despeje o conteúdo (vai precisar cutucar com uma colher) numa vasilha grande. Aliás, você está vendo que tem que ter bastante vasilha grande.
6.      Depois que todo o amendoim estiver bem moído, misture com aquela farofa que você já tinha preparado e agora vai ter que bater tudo de novo no liquidificador, concha por concha, sempre despejando na vasilha definitiva. Prove! Deve ter ficado uma delícia.
7.      Antes de ir avisar a família de que a paçoca já está pronta, é melhor fazer uma limpeza geral na cozinha, lavar tudo. O liquidificador é bom deixar de molho com um pouco de detergente, que amanhã alguém lava. Se esse alguém vai ser você mesmo amanhã cedo, então melhor lavar já. De qualquer forma, o chão da cozinha certamente merece uma limpeza legal, porque senão ajunta formiga, ou então você fica pisando descalço naquela farofinha, é desagradável. Pelo amor de Deus, não tem casquinha de amendoim voando por aí, não é mesmo? Depois de tudo certificado, pode avisar a família. Melhor ainda, leve um potinho cheio de paçoca para cada um.
8. Quanto a oferecer ou não oferecer essa delícia às visitas que aparecerem nos próximos dias, tudo depende de você, nisto eu não posso opinar. Só acho que é bobagem. Uma paçoca tão gostosa, imagina, tem até leite em pó, vai ficar oferecendo, a cada vez observando que a vasilha está ficando com menos conteúdo. Bom, você que sabe. Bem feito se alguém, enquanto se delicia com a sua paçoca, ainda falar: Paçoca boa de verdade tem que ser feita no pilão!
*     *    *
Texto de PAULO TARCIZIO DA SILVA MARCONDES
Todos os direitos reservados
Nossa, que mentira! Como que a gente vai reservar direitos sobre receitas...
Bom, para não ferir a ética (e não engasgar com a paçoca), podem, por favor, mencionar o nome do autor?
Para dar o exemplo, deixo os créditos pelas fotos:
Paçoca: cozinhandocomprazer.spaceblog.com.br
Mulher ao pilão: byrata.blogspot.com

segunda-feira, 25 de julho de 2011

É preciso ninar nossos bebês

Mamãe Simone e Vovô Paulo (com Miguel no colo)


As crianças são nossos oásis.
Nossa pausa, sombra, caneca de água fresca no calor do meio dia.
Embalar no colo, bem de levinho, uma criancinha dormindo - a generosidade divina me permitiu fazer isto ontem com o Miguel - embalar uma criancinha, olhando no seu rostinho tranquilo, me faz compreender: Não estou ninando um bebê.
Estou ninando uma pessoa, um homem. Que agora, por enquanto, e só por enquanto,
é pequenino.
E devo ninar esta pessoa o mais que eu puder, sempre mirando seu rostinho, às vezes dando um beijo breve no cabelinho macio, murmurando palavras boas, cantarolando bem baixinho as berceuses mais bonitas.
Porque depois de um tempo essa pessoinha vai estar maior e vai ter seus probleminhas, não vai querer colo: Não qué colo! E bem mais tarde vai mesmo se achar crescido demais para pedir colo, ou para pedir: Conta uma história, vovô!
Depois vai passar muito mais tempo e essa pessoinha vai estar muito grande, seus probleminhas vão às vezes virar problemas grandes, bem grandes mesmo – e essa pessoa já grandona de repente gostaria de ter um colo, para não chorar – ou para poder chorar sem ninguém perguntar nada.
E os colos disponíveis podem não entender na hora.
E os colos da infância, que entenderiam, já estarão completamente fora do alcance.
Por isto, agora é o momento de ninar. Daqui a pouco, vamos contar histórias.


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Texto de Paulo Tarcizio da Silva Marcondes
Foto de Anamaria Jório


Aconteceu no litoral


Quando ingressei como efetivo no magistério, fui morar no litoral e, por uma dessas coincidências que tornam a vida real parecida com um conto, fui morar vizinho parede e meia com o filho do meu saudoso professor do tempo do ginásio. O moço era casado e eles tinham uma filhinha de quase dois anos, um docinho de garota.
Afeiçoamo-nos todos. Íamos, eu e minha mulher, quase todas as noites, jogar buraco com o casal vizinho. A linda garotinha rodando por ali, até que adormecesse. Em volta das nossas casas, a floresta fazia barulho nas noites de chuva. Foi com o meu vizinho que vim a conhecer a costa, as praias desprovidas ainda de qualquer estrada, as matas perto do mar. Ele era topógrafo e parte da remuneração de seu trabalho ele pedia em lotes das glebas que estava demarcando.
Sim, ele certamente amealhou um bom patrimônio em terrenos que hoje devem estar muito, mas muito valorizados. Trata-se da região mais chique do nosso litoral... São essas coisas que vão tornando possível o enriquecimento para as pessoas que começaram com muito pouco. Aquela menininha pequena, observadora, inteligente, era o ai-jesus do meu vizinho. E da mulher dele também, mas nem tanto. Meu vizinho, sim, tinha adoração pela filhinha.
No final de um ano, mudei para o vale. Os anos se passaram e muita coisa foi mudando. Dez anos depois, durante um passeio ao litoral, visitei os antigos vizinhos. Já em nova casa, num condomínio em outra cidade ali perto. Tudo muito bonito e arrumado, tão diferente da casinha humilde no meio da mata. Tudo mudado. Mas assustou-me a mudança, ou a evolução, não sei, a mudança que vi na menininha meiga de antigamente. Tornara-se uma adolescente muito desagradável, ríspida com os pais, cheia de respostas duras. À mesa, no almoço, comportou-se com as visitas de modo, digamos, cortês. Mas com o pai e com a mãe era só aquele tratamento que, parece-me agora, revelava uma espécie de ódio.
Então, a partir daí, realmente o tempo passou. Muita coisa mudou na minha vida. E tornou a mudar e depois mudou de novo. E agora, nesta semana, passados quarenta anos sobre aqueles dias inocentes no litoral, veio ao museu onde eu trabalho uma senhora negra, velha, antiga mesmo, andando devagar. E se apresentou como tendo sido empregada na casa do meu professor do ginásio. Ela disse para a recepcionista o nome do professor, eu me ergui, fui a ela: A senhora foi empregada do professor? Fui aluno dele! E depois fui vizinho do filho dele, no litoral. A senhora sabe dele, onde ele está morando?
A velha senhora falou num ímpeto, o corpo balançando na indignação. Ah, ele morreu de desgosto que a filha dele enrolou ele, pegou todos os bens, ficou tudo para ela. Foi indo ele morreu, ficou sem nada, ela ficou com tudo.
E foi embora a negra velha, a velha babá, resmungando coisas – e eu fiquei pensando em Shakespeare e no Rei Lear. E decidi que era bom escrever esta história.

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 Texto de Paulo Tarcizio da Silva Marcondes
As fotos pertencem aos blogs: 1ª - normapenido.blogspot.com
3ª - opatifundio.com