tag:blogger.com,1999:blog-56385391144270779692024-03-26T23:37:48.342-07:00Paulo Tarcizio
Poemas
Contos
Crônicas
Infância
Roça
Coruputuba
Professorpaulotarcizio.blogspothttp://www.blogger.com/profile/09916505674891080742noreply@blogger.comBlogger184125tag:blogger.com,1999:blog-5638539114427077969.post-85293299845542209532024-03-20T16:58:00.000-07:002024-03-20T16:58:40.998-07:00Corpo fechado<p style="text-align: center;"><b style="text-align: justify;"></b></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><b style="text-align: justify;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiBooZrSl2RfaangSkB5gkk6WP68l4ggtWp8euphXooMgNKjwH8BMMRwzM1dimbWSzo60F_3I7OXU2un7NGRw-Pqu6WZDAzbMoUq10X2EbMIztgcKS7yNuMc0eB9JDLjRd-kqQCMha7dCB_LUShsOn3JIditsP2PYKjf9PQzEi7YND8Ds7lXED1zAh3WbA/s450/picada%20na%20mata.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="450" data-original-width="300" height="392" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiBooZrSl2RfaangSkB5gkk6WP68l4ggtWp8euphXooMgNKjwH8BMMRwzM1dimbWSzo60F_3I7OXU2un7NGRw-Pqu6WZDAzbMoUq10X2EbMIztgcKS7yNuMc0eB9JDLjRd-kqQCMha7dCB_LUShsOn3JIditsP2PYKjf9PQzEi7YND8Ds7lXED1zAh3WbA/w261-h392/picada%20na%20mata.jpg" width="261" /></a></b></div><b style="text-align: justify;"><br /><span style="font-family: Arial;"><br /></span></b><p></p><p><br /></p><p align="justify" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 12,0000pt; margin-left: 0,0000pt; mso-pagination: widow-orphan; text-align: justify; text-indent: 42,0000pt; text-justify: inter-ideograph;"><b><span style="font-family: Arial;">Houve um tempo em que trabalhei na direção da Escola Agrícola de Jacareí, estabelecimento que forma técnicos em agropecuária, onde já funcionou a Fapija.</span></b><b><span style="font-family: Arial;"><o:p></o:p></span></b></p><p align="justify" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 12,0000pt; margin-left: 0,0000pt; mso-pagination: widow-orphan; text-align: justify; text-indent: 42,0000pt; text-justify: inter-ideograph;"><b><span style="font-family: Arial;">A Escola Agrícola era muito grande, uma fazenda com benfeitorias, pastagens, um bom resto da Mata Atlântica... Só que para trabalhar </span></b><b><i><span style="font-family: Arial;">sem verba</span></i></b><b><span style="font-family: Arial;"> seria melhor que a fazenda não fosse tão grande. Um dos problemas era a extensão das divisas: para cercar decentemente uma área tão extensa teríamos que gastar muito... Ainda mais que não havia como dividir as despesas com os confrontantes: uma avenida, uma escola estadual, uma estrada municipal, uma grande área da prefeitura e, no fundo, o leito do Rio Paraíba do Sul...</span></b><b><span style="font-family: Arial;"><o:p></o:p></span></b></p><p align="justify" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 12,0000pt; margin-left: 0,0000pt; margin-right: 0,0000pt; margin-top: 0,0000pt; mso-pagination: widow-orphan; text-align: justify; text-indent: 42,0000pt; text-justify: inter-ideograph;"><b><span style="font-family: Arial;">Mas finalmente saiu a verba! Vamos fechar a escola! Compramos os mourões, o arame farpado, grampos... Contratamos alguns homens e a cerca foi se estendendo reta, reta, uma beleza, o arame farpado esticadinho, brilhando no sol, atravessando o pasto, apontando para a mata e sumindo dentro dela...</span></b><b><span style="font-family: Arial;"><o:p></o:p></span></b></p><p align="justify" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 12,0000pt; margin-left: 0,0000pt; margin-right: 0,0000pt; margin-top: 0,0000pt; mso-pagination: widow-orphan; text-align: justify; text-indent: 42,0000pt; text-justify: inter-ideograph;"><b><span style="font-family: Arial;">Daí começou a chover, chover. De tarde, os dois homens encarregados da cerca, molhados e esbaforidos, vieram me procurar. Eu estava substituindo o diretor em férias. Estavam nervosos: Seu Paulo, o senhor precisa ver uma coisa que a gente achou dentro da mata. Uma coisa esquisita.</span></b><b><span style="font-family: Arial;"><o:p></o:p></span></b></p><p align="justify" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 12,0000pt; margin-left: 0,0000pt; margin-right: 0,0000pt; margin-top: 0,0000pt; mso-pagination: widow-orphan; text-align: justify; text-indent: 42,0000pt; text-justify: inter-ideograph;"><b><span style="font-family: Arial;">Fui, com chuva mesmo. Atravessamos os pastos atrás do campo de futebol, entramos pela silvicultura e chegamos no mato. Dentro da mata fechada, escura, de repente uma coisa muito bonita e solene: Um espaço varridinho, limpinho, chão batido de muitos passos. Nas beiradas desse círculo, flores, velas, fitas de várias cores... Nos nichos formados pelas grandes raízes, imagens de santos desconhecidos. Um oco numa árvore: dentro, outro santo. Um lugar de respeito: era um lugar de culto.</span></b><b><span style="font-family: Arial;"><o:p></o:p></span></b></p><p align="justify" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 12,0000pt; margin-left: 0,0000pt; margin-right: 0,0000pt; margin-top: 0,0000pt; mso-pagination: widow-orphan; text-align: justify; text-indent: 42,0000pt; text-justify: inter-ideograph;"><b><span style="font-family: Arial;">Os dois homens esperando uma decisão minha. Porque a cerca, se fosse prosseguir no seu caminho retilíneo, teria que cortar ao meio aquele terreiro ornamentado e limpo. O que é que a gente faz, Seu Paulo... E eu decidi: desvia a cerca para fora, invade alguns metros na área da prefeitura, é meio do mato mesmo, ninguém vai se incomodar. Começa o desvio um pouco antes do círculo, volta ao traçado um pouco depois. Assim este terreiro fica inteiro dentro da escola. Ah! E na cerca faz o ziguezague, aquela abertura por onde dá para passar gente, mas impede a passagem do gado. Por quê? Ora, se o pessoal está acostumado a vir fazer suas devoções aqui, vamos facilitar, para que obrigar as pessoas a passar por baixo do arame?</span></b><b><span style="font-family: Arial;"><o:p></o:p></span></b></p><p align="justify" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 12,0000pt; margin-left: 0,0000pt; margin-right: 0,0000pt; margin-top: 0,0000pt; mso-pagination: widow-orphan; text-align: justify; text-indent: 42,0000pt; text-justify: inter-ideograph;"><b><span style="font-family: Arial;">E assim foi.</span></b><b><span style="font-family: Arial;"><o:p></o:p></span></b></p><p align="justify" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 12,0000pt; margin-left: 0,0000pt; margin-right: 0,0000pt; margin-top: 0,0000pt; mso-pagination: widow-orphan; text-align: justify; text-indent: 42,0000pt; text-justify: inter-ideograph;"><b><span style="font-family: Arial;">No sábado de manhã (eu cumpria parte do horário no sábado) vem um senhor moreno, gordo, falar comigo. Apresentou-se, era o Pai de Santo responsável pelo terreiro no meio da mata. Ele estava comovido. Agradeceu muito por termos respeitado aquele espaço sagrado, elogiou. Desculpou-se, disse que antes não sabia até onde ia a divisa da escola. Ficou feliz também por termos deixado a passagem na cerca. Eu agradeci os agradecimentos. E coloquei uma restrição: não pode edificar nada, nem uma cabaninha.</span></b><b><span style="font-family: Arial;"><o:p></o:p></span></b></p><p align="justify" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 12,0000pt; margin-left: 0,0000pt; margin-right: 0,0000pt; margin-top: 0,0000pt; mso-pagination: widow-orphan; text-align: justify; text-indent: 42,0000pt; text-justify: inter-ideograph;"><b><span style="font-family: Arial;">Ele se tornou um colaborador da escola, ajudando a tomar conta da mata, impedindo invasões, não deixando ninguém cortar árvores na beira do rio... E me convidou para ir tomar um café na casa dele, lá na Bica do Boi.</span></b><b><span style="font-family: Arial;"><o:p></o:p></span></b></p><p align="justify" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 12,0000pt; margin-left: 0,0000pt; margin-right: 0,0000pt; margin-top: 0,0000pt; mso-pagination: widow-orphan; text-align: justify; text-indent: 42,0000pt; text-justify: inter-ideograph;"><b><span style="font-family: Arial;">Fui. Um café gostoso com bolo de fubá. Depois, me perguntou se eu aceitava que ele e a esposa fizessem uma oração em minha intenção. Claro, até agradeço. A oração era, me pareceu, uma adaptação do Pai Nosso. Depois um cântico suave, bonito. Depois outras orações. Quando terminou aquela reza, eu saindo, conversando sobre plantas, flores, que eles tinham na varanda, ele me perguntou se eu sabia o que eles tinham feito. Não, não sei, estou achando que vocês fizeram uma reza em minha intenção, não é?</span></b><b><span style="font-family: Arial;"><o:p></o:p></span></b></p><p align="justify" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 12,0000pt; margin-left: 0,0000pt; margin-right: 0,0000pt; margin-top: 0,0000pt; mso-pagination: widow-orphan; text-align: justify; text-indent: 42,0000pt; text-justify: inter-ideograph;"><b><span style="font-family: Arial;">É. Mas não é só isso: agora o senhor está com o corpo fechado. Nada de ruim vai pegar no senhor, nunca. Não tem perigo.</span></b><b><span style="font-family: Arial;"><o:p></o:p></span></b></p><p align="justify" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 12,0000pt; margin-left: 0,0000pt; margin-right: 0,0000pt; margin-top: 0,0000pt; mso-pagination: widow-orphan; text-align: justify; text-indent: 42,0000pt; text-justify: inter-ideograph;"><b><span style="font-family: Arial;">Agradeci, o gesto deles foi bonito, comovente mesmo. Guardei a informação com carinho, sem intenção de descobrir até onde iria aquela força, sem duvidar nunca - e sem abusar nunca.</span></b><b><span style="font-family: Arial;"><o:p></o:p></span></b></p><p align="justify" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 12,0000pt; margin-left: 0,0000pt; margin-right: 0,0000pt; margin-top: 0,0000pt; mso-pagination: widow-orphan; text-align: justify; text-indent: 42,0000pt; text-justify: inter-ideograph;"><b><span style="font-family: Arial;">Às vezes, tenho conseguido caminhar com sossego no meio de vários tipos de tempestade. Então me sinto protegido por uma espécie de bondade. Talvez a bondade que pratiquei lá no meio do mato da Escola Agrícola? Na hora, não senti que fosse bondade, senti que era justiça. Fiz o que era certo fazer.</span></b><b><span style="font-family: Arial;"><o:p></o:p></span></b></p>paulotarcizio.blogspothttp://www.blogger.com/profile/09916505674891080742noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5638539114427077969.post-1246765749033788492024-02-26T10:36:00.000-08:002024-02-28T08:48:03.600-08:00Caminhando com o Pedro<p style="text-align: center;"> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiRz1B-Aml4qDZsjYmqBQ2vOXSERL8NNVo6R7q510_u2cthl2bICCtmxkE5PrnVO_eryFAfIi4iY1qOUJqxi-Eoq4hVtgiBzjFTlOzja_HmdekpLTwQbEb-vJoRJ0D4Za-UoHpCifS5skeGEfi8J2gTvDymG3el6DXXRkr9QeT1TbbWDwGgUEFIWPC1tGw/s569/1969%20Pedro%20e%20seus%20alunos%20da%20Fazenda%20Oliveiras%20A.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="412" data-original-width="569" height="271" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiRz1B-Aml4qDZsjYmqBQ2vOXSERL8NNVo6R7q510_u2cthl2bICCtmxkE5PrnVO_eryFAfIi4iY1qOUJqxi-Eoq4hVtgiBzjFTlOzja_HmdekpLTwQbEb-vJoRJ0D4Za-UoHpCifS5skeGEfi8J2gTvDymG3el6DXXRkr9QeT1TbbWDwGgUEFIWPC1tGw/w374-h271/1969%20Pedro%20e%20seus%20alunos%20da%20Fazenda%20Oliveiras%20A.jpg" width="374" /></a></div><div style="text-align: center;">Pedro com o Carlos e os alunos das Oliveiras, 1969</div><p></p><p><br /></p><p align="justify" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><b><span style="font-family: Arial;">Já tínhamos feito o trabalho de carpintaria de serrar e martelar, construindo um bom chiqueiro no lado mais ensolarado do quintal. Então, na manhã de um sábado, fui com o Pedro, levando sacos de estopa, até a Vila Campineira, comprar uns leitões na casa do Rubens e do Guido Magalhães. Esses meninos tinham sido meus colegas no primário e ficaram alegres com nossa visita. Negociamos com o pai deles e trouxemos dois porquinhos e uma porquinha. Voltamos contentes, pela Vila Bela, para soltar os bichinhos na casa nova deles, que ainda tinha cheiro de serragem.</span></b><b><span style="font-family: Arial;"><o:p></o:p></span></b></p><p align="justify" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><b><span style="font-family: Arial;"> </span></b><b><span style="font-family: Arial;">Ainda naquela semana, fomos nós dois, mais o Bosco, até a Volta da Bananeira, que a gente ainda não conhecia, fomos levando a cabrita marrom, para deixar lá, na casa do dono do bode grande, para ela pegar cria. Demoramos para encontrar, erramos o caminho, tivemos que voltar um trecho e perguntar na Vila Esperança. No fim, deu certo. Chegamos de volta em casa já de noitinha.</span></b></p><p align="justify" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><b><span style="font-family: Arial;">Uma viagem que sempre eu fazia com o Pedro era para Pinda, de ônibus, para comprar farelo de arroz na máquina do Andrade. Tempo em que a agência da Pássaro Marron ficava na Expedicionários, em frente ao Brasília Lanches e à Banca do Seu Romeu. Na máquina de arroz, geralmente, não tinha farelo pronto, ficávamos vendo a máquina agitando o arroz integral, tirando a película bege, que virava farelo - e o arroz saía branquinho do outro lado.</span></b></p><p align="justify" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><b><span style="font-family: Arial;">Anos mais tarde, todos os irmãos já estavam moços, fizemos passeios inesquecíveis e cansativos. Julho de 1966, um sábado, jogos da Copa do Mundo, fomos para Tremembé. Uma aventura, pequena, mas uma aventura. Saímos de Coruputuba. Pegamos o ônibus azul em frente ao Pujol, levando lanches e refrigerantes. O Carlos, o Pedro, o Zaga, o Bosco e eu. Conhecemos a Basílica do Bom Jesus, a praça de árvores frondosas, fomos lanchar perto da fonte, tomamos a água milagrosa. Carlos levou o radinho de pilha. Acompanhamos o jogo em que Portugal ganhou da Coreia do Norte por 5 a 3.</span></b><b><span style="font-family: Arial;"> </span></b></p><p align="justify" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><b><span style="font-family: Arial;">Voltamos a fazer um passeio magnífico foi em 1967. Para Campos do Jordão. Aí já estávamos morando em Pinda. </span></b><b><span style="font-family: Arial;">Eu fui o cicerone, conhecia alguma coisa da cidade. Já sabia que os preços da alimentação ali eram muito altos. Por isso, levamos bastante comida. Frango assado, farofa boa, pães, latas de sardinha...</span></b><b><span style="font-family: Arial;"><o:p></o:p></span></b></p><p align="justify" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><b><span style="font-family: Arial;">Subimos para Campos no bondinho das seis horas. Muita neblina. Só clareou tudo na estação de Lefévre, quando passamos para cima das nuvens. Céu azul lá em cima e um colchão de nuvens brancas debaixo da gente.</span></b><b><span style="font-family: Arial;"><o:p></o:p></span></b></p><p align="justify" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><b><span style="font-family: Arial;">Em Campos, íamos comer debaixo dos pinheiros. Mas choveu e só o Carlos que tinha guarda-chuva. Fomos todos para um restaurante e pedimos coca-cola. Pedimos emprestados alguns pratos. E fomos desembrulhando os frangos, as sardinhas, a farofa e outros itens.</span></b><b><span style="font-family: Arial;"> </span></b></p><p align="justify" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><b><span style="font-family: Arial;">Depois de bem alimentados, subimos o Morro do Elefante. Tempos e tempos nós ficamos olhando a cidadinha lá embaixo. Parecia uma cidadinha de presépio. Carrinhos. Pessoinhas andando. Arvorezinhas... No topo do Morro do Elefante tinha um Santo Cruzeiro. Só isto, naquele tempo.</span></b><b><span style="font-family: Arial;"> </span></b></p><p align="justify" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><b><span style="font-family: Arial;">Os anos se passaram muito depressa e nosso trabalho de professores nos levou por caminhadas diferentes. Enquanto eu andava pelo Porto Novo em Caraguatatuba, e pelo Rio Abaixo em Jacareí, o Pedro fez caminhadas pela Serra da Mantiqueira, em diferentes escolas. Andou quilômetros na sombra escura das araucárias, no Parque Estadual, lecionando numa escolinha muito longe de qualquer povoação. A cama de armar ficava dobrada atrás da porta durante as aulas. As crianças conversando, amigáveis, ele explicando, ditando lições, os alunos perguntando. Fora das paredes de tábua, o ruído da chuva nos pinheiros. Então acabava a aula, os alunos davam tchau, iam embora, ele ficava sozinho. No silêncio, só o barulho da chuva. Ia escurecendo, na mata escurece logo, hora de cozinhar o arroz na panelinha, no fogareiro. A medida de arroz era um potinho vazio de danone. Tudo certinho, a lanterna presa debaixo do braço esquerdo, a solidão por companhia. A noite quieta. O próximo som que ele ia escutar seria de manhã, quando as crianças chegassem com suas conversas e perguntas e risadas. Até lá, o silêncio, e as gotas da chuva.</span></b><b><span style="font-family: Arial;"> </span></b></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: center;"><b></b></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><b><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgkGPPgynLZ48CDNm6bxOemLTqaz-0lsWSL2LbEhuxOJxbgU7YHwTOb75tRw97WHkS1VXr6Fto3_BktpRKLxckh_i4n73dUOUMnZbEyoaUXuD0uaK0mh8GxOKAcIoD3Ezp2-Ccvrdt91-eDZxJHcST6rV_FsBZU0PZLGnZoUnVWbQgM1UDRkG9-JMTvcn0/s1203/Pedro%20e%20a%20%C3%A1rvore.jpeg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="810" data-original-width="1203" height="253" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgkGPPgynLZ48CDNm6bxOemLTqaz-0lsWSL2LbEhuxOJxbgU7YHwTOb75tRw97WHkS1VXr6Fto3_BktpRKLxckh_i4n73dUOUMnZbEyoaUXuD0uaK0mh8GxOKAcIoD3Ezp2-Ccvrdt91-eDZxJHcST6rV_FsBZU0PZLGnZoUnVWbQgM1UDRkG9-JMTvcn0/w377-h253/Pedro%20e%20a%20%C3%A1rvore.jpeg" width="377" /></a></b></div><b><br /><span style="font-family: Arial;"><br /></span></b><p></p><p align="justify" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><b><span style="font-family: Arial;">Mais um pacote grande de tempo rolou, e nós dois pudemos caminhar juntos na Serra do Mar, no meio da Mata Atlântica, entre Ubatuba e São Luiz. Tinha chovido na véspera e tudo agora estava azul e ensolarado, a mata brilhava. Na trilha, as botas não faziam barulho, tudo encharcado. De repente, uma arvorezinha se abalou e choveu debaixo dela. Era um esquilo, que pulou mudando de galho. Nós dois nos agachamos, paralisados. O bichinho também parou, os bigodes se agitando, as mãozinhas no peito, o nariz se movendo. Instante - e pulou num tronco caído, correu ao longo dele, muito rápido, em dois pulos trepou na outra árvore, sumiu-se na folhagem. O Pedro falou: Nossa, Paulo.</span></b><b><span style="font-family: Arial;"> </span></b></p><p align="justify" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><b><span style="font-family: Arial;">Depois os anos se passaram, todos de uma vez só, e não deu tempo de fazermos a caminhada que uma vez começamos a combinar e nem terminamos de combinar direito. Que era de irmos a pé até Aparecida, conversando no caminho, rezando o terço, lanchando na beira da estrada, conversando de novo, comentando as muitas andanças que já tínhamos feito pelos caminhos deste mundo de Deus. Não deu tempo, Pedro, meu irmão. Mas caminhamos bastante.</span></b><b><span style="font-family: Arial;"><o:p></o:p></span></b></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: center;"><b></b></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><b><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjk5XRad36hx3QYzlvqgSmrqPXHyQhPUQswYVnqx9LDmU9CIeCB_gs0Tj7o5rKZa1ZSZLFTc_Ye7iJN_Lono2X7nusY0ynyOsUEREn3Ziu9GFI6ANDziFq_unphnIwjKJDXc24WqCjIJnzP6UYLubUjVItj3CxBZhNkOCkgQj-Q8QrAeuGnyDAobz87aGs/s1108/Pedro%20na%20mata.jpeg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1108" data-original-width="673" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjk5XRad36hx3QYzlvqgSmrqPXHyQhPUQswYVnqx9LDmU9CIeCB_gs0Tj7o5rKZa1ZSZLFTc_Ye7iJN_Lono2X7nusY0ynyOsUEREn3Ziu9GFI6ANDziFq_unphnIwjKJDXc24WqCjIJnzP6UYLubUjVItj3CxBZhNkOCkgQj-Q8QrAeuGnyDAobz87aGs/s320/Pedro%20na%20mata.jpeg" width="194" /></a></b></div><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: center;"><b><b>Texto e fotos de Paulo Tarcizio</b></b></p><b><span style="font-family: Arial;"><br /></span></b><p></p>paulotarcizio.blogspothttp://www.blogger.com/profile/09916505674891080742noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-5638539114427077969.post-86916296715152415472024-01-07T15:47:00.000-08:002024-01-07T15:47:30.918-08:00UM MENINO SOB AS ÁRVORES<p style="text-align: center;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgcETamWj1K6aF58XR1thK2LZPEECc20qWZN7_9KQ1sCCMTugMH1V_Aaau2Lhm0oD7QXStNYizzoZbu9_h72N9fhbSgejRDm9FLIY6J2ZpT02zeYL-s50RCtYdEG8yhVhPJxFKxP6Ci4_jgNL2unjzngGv_3WrdbemaedNZF1XkmBHF4SIwQq42iH2sWok/s259/estrelas.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="194" data-original-width="259" height="241" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgcETamWj1K6aF58XR1thK2LZPEECc20qWZN7_9KQ1sCCMTugMH1V_Aaau2Lhm0oD7QXStNYizzoZbu9_h72N9fhbSgejRDm9FLIY6J2ZpT02zeYL-s50RCtYdEG8yhVhPJxFKxP6Ci4_jgNL2unjzngGv_3WrdbemaedNZF1XkmBHF4SIwQq42iH2sWok/w322-h241/estrelas.jpg" width="322" /></a></div><p></p><p><br /></p><p align="justify" class="MsoBodyText" style="line-height: 150%; margin-bottom: 36,0500pt; mso-pagination: none; mso-para-margin-bottom: 2,0000gd; text-align: justify; text-autospace: ideograph-numeric; text-indent: 56,7000pt; text-justify: inter-ideograph;"><b><span style="font-family: Arial;">Já estava ficando escandaloso aquele negócio de toda quinzena sumir um porco da Escola Agrícola. Era mais ou menos agendado: semana sim, semana não, um belo dia de manhãzinha havia um porco de menos no chiqueiro. Depois de algum tempo os ladrões ficaram mais calmos e passaram a matar, limpar e esquartejar o bicho na escola mesmo, deixando para trás apenas a poça de sangue e algum miúdo inaproveitável.</span></b><b><span style="font-family: Arial;"><o:p></o:p></span></b></p><p align="justify" class="MsoBodyText" style="line-height: 150%; margin-bottom: 36,0500pt; mso-pagination: none; mso-para-margin-bottom: 2,0000gd; text-align: justify; text-autospace: ideograph-numeric; text-indent: 56,7000pt; text-justify: inter-ideograph;"><b><span style="font-family: Arial;">Aquilo deixava tenso o pessoal da direção. A gente começava a suspeitar de todo mundo. Parecia, aos nossos olhos desconfiados, que não eram todos que estavam chateados... A direção tinha que fazer B.O. na polícia. E fazia, mas ficava só nisso. O B.O. servia só para instruir o processo de pedir baixa no inventário. Eu ouvia coisas assim: </span></b><b><i><span style="font-family: Arial;">Fazer o quê, Não tem jeito, A escola está muito dentro da cidade...</span></i></b><b><span style="font-family: Arial;"> Ficava injuriado com aquele conformismo. Houve colegas que me disseram: Paulo, não esquenta muito a cabeça com isto, não. Você já passou na primeira fase do concurso para diretor, logo vai embora, não entra nessa encrenca, do mesmo jeito que tem gente boa, tem gente que não presta. E acrescentavam: </span></b><b><i><span style="font-family: Arial;">Aqui na Agrícola sempre foi assim, sempre vai ser</span></i></b><b><span style="font-family: Arial;">.</span></b><b><span style="font-family: Arial;"><o:p></o:p></span></b></p><p align="justify" class="MsoBodyText" style="line-height: 150%; margin-bottom: 36,0500pt; mso-pagination: none; mso-para-margin-bottom: 2,0000gd; text-align: justify; text-autospace: ideograph-numeric; text-indent: 56,7000pt; text-justify: inter-ideograph;"><b><span style="font-family: Arial;">Isto que me diziam não adiantava, continuei achando que eu ia resolver o caso. Responsável pelo noturno, comecei a fazer uma grande ronda pela escola, antes de ir para casa às vinte e três horas. Com o farol alto, ia fazendo o carro percorrer todos os caminhos possíveis: atrás da lavanderia e da cozinha, em volta do campo de futebol, entre o galinheiro e os chiqueiros... Então pegava a estrada da horta, descia o morro em direção à silvicultura, pomar, ia até os estábulos, voltava por dentro do pasto, pegava a alameda dos ipês, ia pelo meio deles até ver o vulto encostado numa árvore... Opa, o que é aquilo?</span></b><b><span style="font-family: Arial;"><o:p></o:p></span></b></p><p align="justify" class="MsoBodyText" style="line-height: 150%; margin-bottom: 36,0500pt; mso-pagination: none; mso-para-margin-bottom: 2,0000gd; text-align: justify; text-autospace: ideograph-numeric; text-indent: 56,7000pt; text-justify: inter-ideograph;"><b><span style="font-family: Arial;">Encostado na árvore, um vulto embrulhado num cobertor. Ia se levantando, saindo. Encostei o carro, abri a janela, reconheci: Toninho, que isso? O que você está fazendo aqui? Você está bem?</span></b><b><span style="font-family: Arial;"><o:p></o:p></span></b></p><p align="justify" class="MsoBodyText" style="line-height: 150%; margin-bottom: 36,0500pt; mso-pagination: none; mso-para-margin-bottom: 2,0000gd; text-align: justify; text-autospace: ideograph-numeric; text-indent: 56,7000pt; text-justify: inter-ideograph;"><b><span style="font-family: Arial;">Estava bem demais. Quando entrou no carro, precisei apoiá-lo e vi que o cobertor estava gelado... Também, era junho... Ele destampou a falar, falava e me explicava: estava conversando com as árvores. Incrível como elas respondem. É uma coisa maravilhosa o jeito que elas conversam com a gente, nossa! As coisas que elas falam! Não dá para contar para todo mundo, tem gente que não entende, o senhor eu sei, é diretor, coisa e tal, mas o senhor é pessoa legal, o senhor entende: eu estava aqui, olhando as estrelas, está frio, o céu cheiinho de estrelas e eu estava aqui escutando o que as árvores estão falando, falando comigo... O senhor também gosta de andar debaixo das árvores, que eu já vi o senhor andando lá, olhando, o senhor também fala com elas.</span></b><b><span style="font-family: Arial;"><o:p></o:p></span></b></p><p align="justify" class="MsoBodyText" style="line-height: 150%; margin-bottom: 36,0500pt; mso-pagination: none; mso-para-margin-bottom: 2,0000gd; text-align: justify; text-autospace: ideograph-numeric; text-indent: 56,7000pt; text-justify: inter-ideograph;"><b><span style="font-family: Arial;">Na diretoria o café da garrafa ainda estava meio quente, um restinho, ele tomou, sentou-se, continuou falando, excitado, emocionado... Eu ouvia, olhando para ele, pensando nas desconfianças dos inspetores, os armários dos alunos sempre vasculhados: vai que um deles guarda qualquer porcaria...</span></b><b><span style="font-family: Arial;"><o:p></o:p></span></b></p><p align="justify" class="MsoBodyText" style="line-height: 150%; margin-bottom: 36,0500pt; mso-pagination: none; mso-para-margin-bottom: 2,0000gd; text-align: justify; text-autospace: ideograph-numeric; text-indent: 56,7000pt; text-justify: inter-ideograph;"><b><span style="font-family: Arial;">Toninho diminuiu o ritmo, cansado, talvez o efeito das árvores estivesse passando... Pediu para usar o banheiro. Primeira vez que um aluno usou o banheiro da diretoria. Ouvi que se lavava, longamente. Saiu renovado, agora já meio constrangido, envergonhado – e certamente um pouco temeroso. Olhou para mim: e eu era o diretor. Pediu desculpas... Não falou mais de estrelas nem de árvores. Foi para o dormitório.</span></b><b><span style="font-family: Arial;"><o:p></o:p></span></b></p><p align="justify" class="MsoBodyText" style="line-height: 150%; margin-bottom: 36,0500pt; mso-pagination: none; mso-para-margin-bottom: 2,0000gd; text-align: justify; text-autospace: ideograph-numeric; text-indent: 56,7000pt; text-justify: inter-ideograph;"><b><span style="font-family: Arial;">A mãe veio buscá-lo poucos dias depois, ele ia se transferir para uma escola da sua cidade, a família achou que não estava dando certo esse negócio de estudar longe, morar longe, ficar um tempão sem ver o seu pessoal... </span></b><b><span style="font-family: Arial;"><o:p></o:p></span></b></p><p align="justify" class="MsoBodyText" style="line-height: 150%; margin-bottom: 36,0500pt; mso-pagination: none; mso-para-margin-bottom: 2,0000gd; text-align: justify; text-autospace: ideograph-numeric; text-indent: 56,7000pt; text-justify: inter-ideograph;"><b><span style="font-family: Arial;">Continuei pensando muito nele toda vez que passava na alameda dos ipês. Continuo pensando nele, agora que eu passo por ruas escuras e vejo meninos no sereno... Mas estes meninos parece que não querem conversar sobre árvores, não querem falar de estrelas. </span></b><b><span style="font-family: Arial;"><o:p></o:p></span></b></p><p align="justify" class="MsoBodyText" style="line-height: 150%; margin-bottom: 36,0500pt; mso-pagination: none; mso-para-margin-bottom: 2,0000gd; text-align: justify; text-autospace: ideograph-numeric; text-indent: 56,7000pt; text-justify: inter-ideograph;"><b><span style="font-family: Arial;">O que eu pretendia com os faróis iluminando os caminhos da Escola Agrícola? Procurava culpados, mas encontrei uma pequena vítima. Se encontrasse os culpados pelo furto dos porcos, o que eu iria fazer? Dar um tiro imaginário: nunca tive arma... Encontrei um dos nossos jovens sob os ipês, o mínimo seria tirá-lo do relento, ouvir suas poesias loucas... E dividir a preocupação com a família, como acabei fazendo.</span></b><b><span style="font-family: Arial;"><o:p></o:p></span></b></p><p align="justify" class="MsoBodyText" style="line-height: 150%; margin-bottom: 36,0500pt; mso-pagination: none; mso-para-margin-bottom: 2,0000gd; text-align: justify; text-autospace: ideograph-numeric; text-indent: 56,7000pt; text-justify: inter-ideograph;"><b><span style="font-family: Arial;">Quanto aos porcos, continuaram a desaparecer regularmente. Teria alguma noite o ladrão passado sob os olhos do menino das árvores? Pode ser, nunca soubemos. O que um teria pensado sobre o outro?</span></b></p><p align="justify" class="MsoBodyText" style="line-height: 150%; margin-bottom: 36,0500pt; mso-pagination: none; mso-para-margin-bottom: 2,0000gd; text-align: justify; text-autospace: ideograph-numeric; text-indent: 56,7000pt; text-justify: inter-ideograph;"><b style="text-align: left;"><span style="font-family: Arial;">Um mês depois, fui embora da Escola Agrícola, ia ser coordenador em Santa Branca, enquanto aguardava as provas da segunda fase do concurso para diretor. O último lugar que visitei antes de sair foi a alameda dos ipês, entre os pastos e a suinocultura. Era julho, de frio e céu azul. A alameda tinha virado um luminoso túnel amarelo, dourado: flores nas árvores, flores descendo no vento, flores cobrindo o chão como um tapete. </span></b></p>paulotarcizio.blogspothttp://www.blogger.com/profile/09916505674891080742noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5638539114427077969.post-73494358956910062352023-12-06T15:31:00.000-08:002023-12-06T16:13:32.627-08:00Natal das crianças<p style="text-align: center;"> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgSvDq8ujg-Sfzc4lwgo0QiTnGnXC-Dfarf8Z6XozWzPILOpXo7HHQX5daSG2Y0r71BBHekD2sVuDSxORkih-QWgnPGXMnZEjEfXFfTqyOAwnVAaLWNwYl4LLkiJ0zTTMc4z1nU6bSsDGhofbq1nfSH7WyA7HQYRfihuHuJwgaWMsHV5vcRien6xEv-yQ4/s2816/DSC01917.JPG" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2816" data-original-width="2112" height="349" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgSvDq8ujg-Sfzc4lwgo0QiTnGnXC-Dfarf8Z6XozWzPILOpXo7HHQX5daSG2Y0r71BBHekD2sVuDSxORkih-QWgnPGXMnZEjEfXFfTqyOAwnVAaLWNwYl4LLkiJ0zTTMc4z1nU6bSsDGhofbq1nfSH7WyA7HQYRfihuHuJwgaWMsHV5vcRien6xEv-yQ4/w262-h349/DSC01917.JPG" width="262" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><p></p><p><span style="font-family: Arial; text-align: justify;"><br /></span></p><p><span style="font-family: Arial; text-align: justify;">O ano inteiro a gente ficava perguntando um para o outro: O Natal ainda tá longe?</span></p><p align="justify" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 27,0500pt; margin-right: 0,0000pt; mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; mso-para-margin-bottom: 1,5000gd; text-align: justify; text-autospace: ideograph-numeric; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: Arial; font-size: 14,0000pt; line-height: 150%; mso-spacerun: 'yes';">Ansiedade crescia quando entrava dezembro. Exposição na escola, músicas na igreja, coração quase disparava. Aí um respondia: Natal tá chegando... Outro falava: Tá perto da estaçãozinha... Vem vindo...</span><span style="font-family: Arial; font-size: 14,0000pt; line-height: 150%; mso-spacerun: 'yes';"><o:p></o:p></span></p><p align="justify" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 27,0500pt; margin-right: 0,0000pt; mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; mso-para-margin-bottom: 1,5000gd; text-align: justify; text-autospace: ideograph-numeric; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: Arial; font-size: 14,0000pt; line-height: 150%; mso-spacerun: 'yes';">E uma linda manhã eu acordava com o Zaga falando: Olha debaixo do travesseiro!</span><span style="font-family: Arial; font-size: 14,0000pt; line-height: 150%; mso-spacerun: 'yes';"><o:p></o:p></span></p><p align="justify" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 27,0500pt; margin-right: 0,0000pt; mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; mso-para-margin-bottom: 1,5000gd; text-align: justify; text-autospace: ideograph-numeric; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: Arial; font-size: 14,0000pt; line-height: 150%; mso-spacerun: 'yes';">Tinha três avelãs debaixo do travesseiro! Isso era um aviso: era o dia vinte e dois de dezembro. Quase Natal. Dia que o Pai começava a fazer o Presépio!</span><span style="font-family: Arial; font-size: 14,0000pt; line-height: 150%; mso-spacerun: 'yes';"><o:p></o:p></span></p><p align="justify" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 27,0500pt; margin-right: 0,0000pt; mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; mso-para-margin-bottom: 1,5000gd; text-align: justify; text-autospace: ideograph-numeric; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: Arial; font-size: 14,0000pt; line-height: 150%; mso-spacerun: 'yes';">Uma parte do presépio tinha passado o ano inteiro em cima do guarda-roupa, dentro de três caixotes. Outra parte se renovava todos os anos. Papai já tinha ido buscar na fábrica o rolo de papelão azul, para as montanhas, as folhas de papel de seda, para a lapinha, um pouco de serragem para dizer que era areia dos caminhos, anilina em pó e goma arábica.</span><span style="font-family: Arial; font-size: 14,0000pt; line-height: 150%; mso-spacerun: 'yes';"><o:p></o:p></span></p><p align="justify" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 27,0500pt; margin-right: 0,0000pt; mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; mso-para-margin-bottom: 1,5000gd; text-align: justify; text-autospace: ideograph-numeric; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: Arial; font-size: 14,0000pt; line-height: 150%; mso-spacerun: 'yes';">A mesa da cozinha era levada para o canto da sala, para receber a montanha. Papai desenrolava o papelão azul, olhava para a gente e de repente falava: Não vou mais fazer presépio nenhum, vocês estão fazendo bagunça! E amassava todo o papelão, pisava em cima dele </span><span style="font-family: Arial; font-size: 14,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: SimSun; mso-spacerun: 'yes';"><span style="font-family: SimSun;">-</span></span><span style="font-family: Arial; font-size: 14,0000pt; line-height: 150%; mso-spacerun: 'yes';"> e a gente dando gargalhada! Sabia que era tudo brincadeira dele. O papelão tinha que ser amassado mesmo, para representar as dobras das pedreiras, as entradas das montanhas...</span><span style="font-family: Arial; font-size: 14,0000pt; line-height: 150%; mso-spacerun: 'yes';"><o:p></o:p></span></p><p align="justify" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 27,0500pt; margin-right: 0,0000pt; mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; mso-para-margin-bottom: 1,5000gd; text-align: justify; text-autospace: ideograph-numeric; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: Arial; font-size: 14,0000pt; line-height: 150%; mso-spacerun: 'yes';">Nas quinas das dobras, Papai passava goma arábica e soprava o pó da anilina prata, ficava igualzinho pedra. Depois vinha com anilina diluída, azul, verde, preta, vermelha, ia salpicando com o pincel pela montanha inteira. Maravilha! Daí parava e falava: Vamos buscar parasita no calipeiro!</span><span style="font-family: Arial; font-size: 14,0000pt; line-height: 150%; mso-spacerun: 'yes';"><o:p></o:p></span></p><p align="justify" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 27,0500pt; margin-right: 0,0000pt; mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; mso-para-margin-bottom: 1,5000gd; text-align: justify; text-autospace: ideograph-numeric; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: Arial; font-size: 14,0000pt; line-height: 150%; mso-spacerun: 'yes';">Isso sim, era alegria. O Pedro e o Carlinho corriam buscar bambu comprido, pegaram bambu que estava erguendo o varal, a Vó não gostou: Olha a minha roupa aí! Vai derrubar! Mas não derrubou não. Ana Clara pegou a cesta e nós fomos todos com o Pai buscar parasita. </span><span style="font-family: Arial; font-size: 14,0000pt; line-height: 150%; mso-spacerun: 'yes';"><o:p></o:p></span></p><p align="justify" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 27,0500pt; margin-right: 0,0000pt; mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; mso-para-margin-bottom: 1,5000gd; text-align: justify; text-autospace: ideograph-numeric; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: Arial; font-size: 14,0000pt; line-height: 150%; mso-spacerun: 'yes';">Eram umas orquidinhas simplesinhas, dessas que tem aqui na cidade, no fio dos postes mesmo. O Pai cutucava com o bambu, gostava que caía a parasita junto com um pedacinho da casca do eucalipto. E a gente passeando no meio das árvores gigantonas, brincando que era uma selva.</span><span style="font-family: Arial; font-size: 14,0000pt; line-height: 150%; mso-spacerun: 'yes';"><o:p></o:p></span></p><p align="justify" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 27,0500pt; margin-right: 0,0000pt; mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; mso-para-margin-bottom: 1,5000gd; text-align: justify; text-autospace: ideograph-numeric; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: Arial; font-size: 14,0000pt; line-height: 150%; mso-spacerun: 'yes';">Voltamos com a cesta cheia. Papai foi pondo as parasitas no vão das montanhas, ia ficando igual o mato na serra. </span><span style="font-family: Arial; font-size: 14,0000pt; line-height: 150%; mso-spacerun: 'yes';"><o:p></o:p></span></p><p align="justify" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 27,0500pt; margin-right: 0,0000pt; mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; mso-para-margin-bottom: 1,5000gd; text-align: justify; text-autospace: ideograph-numeric; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: Arial; font-size: 14,0000pt; line-height: 150%; mso-spacerun: 'yes';">Chegou a hora de abrir os caixotes. Primeiro, ele pegou a Vista e foi desdobrando. Era uma paisagem pintada num papelão bem comprido, o papelão era azul também, tinha a pintura de uma serra azul, com pássaros voando, tudo escuro, para dizer que era noite. A Vista foi estendida por cima da montanha, pegando o tamanho inteiro do presépio, encostando no forro, dobrando no canto da sala.</span><span style="font-family: Arial; font-size: 14,0000pt; line-height: 150%; mso-spacerun: 'yes';"><o:p></o:p></span></p><p align="justify" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 27,0500pt; margin-right: 0,0000pt; mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; mso-para-margin-bottom: 1,5000gd; text-align: justify; text-autospace: ideograph-numeric; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: Arial; font-size: 14,0000pt; line-height: 150%; mso-spacerun: 'yes';">Mamãe ajudando. Vovó também. Espalharam a serragem cor de areia, imitando uma estrada, puseram pedrinhas na beira da estrada e a serragem tingida de verde nos dois lados da estradinha. </span><span style="font-family: Arial; font-size: 14,0000pt; line-height: 150%; mso-spacerun: 'yes';"><o:p></o:p></span></p><p align="justify" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 27,0500pt; margin-right: 0,0000pt; mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; mso-para-margin-bottom: 1,5000gd; text-align: justify; text-autospace: ideograph-numeric; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: Arial; font-size: 14,0000pt; line-height: 150%; mso-spacerun: 'yes';">Agora que os caixotes foram abertos, elas iam tirando tesouros secretos lá de dentro. Papai tinha colocado um pedaço meio redondo de vidro, era um lago, na beira da estrada. Elas puseram conchinhas na volta toda do lago. Depois puseram três patinhos de celuloide nadando no vidro, um menininho barrigudo querendo pular na água. </span><span style="font-family: Arial; font-size: 14,0000pt; line-height: 150%; mso-spacerun: 'yes';"><o:p></o:p></span></p><p align="justify" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 27,0500pt; margin-right: 0,0000pt; mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; mso-para-margin-bottom: 1,5000gd; text-align: justify; text-autospace: ideograph-numeric; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: Arial; font-size: 14,0000pt; line-height: 150%; mso-spacerun: 'yes';">Surgiram de dentro dos caixotes umas arvorezinhas feitas de bucha de tomar banho, tingidas de verde. Foram colocadas também na beira da estrada.</span><span style="font-family: Arial; font-size: 14,0000pt; line-height: 150%; mso-spacerun: 'yes';"><o:p></o:p></span></p><p align="justify" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 27,0500pt; margin-right: 0,0000pt; mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; mso-para-margin-bottom: 1,5000gd; text-align: justify; text-autospace: ideograph-numeric; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: Arial; font-size: 14,0000pt; line-height: 150%; mso-spacerun: 'yes';">Papai fez uma estradinha que terminava num canto da montanha. Mas colocou um caco de espelho enfiado na montanha, meio disfarçado atrás de uma parasita. A estradinha ficava refletida no espelho, parecia que entrava na montanha e ia embora para bem longe...</span><span style="font-family: Arial; font-size: 14,0000pt; line-height: 150%; mso-spacerun: 'yes';"><o:p></o:p></span></p><p align="justify" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 27,0500pt; margin-right: 0,0000pt; mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; mso-para-margin-bottom: 1,5000gd; text-align: justify; text-autospace: ideograph-numeric; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: Arial; font-size: 14,0000pt; line-height: 150%; mso-spacerun: 'yes';">Mamãe se encarregou duma parte bem delicada, fazer a lapinha, a gruta onde o Deus Menino nasceu. Papai tinha deixado uma entrada bem no meio da montanha de papelão. Ali mamãe foi colocando folhas de papel de seda meio amassadinho, amarelo, rosa, azul clarinho, parecia que a lapinha estava cheia de nuvens coloridas. Atrás dessas folhas, Papai colocou um soquete com uma lâmpada bem fraquinha.</span><span style="font-family: Arial; font-size: 14,0000pt; line-height: 150%; mso-spacerun: 'yes';"><o:p></o:p></span></p><p align="justify" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 27,0500pt; margin-right: 0,0000pt; mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; mso-para-margin-bottom: 1,5000gd; text-align: justify; text-autospace: ideograph-numeric; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: Arial; font-size: 14,0000pt; line-height: 150%; mso-spacerun: 'yes';">No chão da gruta colocaram palha tingida de verde. E aí começaram a chegar as figuras mais importantes e foram ocupando seus lugares: o Anjo, Nossa Senhora, o Menino Jesus no berço, São José, o Boi, o Burro, os Pastores, os Carneiros, tudo isto dentro da lapinha, ou chegando perto.</span><span style="font-family: Arial; font-size: 14,0000pt; line-height: 150%; mso-spacerun: 'yes';"><o:p></o:p></span></p><p align="justify" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 27,0500pt; margin-right: 0,0000pt; mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; mso-para-margin-bottom: 1,5000gd; text-align: justify; text-autospace: ideograph-numeric; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: Arial; font-size: 14,0000pt; line-height: 150%; mso-spacerun: 'yes';">Os Reis Magos com seus camelos foram colocados na estrada. Ainda não era dia da chegada. Primeiro, eles foram colocados bem longinho. Lá perto do lago dos patinhos. Mas cada dia o Pai deixava a gente fazer o camelo andar um pouco, porque no dia seis de janeiro era para os três Reis magos chegarem na lapinha para entregarem os presentes: ouro, incenso e mirra.</span><span style="font-family: Arial; font-size: 14,0000pt; line-height: 150%; mso-spacerun: 'yes';"><o:p></o:p></span></p><p align="justify" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 27,0500pt; margin-right: 0,0000pt; mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; mso-para-margin-bottom: 1,5000gd; text-align: justify; text-autospace: ideograph-numeric; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: Arial; font-size: 14,0000pt; line-height: 150%; mso-spacerun: 'yes';">O Presépio estava quase completo. Ainda surgiram dos caixotes algumas outras figuras: o Gato com a cara amassada, dois Cães, um Leão, o Tigre. Esses bichos foram espalhados pelas montanhas. E surgiram também umas belezinhas de casas bem pequenas, feitas de cartolina, com teto de papelão, janelas com vidraças de celofane, com chaminezinhas. Também ficaram pelas montanhas...</span><span style="font-family: Arial; font-size: 14,0000pt; line-height: 150%; mso-spacerun: 'yes';"><o:p></o:p></span></p><p align="justify" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 27,0500pt; mso-pagination: none; mso-para-margin-bottom: 1,5000gd; text-align: justify; text-autospace: ideograph-numeric; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: Arial; font-size: 14,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: 'Times New Roman'; mso-spacerun: 'yes';">O presépio estava pronto. Agora, era esperar o Natal.</span><span style="font-family: Arial; font-size: 14,0000pt; line-height: 150%; mso-spacerun: 'yes';"><o:p></o:p></span></p><p align="justify" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 27,0500pt; margin-right: 0,0000pt; mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; mso-para-margin-bottom: 1,5000gd; text-align: justify; text-autospace: ideograph-numeric; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: Arial; font-size: 14,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: 'Times New Roman'; mso-spacerun: 'yes';">Dia 24, às seis horas da tarde, quando bateu o sino da igreja, Mamãe mandou que cada um pegasse um pé de sapato e pusesse no banco diante do Presépio.</span><span style="font-family: Arial; font-size: 14,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: 'Times New Roman'; mso-spacerun: 'yes';"><o:p></o:p></span></p><p align="justify" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 27,0500pt; margin-right: 0,0000pt; mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; mso-para-margin-bottom: 1,5000gd; text-align: justify; text-autospace: ideograph-numeric; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: Arial; font-size: 14,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: 'Times New Roman'; mso-spacerun: 'yes';">Feito isso, nós todos fomos chamados para o quintal. Papai ia ler a História Sagrada para a gente, lá debaixo da mangueira.</span><span style="font-family: Arial; font-size: 14,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: 'Times New Roman'; mso-spacerun: 'yes';"><o:p></o:p></span></p><p align="justify" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 27,0500pt; margin-right: 0,0000pt; mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; mso-para-margin-bottom: 1,5000gd; text-align: justify; text-autospace: ideograph-numeric; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: Arial; font-size: 14,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: 'Times New Roman'; mso-spacerun: 'yes';">Papai lendo a História Sagrada: São José e Nossa Senhora peregrinando de Nazaré a Belém, a gente com dó, ninguém podia dar pouso para eles, até que alguém ofereceu para eles passarem a noite numa gruta onde dormiam uns carneiros, boi, burro.</span><span style="font-family: Arial; font-size: 14,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: 'Times New Roman'; mso-spacerun: 'yes';"><o:p></o:p></span></p><p align="justify" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 27,0500pt; margin-right: 0,0000pt; mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; mso-para-margin-bottom: 1,5000gd; text-align: justify; text-autospace: ideograph-numeric; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: Arial; font-size: 14,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: 'Times New Roman'; mso-spacerun: 'yes';">Daí Mamãe pediu licença, precisando ir ao banheiro lá dentro.</span><span style="font-family: Arial; font-size: 14,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: 'Times New Roman'; mso-spacerun: 'yes';"><o:p></o:p></span></p><p align="justify" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 27,0500pt; margin-right: 0,0000pt; mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; mso-para-margin-bottom: 1,5000gd; text-align: justify; text-autospace: ideograph-numeric; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: Arial; font-size: 14,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: 'Times New Roman'; mso-spacerun: 'yes';">Mamãe volta, Papai termina a leitura, a parte que os pastores vão visitar o Menino Jesus com os anjos cantando.</span><span style="font-family: Arial; font-size: 14,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: 'Times New Roman'; mso-spacerun: 'yes';"><o:p></o:p></span></p><p align="justify" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 27,0500pt; margin-right: 0,0000pt; mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; mso-para-margin-bottom: 1,5000gd; text-align: justify; text-autospace: ideograph-numeric; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: Arial; font-size: 14,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: 'Times New Roman'; mso-spacerun: 'yes';">Papai fecha a História Sagrada e Mamãe fala: Vamos ver se o Menino Jesus trouxe alguma coisa para vocês.</span><span style="font-family: Arial; font-size: 14,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: 'Times New Roman'; mso-spacerun: 'yes';"><o:p></o:p></span></p><p align="justify" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 27,0500pt; margin-right: 0,0000pt; mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; mso-para-margin-bottom: 1,5000gd; text-align: justify; text-autospace: ideograph-numeric; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: Arial; font-size: 14,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: 'Times New Roman'; mso-spacerun: 'yes';">Corrida pelo quintal para dentro de casa.</span><span style="font-family: Arial; font-size: 14,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: 'Times New Roman'; mso-spacerun: 'yes';"><o:p></o:p></span></p><p align="justify" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 27,0500pt; margin-right: 0,0000pt; mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; mso-para-margin-bottom: 1,5000gd; text-align: justify; text-autospace: ideograph-numeric; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: Arial; font-size: 14,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: 'Times New Roman'; mso-spacerun: 'yes';">Junto dos sapatinhos: Brinquedinhos, saquinho com avelãs, nozes, ameixas secas, figos, uvas passas...</span><span style="font-family: Arial; font-size: 14,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: 'Times New Roman'; mso-spacerun: 'yes';"><o:p></o:p></span></p><p align="justify" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 27,0500pt; margin-right: 0,0000pt; mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; mso-para-margin-bottom: 1,5000gd; text-align: justify; text-autospace: ideograph-numeric; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: Arial; font-size: 14,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: 'Times New Roman'; mso-spacerun: 'yes';">Cada um mostrando o brinquedo para os outros. Depois, procurando jeito de quebrar as cascas das nozes e das avelãs, nas janelas, nas portas, ou com o martelo do Pai.</span><span style="font-family: Arial; font-size: 14,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: 'Times New Roman'; mso-spacerun: 'yes';"><o:p></o:p></span></p><p align="justify" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 27,0500pt; margin-right: 0,0000pt; mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; mso-para-margin-bottom: 1,5000gd; text-align: justify; text-autospace: ideograph-numeric; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: Arial; font-size: 14,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: 'Times New Roman'; mso-spacerun: 'yes';">Mas não tinha acabado! Carlinho saiu para o jardim e achou um engradado de guaraná caçulinha no canteiro das rosas! Era uma festa em cima da outra! O Natal gostoso!</span><span style="font-family: Arial; font-size: 14,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: 'Times New Roman'; mso-spacerun: 'yes';"><o:p></o:p></span></p><p align="justify" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 27,0500pt; margin-right: 0,0000pt; mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; mso-para-margin-bottom: 1,5000gd; text-align: justify; text-autospace: ideograph-numeric; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: Arial; font-size: 14,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: 'Times New Roman'; mso-spacerun: 'yes';">Depois de todos satisfeitos, todos nos juntamos na frente do Presépio para rezar e cantar. Noite Feliz! A luz da lapinha estava acesa. A gente não via a lâmpada, só via as nuvens de papel de seda clareando tudo. Até os patinhos do lago.</span><span style="font-family: Arial; font-size: 14,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: 'Times New Roman'; mso-spacerun: 'yes';"><o:p></o:p></span></p><p align="justify" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 27,0500pt; margin-right: 0,0000pt; mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; mso-para-margin-bottom: 1,5000gd; text-align: justify; text-autospace: ideograph-numeric; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: Arial; font-size: 14,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: 'Times New Roman'; mso-spacerun: 'yes';">=======================</span><span style="font-family: Arial; font-size: 14,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: 'Times New Roman'; mso-spacerun: 'yes';"><o:p></o:p></span></p><p align="justify" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 27,0500pt; margin-right: 0,0000pt; mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; mso-para-margin-bottom: 1,5000gd; text-align: justify; text-autospace: ideograph-numeric; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: Arial; font-size: 14,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: 'Times New Roman'; mso-spacerun: 'yes';">Texto e foto de Paulo Tarcizio da Silva Marcondes</span><span style="font-family: Arial; font-size: 14,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: 'Times New Roman'; mso-spacerun: 'yes';"><o:p></o:p></span></p>paulotarcizio.blogspothttp://www.blogger.com/profile/09916505674891080742noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5638539114427077969.post-29260556125655197122023-11-10T14:17:00.002-08:002023-11-10T14:17:22.626-08:00Seu Juquinha da Fonte<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj-e5OTcpQcxL_HORnEOPK7isiHhDX5om9CN5Bbgf3YMpQzTZRMQJV9F5nUennrJHIq5uS8CAiw0sV05fAtC_gpRByJyjegI9qaNL9rj515b1BFJ0UmFa5r0wml5_kf-xkcv2ED-XNkkJcBJ4Vv8amGIYKb8EvWIOtXvQ0U_UumAPamUXTaZNny9wjaLsY/s667/Mina%20d'%C3%A1gua.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="667" data-original-width="608" height="368" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj-e5OTcpQcxL_HORnEOPK7isiHhDX5om9CN5Bbgf3YMpQzTZRMQJV9F5nUennrJHIq5uS8CAiw0sV05fAtC_gpRByJyjegI9qaNL9rj515b1BFJ0UmFa5r0wml5_kf-xkcv2ED-XNkkJcBJ4Vv8amGIYKb8EvWIOtXvQ0U_UumAPamUXTaZNny9wjaLsY/w336-h368/Mina%20d'%C3%A1gua.JPG" width="336" /></a></div><br /><p style="text-align: center;"><br /></p><p align="justify" class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; mso-fareast-font-family: SimSun; mso-spacerun: 'yes';">Houve um dia, talvez um domingo, em que a nossa família saiu quase inteirinha numa excursão pelo bairro. Em casa só ficaram a Vovó com a Auxiliadora, que era bebê. A Salete ainda não tinha nascido.</span><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; mso-fareast-font-family: SimSun; mso-spacerun: 'yes';"><o:p></o:p></span></p><p align="justify" class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: Arial;">E qual o motivo daquela excursão? Era procurar a fonte. Papai já tinha ouvido falar que ela ficava no mato, na direção da estaçãozinha, pra lá da Vila Esperança.</span></p><p align="justify" class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: Arial; text-align: left;">Água em Coru a gente já tinha, nas torneiras, mas era uma água que precisava passar pelo filtro. Quando chovia forte o Papai aparava no barril a água da bica do telhado e depois passava pelo filtro: pronto, ficava boazinha para beber.</span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: Arial;">Mas para beber direto sem filtrar tinha que ser água boa da cacimba da Tia Cida ou da cacimba do Seu Eurico. Também podia buscar água limpinha na caixa d’água do Largo, levando os garrafões. Mas agora a gente tinha cismado que a melhor água de beber tinha que ser a água da fonte, que a gente nem sabia onde ficava.</span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: Arial;">Então saímos todos juntos para procurar a fonte no meio do mato. Papai e mamãe, e o Carlinho e a Ana Clara também, já estavam até levando garrafão para trazer a famosa água da fonte.</span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: Arial;">Sair todo mundo junto era uma coisa muito rara e era uma felicidade que não cabia dentro da gente. Sair com papai a gente já estava acostumado, perto do Natal, para procurar parasitas no calipeiro, para o presépio.</span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: Arial;">Sair todo mundo junto, até com a Vovó, só de vez em quando, para ir a Aparecida de trem. Aí a festa era maior.</span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: Arial;">Nesse dia de descobrir a fonte foi maravilhoso porque a gente ia indo mas ninguém sabia aonde a gente ia, nem o Papai, que era o nosso chefe. Ô festa! Só brincadeira!</span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: Arial;">Fomos acompanhando a linha do trem da fábrica até chegar na Vila Pajé, entramos pelo meio dela, fomos pela Vila Esperança até o final, às vezes parando em alguma casa e o meu pai perguntava onde que ficava a fonte. Ninguém sabia. - Nossa, Professor, nós não sabe.</span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: Arial;">Atravessamos o campinho da Vila Maria, fomos passando pelas casas e o Papai ia perguntando. Todo mundo conhecia o meu pai, por causa da igreja e por causa da escola. Mas ninguém conhecia a tal de fonte.</span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: Arial;">Aí entramos pelo calipeiro atrás da Vila Aimoré. Mandaram a gente perguntar na casa do Seu Juquinha, que ficava mais no meio do mato. Demorou mas a gente achou a casinha, tinha uma cabrita pastando e umas galinhas d’angola. Não vimos ninguém. Mamãe bateu palmas, nós também, era uma farra! Papai gritou: Ó de casa! Nós gostamos disso e também começamos a gritar: Ó de casa!</span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: Arial;">Nunca a gente tinha escutado ninguém gritar ó de casa.</span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: Arial;">Daí, lá do fundo do quintal veio vindo o Seu Juquinha, que quando viu a gente, tirou o chapeuzinho e falou assim: Louvado Seja Nosso Senhor Jesuis Cristo!</span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: Arial;">Pai, Mãe, Ana Clara, Carlinho responderam: Pra sempre seja louvado.</span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: Arial;">E aí o pai começou a conversar com o Seu Juquinha, explicando que a gente estava procurando a fonte que diziam que tinha ali por perto. Seu Juquinha parece que não entendeu direito. A mãe falou assim que diziam que a água era muito boa de beber.</span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: Arial;">Aí o Seu Juquinha fez uma cara bem contente e falou:</span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: Arial;">- Ah! É a mina! É a mina d’água! É aqui pertinho. Vamo lá que eu levo vocês na mina.</span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: Arial;">E o Seu Juquinha foi indo, conversando com Papai e nós todos fomos indo atrás, todo mundo contente. Anda que anda, saímos da sombra do calipeiro e entramos no capinzal, o capim gordura bem alto, mas tinha uma picadinha bem batida, a gente viu que bastante gente passava por ali todo dia.</span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; mso-fareast-font-family: SimSun; mso-spacerun: 'yes';">Começamos a escutar o glu-glu-glu da água. De repente chegamos, um cano grosso jogava bastante água num cercadinho de tijolo. Em volta, era barro de terra preta. Todo mundo bebeu água direto da bica, depois Papai encheu os garrafões. </span><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; mso-fareast-font-family: SimSun; mso-spacerun: 'yes';"><o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: Arial;">O Pedro falou: Nossa, gostosa a água da fonte, né Pai?</span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: Arial;">E o pai corrigiu: É água da mina, né Seu Juca?</span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: Arial;">Seu Juquinha deu risada: É professor, aqui todo mundo fala mina. Se falar fonte ninguém sabe que bicho que é!</span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: Arial;">Bom, os anos se passaram. Seu Juquinha nunca ficou sabendo, mas em casa, quando a gente ia falar dele, a gente só falava:</span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: Arial;">- O Seu Juquinha da Fonte.</span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: Arial;">E então algum de nós brincava:</span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: Arial;">- Ó de casa!</span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: Arial;">Anos mais tarde, voltamos a visitar o Seu Juquinha, mas então ele não morava mais no calipeiro atrás da Vila Aimoré. Tinha mudado para um lugar perto da Vila Figueira. Fomos lá para levar a cabrita para pegar cria com o bode dele. Para nós, aquele homem tão educado ficou sendo para sempre o Seu Juquinha da Fonte.</span></p>paulotarcizio.blogspothttp://www.blogger.com/profile/09916505674891080742noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5638539114427077969.post-15044141738177942882023-09-20T17:48:00.002-07:002023-09-23T09:48:42.718-07:00O álbum de figurinhas da Leiteria<p style="text-align: center;"> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgy4smSkHtsWe56vs1nc_O5hOwXUrvEwT0yJXEVVmi9K7xHhq5ZTR7lIcc-NgEi3AhLK0kW8JZMTDnM2fcyx0Y0QTQy203ud7HJIJJMFhGpE365srE4LTiHMDisAng7kAA6yHXyYfhEFECEZvGu3vJsEIgzs_ZOjt97oPe-URIGbEP1JFmKA8j3qBlRZW8/s336/O%20Largo,%20o%20Bar,%20o%20Clube,%20a%20Leiteria,%20o%20Barbeiro....jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="327" data-original-width="336" height="311" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgy4smSkHtsWe56vs1nc_O5hOwXUrvEwT0yJXEVVmi9K7xHhq5ZTR7lIcc-NgEi3AhLK0kW8JZMTDnM2fcyx0Y0QTQy203ud7HJIJJMFhGpE365srE4LTiHMDisAng7kAA6yHXyYfhEFECEZvGu3vJsEIgzs_ZOjt97oPe-URIGbEP1JFmKA8j3qBlRZW8/s320/O%20Largo,%20o%20Bar,%20o%20Clube,%20a%20Leiteria,%20o%20Barbeiro....jpg" width="320" /></a></div><div style="text-align: center;">O Largo, com o Bar, a Leiteria, o Depósito do Clube e a Barbearia. </div><p></p><p style="text-align: center;">Em cima, o Clube da Industrial.</p><p style="text-align: center;">*****</p><p style="text-align: center;"><br /></p><p style="text-align: left;"><span style="font-family: Arial; text-align: justify;">Suli, Deleu, Bellini e Riberto; Dias e Jurandir, Faustino, Pagão, Prado, Benê e Canhoteiro. </span><span style="font-family: Arial; text-align: justify;">O que era isto? </span></p><p><span style="font-family: Arial; text-align: justify;">Era a escalação do São Paulo Futebol Clube em 1963. Estou lembrando disto por causa do álbum de figurinhas que vendia na leiteria. Sim! A leiteria da Dona Alice e do Seu Emer Marangoni também era revistaria. Ali a gente comprava “O Pato Donald” toda terça e, uma vez por mês, o “Mickey”. De vez em quando, o irmão do Araújo comprava a “Epopeia” e, depois que lia, emprestava para nós. Não me esqueço da fabulosa “Historinhas Semanais”. Um encanto! “Historinhas Semanais” tinha uma porção de segredos. Janelinhas e portinhas que se abriam nas páginas, para você ver o que tinha lá dentro...</span></p><p align="justify" class="MsoNormal" style="margin-bottom: 18,0500pt; mso-pagination: widow-orphan; mso-para-margin-bottom: 1,0000gd; text-align: justify; text-autospace: ideograph-numeric; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; mso-fareast-font-family: SimSun; mso-spacerun: 'yes';">Dona Alice tinha uma palavra boa para cada um. Quando eu chegava no balcão para pegar o leite, ela sempre cumprimentava. Um dia ela me falou: </span><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; mso-fareast-font-family: SimSun; mso-spacerun: 'yes';"><o:p></o:p></span></p><p align="justify" class="MsoNormal" style="margin-bottom: 18,0500pt; mso-pagination: widow-orphan; mso-para-margin-bottom: 1,0000gd; text-align: justify; text-autospace: ideograph-numeric; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; mso-fareast-font-family: SimSun; mso-spacerun: 'yes';">“Olha, esse litro seu está sujo por dentro. Aposto que você já tentou lavar e não conseguiu.” </span><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; mso-fareast-font-family: SimSun; mso-spacerun: 'yes';"><o:p></o:p></span></p><p align="justify" class="MsoNormal" style="margin-bottom: 18,0500pt; mso-pagination: widow-orphan; mso-para-margin-bottom: 1,0000gd; text-align: justify; text-autospace: ideograph-numeric; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; mso-fareast-font-family: SimSun; mso-spacerun: 'yes';">Eu só falei: </span><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; mso-fareast-font-family: SimSun; mso-spacerun: 'yes';"><o:p></o:p></span></p><p align="justify" class="MsoNormal" style="margin-bottom: 18,0500pt; mso-pagination: widow-orphan; mso-para-margin-bottom: 1,0000gd; text-align: justify; text-autospace: ideograph-numeric; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; mso-fareast-font-family: SimSun; mso-spacerun: 'yes';">“É!”, bem sem jeito. </span><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; mso-fareast-font-family: SimSun; mso-spacerun: 'yes';"><o:p></o:p></span></p><p align="justify" class="MsoNormal" style="margin-bottom: 18,0500pt; mso-pagination: widow-orphan; mso-para-margin-bottom: 1,0000gd; text-align: justify; text-autospace: ideograph-numeric; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; mso-fareast-font-family: SimSun; mso-spacerun: 'yes';">Ela continuou: </span><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; mso-fareast-font-family: SimSun; mso-spacerun: 'yes';"><o:p></o:p></span></p><p align="justify" class="MsoNormal" style="margin-bottom: 18,0500pt; mso-pagination: widow-orphan; mso-para-margin-bottom: 1,0000gd; text-align: justify; text-autospace: ideograph-numeric; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; mso-fareast-font-family: SimSun; mso-spacerun: 'yes';">“Essa sujeira dentro da garrafa é do leite mesmo, que a gordura dele gruda. Quando você for lavar a garrafa, põe um punhado de arroz cru junto com a água e um pedacinho de sabão. Você chacoalha bem, o arroz vai limpar tudo!”</span><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; mso-fareast-font-family: SimSun; mso-spacerun: 'yes';"><o:p></o:p></span></p><p align="justify" class="MsoNormal" style="margin-bottom: 18,0500pt; mso-pagination: widow-orphan; mso-para-margin-bottom: 1,0000gd; text-align: justify; text-autospace: ideograph-numeric; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; mso-fareast-font-family: SimSun; mso-spacerun: 'yes';">Realmente, comecei a fazer isto e ficou uma beleza a garrafa. Ensinei para o pessoal de casa.</span><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; mso-fareast-font-family: SimSun; mso-spacerun: 'yes';"><o:p></o:p></span></p><p align="justify" class="MsoNormal" style="margin-bottom: 18,0500pt; mso-pagination: widow-orphan; mso-para-margin-bottom: 1,0000gd; text-align: justify; text-autospace: ideograph-numeric; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; mso-fareast-font-family: SimSun; mso-spacerun: 'yes';">Mas, no meio das revistas, tinha uma coisa bem perigosa para fazer a gente gastar o dinheirinho da matinê. Eram os álbuns de figurinha.</span><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; mso-fareast-font-family: SimSun; mso-spacerun: 'yes';"><o:p></o:p></span></p><p align="justify" class="MsoNormal" style="margin-bottom: 18,0500pt; mso-pagination: widow-orphan; mso-para-margin-bottom: 1,0000gd; text-align: justify; text-autospace: ideograph-numeric; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; mso-fareast-font-family: SimSun; mso-spacerun: 'yes';">A primeira metade do álbum só tinha times de futebol. Por isso que eu falei lá em cima os nomes dos jogadores do São Paulo. Mas tinha todos os times principais, de São Paulo e do Rio. Vou falar só os nomes dos goleiros: do Corinthians era o Cabeção; do Guarani era o Dimas; do Palmeiras era o Valdir; da Portuguesa era o Orlando; do Santos era o Gilmar etc.</span><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; mso-fareast-font-family: SimSun; mso-spacerun: 'yes';"><o:p></o:p></span></p><p align="justify" class="MsoNormal" style="margin-bottom: 18,0500pt; mso-pagination: widow-orphan; mso-para-margin-bottom: 1,0000gd; text-align: justify; text-autospace: ideograph-numeric; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; mso-fareast-font-family: SimSun; mso-spacerun: 'yes';">Querem saber o time do Santos na época: Gilmar, Lima, Haroldo e Geraldino; Mengálvio, Zito e Calvet; Dorval, Coutinho, Pelé e Pepe.</span><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; mso-fareast-font-family: SimSun; mso-spacerun: 'yes';"><o:p></o:p></span></p><p align="justify" class="MsoNormal" style="margin-bottom: 18,0500pt; mso-pagination: widow-orphan; mso-para-margin-bottom: 1,0000gd; text-align: justify; text-autospace: ideograph-numeric; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; mso-fareast-font-family: SimSun; mso-spacerun: 'yes';">Estou me distraindo na conversa. Estava contando para vocês sobre o álbum de figurinhas. Então, metade era com times de futebol. A outra metade, cada página era uma tentação: uma TV, uma geladeira, um liquidificador, uma batedeira de bolo, um rádio, uma vitrola, um jogo de copa, um fogão a gás, uma panela de pressão </span><span style="font-family: SimSun; font-size: 16,0000pt; mso-spacerun: 'yes';">-</span><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; mso-fareast-font-family: SimSun; mso-spacerun: 'yes';"> um monte de coisa bonita. Se a gente preenchesse a página, ganhava o prêmio. </span><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; mso-fareast-font-family: SimSun; mso-spacerun: 'yes';"><o:p></o:p></span></p><p align="justify" class="MsoNormal" style="margin-bottom: 18,0500pt; mso-pagination: widow-orphan; mso-para-margin-bottom: 1,0000gd; text-align: justify; text-autospace: ideograph-numeric; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; mso-fareast-font-family: SimSun; mso-spacerun: 'yes';">Dificílimo. Tinha que completar a página com todas as figurinhas, doze em cada folha. As páginas dos times também tinha que preencher para ganhar algum prêmio. Ganharia uma bola de capotão legítima, oficial, número cinco. Ou uma bicicleta. Meu Deus, aquilo era um sonho louco!</span><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; mso-fareast-font-family: SimSun; mso-spacerun: 'yes';"><o:p></o:p></span></p><p align="justify" class="MsoNormal" style="margin-bottom: 18,0500pt; mso-pagination: widow-orphan; mso-para-margin-bottom: 1,0000gd; text-align: justify; text-autospace: ideograph-numeric; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; mso-fareast-font-family: SimSun; mso-spacerun: 'yes';">Vários prêmios já ficavam na leiteria, lá em cima das prateleiras. Tinha gente que, diziam, já tinha ganhado. Dum dia para o outro, sumia da leiteria uma bola, um dia sumiu um rádio, outro dia uma boneca. Aí diziam que foi um moleque lá da Vila Maria que ganhou. Outros falavam que foi alguém da Figueira, ninguém sabia muito certo. </span><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; mso-fareast-font-family: SimSun; mso-spacerun: 'yes';"><o:p></o:p></span></p><p align="justify" class="MsoNormal" style="margin-bottom: 18,0500pt; mso-pagination: widow-orphan; mso-para-margin-bottom: 1,0000gd; text-align: justify; text-autospace: ideograph-numeric; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; mso-fareast-font-family: SimSun; mso-spacerun: 'yes';">Eu e o Bosco estávamos colecionando as figurinhas. Todo semana a gente comprava os envelopes com as figurinhas e o prazer era colar nas páginas. Depois, a gente trocava as repetidas com nossos colegas. E chegamos a um ponto em que todas as folhas estavam quase completas. Faltavam duas figurinhas em cada folha. Pessoas diziam que em cada região do estado havia figurinhas muito difíceis, mas que eram facinhas em outros lugares. Assim: diziam que lá em Ribeirão Preto essas que faltam são facinhas, facinhas. </span><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; mso-fareast-font-family: SimSun; mso-spacerun: 'yes';"><o:p></o:p></span></p><p align="justify" class="MsoNormal" style="margin-bottom: 18,0500pt; mso-pagination: widow-orphan; mso-para-margin-bottom: 1,0000gd; text-align: justify; text-autospace: ideograph-numeric; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; mso-fareast-font-family: SimSun; mso-spacerun: 'yes';">E daí? O que que a gente ia fazer? Ia pegar o bonde do Seu Ciro Valentini para ir lá em Ribeirão Preto? Imagina só.</span><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; mso-fareast-font-family: SimSun; mso-spacerun: 'yes';"><o:p></o:p></span></p><p align="justify" class="MsoNormal" style="margin-bottom: 18,0500pt; mso-pagination: widow-orphan; mso-para-margin-bottom: 1,0000gd; text-align: justify; text-autospace: ideograph-numeric; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; mso-fareast-font-family: SimSun; mso-spacerun: 'yes';">Daí, um dia, a mãe viu eu e o Bosco, os dois bem jururus. Ela perguntou o que era, nós mostramos o albinho. Faltando duas figurinhas em cada página.</span><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; mso-fareast-font-family: SimSun; mso-spacerun: 'yes';"><o:p></o:p></span></p><p align="justify" class="MsoNormal" style="margin-bottom: 18,0500pt; mso-pagination: widow-orphan; mso-para-margin-bottom: 1,0000gd; text-align: justify; text-autospace: ideograph-numeric; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; mso-fareast-font-family: SimSun; mso-spacerun: 'yes';">A nossa mãe às vezes parece que tinha um sonho de felicidade, que tudo ia dar certo, sempre ia dar certo. Ela não se conformou com a nossa tristeza. Perguntou como é que fazia nesse caso, que já estava quase tudo cheio e a gente ainda não tinha ganhado nada. E não sei qual de nós dois que foi bocudo de colocar ideia na cabeça da mãe. A mãe estava parecendo uma criança grande, uma meninona capaz de acreditar em tudo.</span><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; mso-fareast-font-family: SimSun; mso-spacerun: 'yes';"><o:p></o:p></span></p><p align="justify" class="MsoNormal" style="margin-bottom: 18,0500pt; mso-pagination: widow-orphan; mso-para-margin-bottom: 1,0000gd; text-align: justify; text-autospace: ideograph-numeric; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; mso-fareast-font-family: SimSun; mso-spacerun: 'yes';">Um de nós dois falou: </span><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; mso-fareast-font-family: SimSun; mso-spacerun: 'yes';"><o:p></o:p></span></p><p align="justify" class="MsoNormal" style="margin-bottom: 18,0500pt; mso-pagination: widow-orphan; mso-para-margin-bottom: 1,0000gd; text-align: justify; text-autospace: ideograph-numeric; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; mso-fareast-font-family: SimSun; mso-spacerun: 'yes';">“Só se comprasse uma caixinha inteira.” </span><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; mso-fareast-font-family: SimSun; mso-spacerun: 'yes';"><o:p></o:p></span></p><p align="justify" class="MsoNormal" style="margin-bottom: 18,0500pt; mso-pagination: widow-orphan; mso-para-margin-bottom: 1,0000gd; text-align: justify; text-autospace: ideograph-numeric; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; mso-fareast-font-family: SimSun; mso-spacerun: 'yes';">Mãe não deixou o assunto morrer. Já falou em cima:</span><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; mso-fareast-font-family: SimSun; mso-spacerun: 'yes';"><o:p></o:p></span></p><p align="justify" class="MsoNormal" style="margin-bottom: 18,0500pt; mso-pagination: widow-orphan; mso-para-margin-bottom: 1,0000gd; text-align: justify; text-autospace: ideograph-numeric; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; mso-fareast-font-family: SimSun; mso-spacerun: 'yes';"> <span style="font-family: Arial;">“Quanto que custa?”. </span></span><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; mso-fareast-font-family: SimSun; mso-spacerun: 'yes';"><o:p></o:p></span></p><p align="justify" class="MsoNormal" style="margin-bottom: 18,0500pt; mso-pagination: widow-orphan; mso-para-margin-bottom: 1,0000gd; text-align: justify; text-autospace: ideograph-numeric; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; mso-fareast-font-family: SimSun; mso-spacerun: 'yes';">Fiquei até com medo desse pensamento, mas a mãe nos animou e falamos: </span><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; mso-fareast-font-family: SimSun; mso-spacerun: 'yes';"><o:p></o:p></span></p><p align="justify" class="MsoNormal" style="margin-bottom: 18,0500pt; mso-pagination: widow-orphan; mso-para-margin-bottom: 1,0000gd; text-align: justify; text-autospace: ideograph-numeric; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; mso-fareast-font-family: SimSun; mso-spacerun: 'yes';">“Cinquenta cruzeiros a caixa de cinquenta envelopinho”. </span><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; mso-fareast-font-family: SimSun; mso-spacerun: 'yes';"><o:p></o:p></span></p><p align="justify" class="MsoNormal" style="margin-bottom: 18,0500pt; mso-pagination: widow-orphan; mso-para-margin-bottom: 1,0000gd; text-align: justify; text-autospace: ideograph-numeric; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; mso-fareast-font-family: SimSun; mso-spacerun: 'yes';">Mãe ficou de pé e mandou: </span><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; mso-fareast-font-family: SimSun; mso-spacerun: 'yes';"><o:p></o:p></span></p><p align="justify" class="MsoNormal" style="margin-bottom: 18,0500pt; mso-pagination: widow-orphan; mso-para-margin-bottom: 1,0000gd; text-align: justify; text-autospace: ideograph-numeric; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; mso-fareast-font-family: SimSun; mso-spacerun: 'yes';">“Pega o dinheiro, tá na terrina da cristaleira”. </span><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; mso-fareast-font-family: SimSun; mso-spacerun: 'yes';"><o:p></o:p></span></p><p align="justify" class="MsoNormal" style="margin-bottom: 18,0500pt; mso-pagination: widow-orphan; mso-para-margin-bottom: 1,0000gd; text-align: justify; text-autospace: ideograph-numeric; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; mso-fareast-font-family: SimSun; mso-spacerun: 'yes';">“Mas mãe, é da conta do Armazém!”. </span><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; mso-fareast-font-family: SimSun; mso-spacerun: 'yes';"><o:p></o:p></span></p><p align="justify" class="MsoNormal" style="margin-bottom: 18,0500pt; mso-pagination: widow-orphan; mso-para-margin-bottom: 1,0000gd; text-align: justify; text-autospace: ideograph-numeric; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; mso-fareast-font-family: SimSun; mso-spacerun: 'yes';">“Ora, vai valer muito mais se a gente ganhar um prêmio! Vão lá, traz uma caixa de figurinha!”</span><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; mso-fareast-font-family: SimSun; mso-spacerun: 'yes';"><o:p></o:p></span></p><p align="justify" class="MsoNormal" style="margin-bottom: 18,0500pt; mso-pagination: widow-orphan; mso-para-margin-bottom: 1,0000gd; text-align: justify; text-autospace: ideograph-numeric; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; mso-fareast-font-family: SimSun; mso-spacerun: 'yes';">Fomos eu e meu irmão Bosquinho. Aconteceu tudo. Compramos uma caixa de figurinhas, cinquenta cruzeiros. Seu Emer fez uma brincadeira, disse que queria ver a gente de bicicleta nova. Saímos ligeiros da leiteria, não lembro do caminho de volta para casa, sei que sentamos no chão do quarto, a mãe na cama, vamos abrindo os pacotes, só figurinha repetida, só figurinha repetida, faltavam uns três pacotinhos, fomos abrindo já meio sem fala nós três, e acabou o último pacotinho, só figurinha repetida...</span><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; mso-fareast-font-family: SimSun; mso-spacerun: 'yes';"><o:p></o:p></span></p><p align="justify" class="MsoNormal" style="margin-bottom: 18,0500pt; mso-pagination: widow-orphan; mso-para-margin-bottom: 1,0000gd; text-align: justify; text-autospace: ideograph-numeric; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; mso-fareast-font-family: SimSun; mso-spacerun: 'yes';">O que mamãe falou naquele dia, naquela hora? Acho que alguma coisa assim: Não faz mal... Deus ajuda... Não tem importância... Meus filhos...</span><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; mso-fareast-font-family: SimSun; mso-spacerun: 'yes';"><o:p></o:p></span></p><p align="justify" class="MsoNormal" style="margin-bottom: 18,0500pt; mso-pagination: widow-orphan; mso-para-margin-bottom: 1,0000gd; text-align: justify; text-autospace: ideograph-numeric; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; mso-fareast-font-family: SimSun; mso-spacerun: 'yes';">Mas a cara dela ficou meio assustada, achei que estava meio branca. Deu dó, mas deu muito dó mesmo da nossa mãe.</span><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; mso-fareast-font-family: SimSun; mso-spacerun: 'yes';"><o:p></o:p></span></p><p align="justify" class="MsoNormal" style="margin-bottom: 18,0500pt; mso-pagination: widow-orphan; mso-para-margin-bottom: 1,0000gd; text-align: justify; text-autospace: ideograph-numeric; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; mso-fareast-font-family: SimSun; mso-spacerun: 'yes';">Eu e o Bosco ficamos com uma espécie de vergonha. Mas ninguém criticou. Depois eu fui entendendo que aquele foi o grande lance da nossa mãe. Não deu certo, mas ela teve a coragem de arriscar. Foi mais corajosa do que eu e o Bosco.</span><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; mso-fareast-font-family: SimSun; mso-spacerun: 'yes';"><o:p></o:p></span></p><p align="justify" class="MsoNormal" style="margin-bottom: 18,0500pt; mso-pagination: widow-orphan; mso-para-margin-bottom: 1,0000gd; text-align: justify; text-autospace: ideograph-numeric; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; mso-fareast-font-family: SimSun; mso-spacerun: 'yes';">E a conta do armazém da Cooperativa acabou sendo paga do mesmo jeito.</span><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; mso-fareast-font-family: SimSun; mso-spacerun: 'yes';"><o:p></o:p></span></p><p align="justify" class="MsoNormal" style="margin-bottom: 18,0500pt; mso-pagination: widow-orphan; mso-para-margin-bottom: 1,0000gd; text-align: justify; text-autospace: ideograph-numeric; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; mso-fareast-font-family: SimSun; mso-spacerun: 'yes';"><br /></span></p><p align="justify" class="MsoNormal" style="margin-bottom: 18,0500pt; mso-pagination: widow-orphan; mso-para-margin-bottom: 1,0000gd; text-align: justify; text-autospace: ideograph-numeric; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; mso-fareast-font-family: SimSun; mso-spacerun: 'yes';">==================================</span></p><blockquote style="border: none; margin: 0px 0px 0px 40px; padding: 0px; text-align: left;"><p align="justify" class="MsoNormal" style="margin-bottom: 18,0500pt; mso-pagination: widow-orphan; mso-para-margin-bottom: 1,0000gd; text-align: justify; text-autospace: ideograph-numeric; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; mso-fareast-font-family: SimSun; mso-spacerun: 'yes';">Texto de Paulo Tarcizio da Silva Marcondes</span></p><p align="justify" class="MsoNormal" style="margin-bottom: 18,0500pt; mso-pagination: widow-orphan; mso-para-margin-bottom: 1,0000gd; text-align: justify; text-autospace: ideograph-numeric; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; mso-fareast-font-family: SimSun; mso-spacerun: 'yes';">Foto: Prof. João San Martin</span></p></blockquote>paulotarcizio.blogspothttp://www.blogger.com/profile/09916505674891080742noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5638539114427077969.post-32910330543412977252023-09-10T16:20:00.002-07:002023-09-12T17:01:57.629-07:00A Vó de Pinda<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEiOk_CybI11ShXHfCWLGnjBXWMIN9I1DFJRH-Jp2EbNxGpkK-8XjCKqN_UW72nZuU5Vt_ioiV83XfSIOiBIaYKkcSiAIOiiz7gl2rTiuFZQhdHFH6zPRYL8oOEEJ-e2kdWVHstjFtLx9bIutJrRV1hWM7bHp1tDnJj8-ELHyD7tBZWQ9SH8WXuF_Pv8o5g" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img alt="" data-original-height="1018" data-original-width="1300" height="301" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEiOk_CybI11ShXHfCWLGnjBXWMIN9I1DFJRH-Jp2EbNxGpkK-8XjCKqN_UW72nZuU5Vt_ioiV83XfSIOiBIaYKkcSiAIOiiz7gl2rTiuFZQhdHFH6zPRYL8oOEEJ-e2kdWVHstjFtLx9bIutJrRV1hWM7bHp1tDnJj8-ELHyD7tBZWQ9SH8WXuF_Pv8o5g=w384-h301" width="384" /></a></div><div style="text-align: center;">Casa da Vó de Pinda, na Rua Gregório Costa. </div><div style="text-align: center;">Do tempo antigo só sobrou essa casa na Gregório Costa. </div><div style="text-align: center;">A entrada era pelo portãozinho no lado esquerdo.</div><p></p><p><br /></p><p align="justify" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; mso-pagination: widow-orphan; text-align: justify; text-autospace: ideograph-numeric; text-indent: 56,7000pt; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-spacerun: 'yes';">Meu pai, o Professor </span><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-spacerun: 'yes';">Francisco</span><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-spacerun: 'yes';">,</span><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-spacerun: 'yes';"> era filho de Francisco Carlos Marcondes e Maria Clara Fonseca Marcondes.</span><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-spacerun: 'yes';"><o:p></o:p></span></p><p align="justify" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; mso-pagination: widow-orphan; text-align: justify; text-autospace: ideograph-numeric; text-indent: 56,7000pt; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-spacerun: 'yes';">Infância de meu pai foi na Fazenda Itapecirica, em Taubaté.</span><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-spacerun: 'yes';"> </span><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-spacerun: 'yes';">Adolescência dele foi </span><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-spacerun: 'yes';">estudando </span><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-spacerun: 'yes';">no Seminário Diocesano de Taubaté.</span><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-spacerun: 'yes';"> </span><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-spacerun: 'yes';">Deu aulas, mais tarde, </span><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-spacerun: 'yes';">no colégio desse</span><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-spacerun: 'yes';"> mesmo seminário.</span><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-spacerun: 'yes';"><o:p></o:p></span></p><p align="justify" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; mso-pagination: widow-orphan; text-align: justify; text-autospace: ideograph-numeric; text-indent: 56,7000pt; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-spacerun: 'yes';">Depois</span><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-spacerun: 'yes';">, quando já estava casado com minha mãe, ele</span><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-spacerun: 'yes';"> trabalhou como operário na tecelagem da CTI, Companhia Taubaté Industrial, </span><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-spacerun: 'yes';">o</span><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-spacerun: 'yes';">nde ainda existe aquele enorme relógio que dá para ver da Dutra.</span><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-spacerun: 'yes';"><o:p></o:p></span></p><p align="justify" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; mso-pagination: widow-orphan; text-align: justify; text-autospace: ideograph-numeric; text-indent: 56,7000pt; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-spacerun: 'yes';">Não conheci o</span><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-spacerun: 'yes';"> meu avô paterno</span><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-spacerun: 'yes';">, </span><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-spacerun: 'yes';">Francisco Carlos Marcondes, o Nhonhô Marcondes</span><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-spacerun: 'yes';">. Era dono de um comércio em Taubaté, no Bairro de Itapecirica. Ele</span><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-spacerun: 'yes';"> faleceu vários anos antes de eu nascer.</span><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-spacerun: 'yes';"> </span><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-spacerun: 'yes';">Mas conheci a minha </span><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-spacerun: 'yes';">avó</span><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-spacerun: 'yes';"> paterna, Maria Clara Fonseca Marcondes. Era a "Vó de Pinda"</span><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-spacerun: 'yes';">, para diferenciar da nossa avó materna que morava conosco</span><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-spacerun: 'yes';">. </span><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-spacerun: 'yes';">A vó de Pinda tinha</span><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-spacerun: 'yes';"> se mudado de Taubaté para Pinda</span><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-spacerun: 'yes';">.</span><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-spacerun: 'yes';"><o:p></o:p></span></p><p align="justify" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; mso-pagination: widow-orphan; text-align: justify; text-autospace: ideograph-numeric; text-indent: 56,7000pt; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-spacerun: 'yes';">Mudou-se para Pinda para acompanhar o</span><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-spacerun: 'yes';"> seu filho caçula, o</span><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-spacerun: 'yes';"> Jota Marcondes, </span><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-spacerun: 'yes';">menino </span><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-spacerun: 'yes';">ainda, que tinha vindo trabalhar na farmácia do </span><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-spacerun: 'yes';">Seu </span><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-spacerun: 'yes';">Arlindo Paim (onde hoje fica a </span><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-spacerun: 'yes';">C</span><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-spacerun: 'yes';">hurrascaria Gramado, perto do Largo do Cruzeiro</span><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-spacerun: 'yes';">)</span><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-spacerun: 'yes';">.</span><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-spacerun: 'yes';"><o:p></o:p></span></p><p align="justify" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; mso-pagination: widow-orphan; text-align: justify; text-autospace: ideograph-numeric; text-indent: 56,7000pt; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-spacerun: 'yes';">Além do meu pai, Professor Francisco, e do Jota Marcondes, a Vó de Pinda tinha também os seguintes filhos, todos nascidos e criados em Taubaté: Geraldo, Maria, Luís, Nazaré (Dala), e Aparecida.</span><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-spacerun: 'yes';"><o:p></o:p></span></p><p align="justify" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; mso-pagination: widow-orphan; text-align: justify; text-autospace: ideograph-numeric; text-indent: 56,7000pt; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-spacerun: 'yes';">Tio Geraldo morreu moço, de doença. Grande tristeza foi o meu Tio Luís, que morava em São Paulo e trabalhava na Light. Foi desligar uma chave de alta tensão, que ele não sabia que estava energizada. Foi jogado longe. Agonizou no hospital quase vinte dias. </span><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-spacerun: 'yes';"><o:p></o:p></span></p><p align="justify" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; mso-pagination: widow-orphan; text-align: justify; text-autospace: ideograph-numeric; text-indent: 56,7000pt; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-spacerun: 'yes';">Tia Maria foi casada com Seu Durvalino e era mãe de minhas primas Janda e Heleninha. Morou muitos anos numa casa em frente ao Rodrigo Romeiro.</span><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-spacerun: 'yes';"><o:p></o:p></span></p><p align="justify" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; mso-pagination: widow-orphan; text-align: justify; text-autospace: ideograph-numeric; text-indent: 56,7000pt; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-spacerun: 'yes';">Tia Cida foi morar em Coruputuba e, depois, na Vila São Benedito. Era casada com o Seu Sebastião Enfermeiro e era mãe do meu primo Valério.</span><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-spacerun: 'yes';"><o:p></o:p></span></p><p align="justify" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; mso-pagination: widow-orphan; text-align: justify; text-autospace: ideograph-numeric; text-indent: 56,7000pt; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-spacerun: 'yes';">A Vó de Pinda m</span><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-spacerun: 'yes';">orava na Rua Gregório Costa (</span><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-spacerun: 'yes';">rua </span><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-spacerun: 'yes';">que começa no largo de São José e vai em direção à </span><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-spacerun: 'yes';">e</span><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-spacerun: 'yes';">st</span><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-spacerun: 'yes';">aç</span><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-spacerun: 'yes';">ão </span><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-spacerun: 'yes';">de trem)</span><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-spacerun: 'yes';">.</span><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-spacerun: 'yes';"> A casa onde ela morou ainda está em pé.</span><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-spacerun: 'yes';"><o:p></o:p></span></p><p align="justify" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; mso-pagination: widow-orphan; text-align: justify; text-autospace: ideograph-numeric; text-indent: 56,7000pt; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-spacerun: 'yes';">Eu tinha uns cinco ou seis anos </span><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-spacerun: 'yes';">quando</span><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-spacerun: 'yes';"> fui com a mãe visitar a Vó de Pinda.</span><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-spacerun: 'yes';"> O que ficou na minha lembrança foi a escuridão da casa.</span><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-spacerun: 'yes';"> </span><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-spacerun: 'yes';">Não tinha tantas janelas como a nossa casa de Coruputuba, sempre arejada e clara.</span><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-spacerun: 'yes';"><o:p></o:p></span></p><p align="justify" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; mso-pagination: widow-orphan; text-align: justify; text-autospace: ideograph-numeric; text-indent: 56,7000pt; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-spacerun: 'yes';">Na cozinha</span><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-spacerun: 'yes';">, um fogão a lenha, com os tições crepitando. Com uma chaleira esquentando e, no canto, um bule bonito, meio velho, era um bule de esmalte verde com flores azuis. Nós falávamos na época: era um bule de ágata.</span><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-spacerun: 'yes';"><o:p></o:p></span></p><p align="justify" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; mso-pagination: widow-orphan; text-align: justify; text-autospace: ideograph-numeric; text-indent: 56,7000pt; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-spacerun: 'yes';">As paredes</span><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-spacerun: 'yes';"> </span><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-spacerun: 'yes';">pret</span><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-spacerun: 'yes';">a</span><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-spacerun: 'yes';">s</span><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-spacerun: 'yes';"> de fuligem, o telhado enegricido de picumã, a iluminação natural entrava por uma telha de vidro lá em cima. A vó estava passando roupa com </span><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-spacerun: 'yes';">um</span><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-spacerun: 'yes';"> ferro </span><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-spacerun: 'yes';">grandão e pesado. Ela puxou umas brasas do fogão, encheu o ferro e ficou balançando, para manter as brasas acesas.</span><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-spacerun: 'yes';"><o:p></o:p></span></p><p align="justify" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; mso-pagination: widow-orphan; text-align: justify; text-autospace: ideograph-numeric; text-indent: 56,7000pt; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-spacerun: 'yes';">A chaleira ferveu, ela passou </span><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-spacerun: 'yes';">café</span><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-spacerun: 'yes';"> no coador de pano</span><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-spacerun: 'yes';">, tomei </span><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-spacerun: 'yes';">o café gúti-gúti, </span><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-spacerun: 'yes';">n</span><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-spacerun: 'yes';">uma</span><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-spacerun: 'yes';"> caneca de folha</span><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-spacerun: 'yes';"> e depois me sentei na soleira da porta da cozinha, mastigando um pedaço de pão. </span><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-spacerun: 'yes';"><o:p></o:p></span></p><p align="justify" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; mso-pagination: widow-orphan; text-align: justify; text-autospace: ideograph-numeric; text-indent: 56,7000pt; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-spacerun: 'yes';">Alguém pode estranhar eu dizer que tomei café gúti-gúti. Isto quer dizer, beber de uma vez toda a caneca de café para só depois comer o pão. As crianças faziam assim. Só os adultos que ficavam dando uma dentada no pão e bicando gole de café.</span><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-spacerun: 'yes';"><o:p></o:p></span></p><p align="justify" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; mso-pagination: widow-orphan; text-align: justify; text-autospace: ideograph-numeric; text-indent: 56,7000pt; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-spacerun: 'yes';">Comi o pão e falei pra mãe: “Mãe, tô precisando”. A vó escutou e mandou eu ir na casinha, no fundo do quintal. Antigamente falavam assim: casinha, em vez de falar banheiro. Na</span><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-spacerun: 'yes';"> "casinha", a privada era de buraco.</span><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-spacerun: 'yes';"><o:p></o:p></span></p><p align="justify" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; mso-pagination: widow-orphan; text-align: justify; text-autospace: ideograph-numeric; text-indent: 56,7000pt; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-spacerun: 'yes';">Fui lá fazer o que eu tinha que fazer. O quintal, saindo da porta da cozinha, ia baixando, todas as casas da rua eram mais altas do que os quintais. Vejam que a Rua Gregório Costa fica num tope de morro, os quintais vão descendo para o fundo do quarteirão. </span><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-spacerun: 'yes';"><o:p></o:p></span></p><p align="justify" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; mso-pagination: widow-orphan; text-align: justify; text-autospace: ideograph-numeric; text-indent: 56,7000pt; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-spacerun: 'yes';">O quintal tinha uma horta pequena, cercada de taquara por causa das galinhas. Uma ou outra bananeira e nas beiradas crescia capim e uns pés de mamona.</span><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-spacerun: 'yes';"><o:p></o:p></span></p><p align="justify" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; mso-pagination: widow-orphan; text-align: justify; text-autospace: ideograph-numeric; text-indent: 56,7000pt; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-spacerun: 'yes';">No fim do quintal, lá embaixo, uma cerca separava do bambuzal da beira do ribeirão. Hoje eu sei que o ribeirão que passava ali era o córrego do Tabaú. Bom, ainda passa, mas passa canalizado, debaixo da Alfredo Valentini e da Coronel José Francisco.</span><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-spacerun: 'yes';"><o:p></o:p></span></p><p align="justify" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; mso-pagination: widow-orphan; text-align: justify; text-autospace: ideograph-numeric; text-indent: 56,7000pt; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-spacerun: 'yes';">Papai não foi nessa visita que fizemos para a Vó de Pinda. Não dava para sair todo mundo de casa, e ele dava aula de tarde.</span><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-spacerun: 'yes';"><o:p></o:p></span></p><p align="justify" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; mso-pagination: widow-orphan; text-align: justify; text-autospace: ideograph-numeric; text-indent: 56,7000pt; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-spacerun: 'yes';">Talvez em 1960... não sei. A vó de Pinda mudou para Lorena, foi morar lá com a Tia Dala (Maria Nazaré), que trabalhava num hotel. Fui lá uma vez, com minha mãe (nosso pai já tinha falecido). Fomos na casa da vó, com um quintalzinho na frente da casa. Ela tinha uma galinha que obedecia tudo que ela mandava: Vem beber água!, vai ciscar no quintal!, vem pra dentro! A galinha dormia dentro de casa. Parecia um cachorrinho obediente, a vó ficava conversando com ela.</span><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-spacerun: 'yes';"><o:p></o:p></span></p><p align="justify" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; mso-pagination: widow-orphan; text-align: justify; text-autospace: ideograph-numeric; text-indent: 56,7000pt; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-spacerun: 'yes';">Depois fomos ver a Tia Dala no hotel. Uma escada alta, alta... degraus de madeira envernizada.</span><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-spacerun: 'yes';"><o:p></o:p></span></p><p align="justify" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; mso-pagination: widow-orphan; text-align: justify; text-autospace: ideograph-numeric; text-indent: 56,7000pt; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-spacerun: 'yes';">Quando a vó de Pinda </span><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-spacerun: 'yes';">- que já era Vó de Lorena - ficou doente, minha mãe foi passar algumas semanas com ela, para tomar conta, dar os remédios, conversar. A nossa avó paterna, Dona Maria Clara Fonseca Marcondes, </span><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-spacerun: 'yes';">morreu </span><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-spacerun: 'yes';">em 1963. </span><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-spacerun: 'yes';"><o:p></o:p></span></p><p align="justify" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; mso-pagination: widow-orphan; text-align: justify; text-autospace: ideograph-numeric; text-indent: 56,7000pt; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-spacerun: 'yes';">Minha</span><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-spacerun: 'yes';"> mãe</span><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-spacerun: 'yes';"> não foi ao enterro em Lorena, mas o Zaga foi. Ele já era mocinho, tinha dezoito anos, estava no Científico.</span><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-spacerun: 'yes';"><o:p></o:p></span></p><p align="justify" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; mso-pagination: widow-orphan; text-align: justify; text-autospace: ideograph-numeric; text-indent: 56,7000pt; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-spacerun: 'yes';">Depois </span><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-spacerun: 'yes';">ele </span><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-spacerun: 'yes';">me contou da casa, que eu já tinha conhecido antes dele.</span><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-spacerun: 'yes';"> E me contou uma coisa que fiquei com dó. A galinha mansa não queria ir para o quintal, quis ficar no velório, ficava rodando pela sala, procurando...procurando... acho que querendo escutar aquela voz que ela tanto obedecia...</span><span style="font-family: Arial; font-size: 12,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-spacerun: 'yes';"><o:p></o:p></span></p>paulotarcizio.blogspothttp://www.blogger.com/profile/09916505674891080742noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-5638539114427077969.post-65165471062276714932023-06-10T12:58:00.002-07:002023-06-10T15:28:32.927-07:00SEU MIGUELZINHO FUNILEIRO<p><br /></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh_Z86IynAnaKQ4gk7rb-64RJzR0Fndxtekcp0GihJ65gWj7oOv3q9Un4lUJkh-A_4aswL3wQ9pqwEKN2mvt3QZXInAx8_0aojT6yvW-LridcLuh48jB0TWRx4zOju70ZuX-OfNjh5q1NmEM1u9C6wHiBF26wa76nuYPyr7uXS5I8KqEpn1rKX8_EfQ/s1024/GALINHJA%20COM%20PINTINHOS.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="727" data-original-width="1024" height="278" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh_Z86IynAnaKQ4gk7rb-64RJzR0Fndxtekcp0GihJ65gWj7oOv3q9Un4lUJkh-A_4aswL3wQ9pqwEKN2mvt3QZXInAx8_0aojT6yvW-LridcLuh48jB0TWRx4zOju70ZuX-OfNjh5q1NmEM1u9C6wHiBF26wa76nuYPyr7uXS5I8KqEpn1rKX8_EfQ/w392-h278/GALINHJA%20COM%20PINTINHOS.jpg" width="392" /></a></div><br /><p style="text-align: center;"><br /></p><p> <span style="font-family: Arial; text-align: justify;">Ana Clara falou: Paulo, vamos na casa do Seu Miguelzinho da Dona Benedita?</span></p><p align="justify" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; mso-char-indent-count: 3,0000; mso-pagination: widow-orphan; text-align: justify; text-autospace: ideograph-numeric; text-indent: 48,0000pt; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-font-kerning: 1,0000pt; mso-spacerun: 'yes';">Eu já sabia o que que era e fui buscar as latas vazias que a gente vinha guardando, já tinha um monte debaixo do tanque. Peguei a sacola de compra e nós dois enchemos a sacola. </span><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-font-kerning: 1,0000pt; mso-spacerun: 'yes';"><o:p></o:p></span></p><p align="justify" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; mso-char-indent-count: 3,0000; mso-pagination: widow-orphan; text-align: justify; text-autospace: ideograph-numeric; text-indent: 48,0000pt; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-font-kerning: 1,0000pt; mso-spacerun: 'yes';">Lata vazia de leite condensado, de ervilha, de salsicha, de toddy, de vic maltema, de nescau, lata de óleo, das quadradas e das redondas, de óleo Sol Levante, lata de manteiga Aviação, umas latas maiorezinhas, de leite em pó, de pêssego. Até umas latas de marmelada, de goiabada, figada, de doce marrom glacê. Um monte de lata vazia.</span><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-font-kerning: 1,0000pt; mso-spacerun: 'yes';"><o:p></o:p></span></p><p align="justify" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; mso-char-indent-count: 3,0000; mso-pagination: widow-orphan; text-align: justify; text-autospace: ideograph-numeric; text-indent: 48,0000pt; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-font-kerning: 1,0000pt; mso-spacerun: 'yes';">E fomos nós dois. Era tempo de frio, mas o sol ainda não tinha chegado nos galhos mais altos dos eucaliptos. Ia demorar para escurecer. </span><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-font-kerning: 1,0000pt; mso-spacerun: 'yes';"><o:p></o:p></span></p><p align="justify" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; mso-char-indent-count: 3,0000; mso-pagination: widow-orphan; text-align: justify; text-autospace: ideograph-numeric; text-indent: 48,0000pt; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-font-kerning: 1,0000pt; mso-spacerun: 'yes';">Indo em direção da linha, dobramos na casa do Seu João da Ponta, era a Rua Nossa Senhora Aparecida, que acompanhava a linha do trem. Passamos em frente à casa dos Paiva, dos Machado, dos pais da Verinha, a casa do Seu França, do Du, a casa do Seu Dionísio e, por útimo, a do Seu Fusco. Na guarita do portão da fábrica, Seu Dionísio jogava xadrez com um amigo. </span><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-font-kerning: 1,0000pt; mso-spacerun: 'yes';"><o:p></o:p></span></p><p align="justify" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; mso-char-indent-count: 3,0000; mso-pagination: widow-orphan; text-align: justify; text-autospace: ideograph-numeric; text-indent: 48,0000pt; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-font-kerning: 1,0000pt; mso-spacerun: 'yes';">A estradinha dobrava à esquerda no muro da fábrica e logo dobrava à direita, a gente foi indo pela Vila Bela. Tem gente de Coru que não chegou a conhecer a Vila Bela, a primeira que foi desmanchada quando instalaram a celulose. A rua passava meio apertada entre o muro e as casas. Passamos pela casa da Nair Macedo. O Tião, irmão, dela estava na varanda, falou oi.</span><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-font-kerning: 1,0000pt; mso-spacerun: 'yes';"><o:p></o:p></span></p><p align="justify" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; mso-char-indent-count: 3,0000; mso-pagination: widow-orphan; text-align: justify; text-autospace: ideograph-numeric; text-indent: 48,0000pt; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-font-kerning: 1,0000pt; mso-spacerun: 'yes';">E chegamos na Vila Campineira. Ali moravam muitos conhecidos. Passamos no barracão de tomate da família Yoshinaga, a casa dos meus colegas Magalhães, o Rubens e o Guido. Outro dia a gente ia voltar lá para comprar um porquinho, que eles criavam. Mais para a frente, a casa do Seu Pedro Moreira, que cortava cabelo da gente. Pai dos nossos amigos , o Mauro, o Zé, o Nelson e outros menores.</span><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-font-kerning: 1,0000pt; mso-spacerun: 'yes';"><o:p></o:p></span></p><p align="justify" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; mso-char-indent-count: 3,0000; mso-pagination: widow-orphan; text-align: justify; text-autospace: ideograph-numeric; text-indent: 48,0000pt; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-font-kerning: 1,0000pt; mso-spacerun: 'yes';">Mas a gente já tinha chegado na casa do Seu Miguelzinho Funileiro, Ana Clara falou Ó de Casa! E a Dona Benedita veio atender a gente, mandou entrar. A Clélia não estava lá, nem o João Bosco. O Miguelzinho estava saindo com um colega, cruzou com a gente. </span><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-font-kerning: 1,0000pt; mso-spacerun: 'yes';"><o:p></o:p></span></p><p align="justify" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; mso-char-indent-count: 3,0000; mso-pagination: widow-orphan; text-align: justify; text-autospace: ideograph-numeric; text-indent: 48,0000pt; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-font-kerning: 1,0000pt; mso-spacerun: 'yes';">Eu estou falando toda hora no seu Miguelzinho Funileiro. Tem gente da cidade que vai pensar errado, achando que em Coruputuba tinha quem mexesse com funilaria de carro. Nada disso. Naquele tempo quase ninguém tinha carro. O Seu Miguelzinho era funileiro porque ele fazia funil de lata.</span><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-font-kerning: 1,0000pt; mso-spacerun: 'yes';"><o:p></o:p></span></p><p align="justify" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; mso-char-indent-count: 3,0000; mso-pagination: widow-orphan; text-align: justify; text-autospace: ideograph-numeric; text-indent: 48,0000pt; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-font-kerning: 1,0000pt; mso-spacerun: 'yes';">Seu Miguelzinho recebeu a gente alegrinho. Falou para Dona Benedita, traz um café pra eles. Done Benedita chamou Ana Clara lá pra dentro e fechou de novo o portãozinho, que já tinha sido vermelho. Fechou para a galinhada não entrar, nem a pata, nem o leitão. Seu Miguelzinho foi se sentar no banquinho debaixo do pé de manga. Pegou as nossas latas e começou a trabalhar. Primeiro ele tirava a tampa com o abridor, punha a lata em cima do cepo e ia martelando as beiradas cortantes com um martelinho de cabeça redonda. Alisava bem as bordas da lata, não podia ficar nada que cortasse a mão da gente. Depois pegava umas latas velhas dele mesmo e com a tesoura cortava uma tira, dobrava as beiradas da tira, martelava, arredondava a tira e soldava nas latas: era a asa da nova caneca.</span><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-font-kerning: 1,0000pt; mso-spacerun: 'yes';"><o:p></o:p></span></p><p align="justify" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; mso-char-indent-count: 3,0000; mso-pagination: widow-orphan; text-align: justify; text-autospace: ideograph-numeric; text-indent: 48,0000pt; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-font-kerning: 1,0000pt; mso-spacerun: 'yes';">E assim ele ia trabalhando e eu de cócoras ali juntinho, olhando tudo. Maquininha de solda dele, era solda de estanho. </span><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-font-kerning: 1,0000pt; mso-spacerun: 'yes';"><o:p></o:p></span></p><p align="justify" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; mso-char-indent-count: 3,0000; mso-pagination: widow-orphan; text-align: justify; text-autospace: ideograph-numeric; text-indent: 48,0000pt; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-font-kerning: 1,0000pt; mso-spacerun: 'yes';">Ana Clara conversando com Dona Benedita, vieram pro quintal, as duas de pé, só eu e o Seu Miguelzinho, ele sentado, eu sentei também numa raiz. Tomei café, bem fraco, bem doce, bem quente, numa caneca feita pelo seu Miguelzinho mesmo.</span><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-font-kerning: 1,0000pt; mso-spacerun: 'yes';"><o:p></o:p></span></p><p align="justify" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; mso-char-indent-count: 3,0000; mso-pagination: widow-orphan; text-align: justify; text-autospace: ideograph-numeric; text-indent: 48,0000pt; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-font-kerning: 1,0000pt; mso-spacerun: 'yes';">As galinhas foram chegando, os frangos, com o galo de crista vermelha, ainda estava claro, mas elas sabiam que era hora de se recolher. E foram pulando para os poleiros, mas não tinha poleiro, não tinha galinheiro. Elas subiam para os galhos das laranjeiras e do pé de pitanga. Achei muito interessante. No nossa casa tinha um galinheiro, que o pai tinha feito, lá não. Sempre depois eu lembrava disso: os frangos empoleirados no meio dos galhos das laranjeiras. Achei legal, parecia bicho do mato. </span><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-font-kerning: 1,0000pt; mso-spacerun: 'yes';"><o:p></o:p></span></p><p align="justify" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; mso-char-indent-count: 3,0000; mso-pagination: widow-orphan; text-align: justify; text-autospace: ideograph-numeric; text-indent: 48,0000pt; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-font-kerning: 1,0000pt; mso-spacerun: 'yes';">Começava a escurecer, Ana Clara pagou o serviço, enchemos a sacola de compra com as novas canecas e canecões. Tudo novo, tinha saído das mãos do Seu Miguelzinho. E fomos para casa. Começava a acender a luz amarela dos postes. Os sapos faziam uma festa no capinzal perto da casa do Seu Juquinha. </span><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-font-kerning: 1,0000pt; mso-spacerun: 'yes';"><o:p></o:p></span></p><p align="justify" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; mso-char-indent-count: 3,0000; mso-pagination: widow-orphan; text-align: justify; text-autospace: ideograph-numeric; text-indent: 48,0000pt; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: Arial; font-size: 16,0000pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-font-kerning: 1,0000pt; mso-spacerun: 'yes';">A gente não via sapo nenhum, só escutava as conversinhas deles. Hoje não tem mais sapo, não tem mais água para eles criarem, nem poça d'água tem mais. De primeiro tinha, na luz dos postes ficavam caçando mariposa, besouro.</span></p>paulotarcizio.blogspothttp://www.blogger.com/profile/09916505674891080742noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-5638539114427077969.post-10210456525967905932023-02-20T18:03:00.001-08:002023-02-20T18:09:47.103-08:00Pindamonhangaba na década de 1950<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjOwp6L5rUpV6jXrCFLeIaed4jTXeIMCNm99Qwau-b8rJo5LiUqiI6HUyJ4rvG2nag8fHkoaO-dflezEnKPEEHXL3IrrrpD3nnb7T_RSaB8pFcNGfoSApc7XKhho-6VFs04ga_AVdoQq61m0PXhOs0P7nfYckZHyM7gj2Rh3E2NxvHXTXv8CnQuA2q3/s289/CADEIA%20P%C3%9ABLICA.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="289" data-original-width="286" height="367" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjOwp6L5rUpV6jXrCFLeIaed4jTXeIMCNm99Qwau-b8rJo5LiUqiI6HUyJ4rvG2nag8fHkoaO-dflezEnKPEEHXL3IrrrpD3nnb7T_RSaB8pFcNGfoSApc7XKhho-6VFs04ga_AVdoQq61m0PXhOs0P7nfYckZHyM7gj2Rh3E2NxvHXTXv8CnQuA2q3/w363-h367/CADEIA%20P%C3%9ABLICA.jpg" width="363" /></a></div><p></p><div style="text-align: center;">CADEIA PÚBLICA (onde hoje se localiza a feira)</div>
<p style="margin: 0cm;"><strong><i><u><span style="color: black;"><br /></span></u></i></strong></p><p style="margin: 0cm;"><strong><i><u><span style="color: black;"><br /></span></u></i></strong></p><p style="margin: 0cm;"><strong><i><u><span style="color: black;">Agricultura</span></u></i></strong><span style="color: black;"><o:p></o:p></span></p>
<p><em><span style="color: black;">Propr. agríc. Existentes - 939</span></em><i><span style="color: black;"><br />
<em>Propr. agric. com menos de 20 alqueires - 76</em><br />
<em>Propr. agric. de <st1:metricconverter productid="20 a" w:st="on">20 a</st1:metricconverter>
50 alqueires -156</em><br />
<em>Propr. agric. de <st1:metricconverter productid="50 a" w:st="on">50 a</st1:metricconverter>
100 alqueires - 71</em><br />
<em>Propr. agric. de <st1:metricconverter productid="100 a" w:st="on">100 a</st1:metricconverter>
200 alqueires - 99</em><br />
<em>Propr. agric. de <st1:metricconverter productid="200 a" w:st="on">200 a</st1:metricconverter>
500 alqueires - 37</em><br />
<em>Propr. agric. de mais de 500 alqueires - 177</em></span></i><span style="color: black;"><o:p></o:p></span></p>
<p><em><span style="color: black;">Variedade de Culturas Praticadas: Arroz,
mandioca, tomate, cenoura, milho, eucalipto, feijão, batata inglesa, batata
doce, café, laranja, hortaliças, etc.</span></em><span style="color: black;"><o:p></o:p></span></p>
<p><em><span style="color: black;">Valor global aproximado das propriedades
agrícolas: Cr$ 81.541.000,00.</span></em><span style="color: black;"><o:p></o:p></span></p>
<p><strong><i><u><span style="color: black;">Comércio</span></u></i></strong><span style="color: black;"><o:p></o:p></span></p>
<p><em><span style="color: black;">Números de firmas taxadas no Imposto de
Indústrias e Profissões: 568.</span></em><span style="color: black;"><o:p></o:p></span></p>
<p><em><span style="color: black;">Relação das consideradas grandes firmas :</span></em><span style="color: black;"><o:p></o:p></span></p>
<p><em><u><span style="color: black;">Calçados</span></u><span style="color: black;">:
Casa Cozzi, Sílvio Cozzi, Casas Excelsior, Irmãos Muassab, Santos, Santos
Sperândio. </span></em><span style="color: black;"><o:p></o:p></span></p>
<p><em><u><span style="color: black;">Ferragens</span></u><span style="color: black;">: casa Brasileira, Aramdo Goffi, Oscar Schmidt, Irmãos Rabelo. </span></em><span style="color: black;"><o:p></o:p></span></p>
<p><em><u><span style="color: black;">Padaria e Confeitaria</span></u><span style="color: black;">: Argentino Ferreira de Carvalho, Antônio Augusto
Rodrigues, Padaria Santo Onofre, Padaria São José, Padaria Coruputuba, Padaria
da República. </span></em></p><p><em><span style="color: black;"><u>Fazenda e Armarinhos</u>: Casa Dois Irmãos, A Imperial, A Paulicéia,
Casa Nossa Senhora da Aparecida, Casa Cascata, Félix Samanha, Antônio Matias,
Bargis Matias, Elias Farah, Maria Stela Vitorazzo, Miguel Jabor, Trajano
Salgado. </span></em><span style="color: black;"><o:p></o:p></span></p>
<p><em><u><span style="color: black;">Rádios e Matérias Elétricos</span></u><span style="color: black;">: Casa Marconi, Prates da Fonseca & Cia. </span></em><span style="color: black;"><o:p></o:p></span></p>
<p><em><u><span style="color: black;">Móveis</span></u><span style="color: black;">:
Brás Alves Pereira, Fernando Rosembaum, Marcus Fixer. </span></em><span style="color: black;"><o:p></o:p></span></p>
<p><em><u><span style="color: black;">Secos e Molhados</span></u><span style="color: black;">: Manuel Rodrigues Garcia, Francisco Piorino, Paulino
Granato, Roberto Pereira de Almeida, Ponciano Pereira, G. Toledo Schmidt, José
Geraldo de Azevedo Freire, Rosalah Souraty, Cerealista Irmãos Abatepaulo Ltda.,
Antônio Carlota. Alfaiatarias: Silvio Santoro, Pascoal Grecco, José Francisco
de Oliveira, José Cardoso, Americano Alfaiate. </span></em><span style="color: black;"><o:p></o:p></span></p>
<p><em><u><span style="color: black;">Materiais para Construção</span></u><span style="color: black;">: Moacir Freyre & Cia., Lorival de Freitas & Cia., Manuel
Canuto Vieira, Casa Brasileira. </span></em><span style="color: black;"><o:p></o:p></span></p>
<p><em><u><span style="color: black;">Automóveis e Acessórios</span></u><span style="color: black;">: Irmãos Valentini Ltda. (Pontiac, Vauxhall e Belford),
Eduardo Pires de Moura. </span></em><span style="color: black;"><o:p></o:p></span></p>
<p><em><u><span style="color: black;">Frutas</span></u><span style="color: black;">:
Antônio Francisco Nogueira. </span></em><span style="color: black;"><o:p></o:p></span></p>
<p><em><u><span style="color: black;">Bicicletas</span></u><span style="color: black;">: Calói & Heringer. </span></em><span style="color: black;"><o:p></o:p></span></p>
<p><em><u><span style="color: black;">Modas e Confecções</span></u><span style="color: black;">: Puresa Ferreira. </span></em><span style="color: black;"><o:p></o:p></span></p>
<p><em><u><span style="color: black;">Salão de Beleza</span></u><span style="color: black;">: Jovalino Antônio Lisboa. </span></em><span style="color: black;"><o:p></o:p></span></p>
<p><em><u><span style="color: black;">Louças e Vidros</span></u><span style="color: black;">: Sebastião Simão.</span></em><span style="color: black;"><o:p></o:p></span></p>
<p><strong><i><u><span style="color: black;">Indústria</span></u></i></strong><span style="color: black;"><o:p></o:p></span></p>
<p><em><span style="color: black;">Número de Indústria Taxadas no Imposto de
Industria e Profissões: 64.</span></em><span style="color: black;"><o:p></o:p></span></p>
<p><em><span style="color: black;">Número de operários trabalhando nas
indústrias: 1721.</span></em><span style="color: black;"><o:p></o:p></span></p>
<p><em><span style="color: black;">Capital invertido na indústria no município:
Cr$ 30.108.285,70.</span></em><span style="color: black;"><o:p></o:p></span></p>
<p><em><span style="color: black;">Relação das consideradas grandes indústrias :</span></em><span style="color: black;"><o:p></o:p></span></p>
<p><em><u><span style="color: black;">Fábrica de Papel, papelão e cartolina</span></u><span style="color: black;">: Cia. Agrícola e Indústria Cícero Prado. </span></em><span style="color: black;"><o:p></o:p></span></p>
<p><em><u><span style="color: black;">Tecidos de Juta</span></u><span style="color: black;">: Cia. Fabril de Juta Taubaté. </span></em><span style="color: black;"><o:p></o:p></span></p>
<p><em><u><span style="color: black;">Fábrica de Botões</span></u><span style="color: black;">: Heitor, Lini & Cia. </span></em><span style="color: black;"><o:p></o:p></span></p>
<p><em><u><span style="color: black;">Capas para Garrafas (palhões)</span></u><span style="color: black;">: Koehler Asseburg & Cia. Ltda. </span></em><span style="color: black;"><o:p></o:p></span></p>
<p><em><u><span style="color: black;">Fábrica de Amido de Mandioca</span></u><span style="color: black;">: F.A.S.A. </span></em><span style="color: black;"><o:p></o:p></span></p>
<p><em><u><span style="color: black;">Fábrica de Bebidas e Refrigerantes</span></u><span style="color: black;">: Irmãos Amadei. </span></em><span style="color: black;"><o:p></o:p></span></p>
<p><em><u><span style="color: black;">Serraria</span></u><span style="color: black;">:
Shingai Higuchi & Fukuda. </span></em><span style="color: black;"><o:p></o:p></span></p>
<p><em><u><span style="color: black;">Adubos</span></u><span style="color: black;">:
Adubos Taubaté Ltda. </span></em><span style="color: black;"><o:p></o:p></span></p>
<p><em><u><span style="color: black;">Fábrica de Palhas para embalagem</span></u><span style="color: black;">: Uzier & Zanela. </span></em><span style="color: black;"><o:p></o:p></span></p>
<p><em><u><span style="color: black;">Fábrica de Perfumes</span></u><span style="color: black;">: Pedro Raposo Lopes. </span></em><span style="color: black;"><o:p></o:p></span></p>
<p><em><u><span style="color: black;">Couros e Solas</span></u><span style="color: black;">: Cortume Central Ltda. </span></em><span style="color: black;"><o:p></o:p></span></p>
<p><em><u><span style="color: black;">Colchões e Travesseiros</span></u><span style="color: black;">: Sebastião Carlos. </span></em><span style="color: black;"><o:p></o:p></span></p>
<p><em><u><span style="color: black;">Fábrica de Fogos</span></u><span style="color: black;">: José Benedito Romão Júnior. </span></em><span style="color: black;"><o:p></o:p></span></p>
<p><em><u><span style="color: black;">Massas Alimentícias</span></u><span style="color: black;">: Canata & Cia. </span></em><span style="color: black;"><o:p></o:p></span></p>
<p><em><u><span style="color: black;">Lacticínios</span></u><span style="color: black;">: Cooperativa de Lacticínios de Pindamonhangaba. </span></em><span style="color: black;"><o:p></o:p></span></p>
<p><em><u><span style="color: black;">Fábrica de Farinha de Mandioca</span></u><span style="color: black;">: Antônio Pinto Monteiro, José Augusto Mesquita. Fábrica de
Aguardente: Mateus Silva.</span></em><span style="color: black;"><o:p></o:p></span></p>
<p><strong><i><u><span style="color: black;">Bancos</span></u></i></strong><span style="color: black;"><o:p></o:p></span></p>
<p><em><span style="color: black;">Agencias ou filiais de bancos no município:
Banco Mercantil de São Paulo S/A, Banco do Vale do Paraíba S/A, Banco de
Itajubá S/A.</span></em><span style="color: black;"><o:p></o:p></span></p>
<p><strong><i><u><span style="color: black;">Caixa Econômica Estadual</span></u></i></strong><span style="color: black;"><o:p></o:p></span></p>
<p><em><span style="color: black;">Número de depositantes: 3.566.</span></em><i><span style="color: black;"><br />
<em>Montante dos depósitos: Cr$ 7.201.708,50.</em></span></i><span style="color: black;"><o:p></o:p></span></p>
<p><strong><i><u><span style="color: black;">Coletoria Estadual</span></u></i></strong><span style="color: black;"><o:p></o:p></span></p>
<p><em><span style="color: black;">Arrecadação em 1948: Cr$ 2.713.465,00.</span></em><span style="color: black;"><o:p></o:p></span></p>
<p><strong><i><u><span style="color: black;">Coletoria Federal</span></u></i></strong><span style="color: black;"><o:p></o:p></span></p>
<p><em><span style="color: black;">Total da arrecadação do Imposto de Renda: Cr$
2.443.217,00.</span></em><i><span style="color: black;"><br />
<em>Idem do Selo de Educação e Saúde: Cr$ 98.821,60.</em></span></i><span style="color: black;"><o:p></o:p></span></p>
<p><strong><i><u><span style="color: black;">Correios e Telégrafos</span></u></i></strong><span style="color: black;"><o:p></o:p></span></p>
<p><em><span style="color: black;">Classe de Agência: 1ª</span></em><i><span style="color: black;"><br />
<em>Montante da ultima arrecadação: Cr$ 357.888,60.</em><br />
<em>Serviço de Reembolso Postal: Tem.</em><br />
<em>Montante da arrecadação de taxas de Reembolso Postal: Cr$ 39.813,90.</em><br />
<em>Outras Agências Postais existentes no município: Agência Postal do Bairro
de Moreira César.</em></span></i><span style="color: black;"><o:p></o:p></span></p>
<p><strong><i><u><span style="color: black;">Estradas de Ferro</span></u></i></strong><span style="color: black;"><o:p></o:p></span></p>
<p><em><span style="color: black;">Estradas de ferro que servem o município:
Estradas de Ferro Central do Brasil e Estradas de Ferro Campos do Jordão
(eletrificada).</span></em><span style="color: black;"><o:p></o:p></span></p>
<p><em><span style="color: black;">Distância entre o município e a capital: <st1:metricconverter productid="175 quilmetros" w:st="on">175 quilômetros</st1:metricconverter>.</span></em><span style="color: black;"><o:p></o:p></span></p>
<p><em><span style="color: black;">Tempo médio de viagem: 4 horas.</span></em><span style="color: black;"><o:p></o:p></span></p>
<p><em><span style="color: black;">Custo de passagem entre a capital e o
município: Rápido: 1.ª classe: Cr$ 83,00; Expresso: Cr$ 35,00.</span></em><span style="color: black;"><o:p></o:p></span></p>
<p><em><span style="color: black;">Número de trens diários entre o município e a
capital: 7.</span></em><span style="color: black;"><o:p></o:p></span></p>
<p><strong><i><u><span style="color: black;">Estradas de Rodagem</span></u></i></strong><span style="color: black;"><o:p></o:p></span></p>
<p><em><span style="color: black;">Estradas estaduais que cortam o município:
Rio-São Paulo e Pindamonhangaba-Campos do Jordão.</span></em><span style="color: black;"><o:p></o:p></span></p>
<p><em><span style="color: black;">Distância entre o município e a capital: <st1:metricconverter productid="177 quilmetros" w:st="on">177 quilômetros</st1:metricconverter>.</span></em><span style="color: black;"><o:p></o:p></span></p>
<p><em><span style="color: black;">Tempo médio de viagem: 3,30 horas.</span></em><span style="color: black;"><o:p></o:p></span></p>
<p><em><span style="color: black;">Estradas municipais que cortam o município: <st1:metricconverter productid="248 quilmetros" w:st="on">248 quilômetros</st1:metricconverter> de
estradas municipais que cortam o município em todas as direções, fazendo a
ligação entre os diferentes bairros.</span></em><span style="color: black;"><o:p></o:p></span></p>
<p><em><span style="color: black;">Transportes rodoviários: Empresa de Ônibus
Pássaro Marrom, desta cidade à Capital. Empresa de Ônibus
Tremembé-Pindamonhanga e Empresa de Ônibus Pindamonhangaba-Coruputuba. Existe
um serviço organizado de auto lotação desta cidade à Capital e 9 Empresas de
Transporte rodoviário de carga que servem o município, das quais 3 com sede
nesta cidade.</span></em><span style="color: black;"><o:p></o:p></span></p>
<p><strong><i><u><span style="color: black;">Aviação</span></u></i></strong><span style="color: black;"><o:p></o:p></span></p>
<p><em><span style="color: black;">Localização do campo de pouso: A <st1:metricconverter productid="1.800 metros" w:st="on">1.800 metros</st1:metricconverter> do centro
da cidade, rumo NO.</span></em><span style="color: black;"><o:p></o:p></span></p>
<p><em><span style="color: black;">Número de pistas: 3.</span></em><span style="color: black;"><o:p></o:p></span></p>
<p><em><span style="color: black;">Capacidade das pistas e tipo: Grama.</span></em><span style="color: black;"><o:p></o:p></span></p>
<p><em><span style="color: black;">Aero Clube: Fundado em 14 de julho de
1939.</span></em><span style="color: black;"><o:p></o:p></span></p>
<p><em><span style="color: black;">Número de aviões de treinamento: 1 Aeronca, <st1:metricconverter productid="1 L" w:st="on">1 L</st1:metricconverter> H e 3 Paulistinhas.</span></em><span style="color: black;"><o:p></o:p></span></p>
<p><em><span style="color: black;">Alunos inscritos: 11.</span></em><span style="color: black;"><o:p></o:p></span></p>
<p><em><span style="color: black;">Pilotos já brevetados: 38.</span></em><span style="color: black;"><o:p></o:p></span></p>
<p><strong><i><u><span style="color: black;">Orçamento Municipal</span></u></i></strong><span style="color: black;"><o:p></o:p></span></p>
<p><em><span style="color: black;">Orçamento municipal para 1949: Cr$
2.508.300,00.</span></em><i><span style="color: black;"><br />
<em>Arrecadação em 1948: Cr$ 1.720.430,00.</em><br />
<em>Despesas em 1948: Cr$ 2.023.307,80.</em></span></i><span style="color: black;"><o:p></o:p></span></p>
<p><strong><i><u><span style="color: black;">Informações Político-Administrativas</span></u></i></strong><span style="color: black;"><o:p></o:p></span></p>
<p><em><span style="color: black;">Atual prefeito municipal: Professor Manuel
César Ribeiro.</span></em><span style="color: black;"><o:p></o:p></span></p>
<p><em><span style="color: black;">Vereadores municipais: Francisco Romano de
Oliveira, Manuel Canuto Vieira, Aníbal Leite de Abrei, Antônio Balbo, Armando
Mussab, Agostinho San Martin Filho, Armando Goffi, Otávio Oscar Campello de
Sousa, Luís Correa Guimarães, José Carlos Ribeiro, Francisco Lessa Jor.,
Arlindo Paim, Guilherme Toledo Schmidt.</span></em><span style="color: black;"><o:p></o:p></span></p>
<p><em><span style="color: black;">Realizações da atual administração: Ampliação,
restauração e melhoria da rede municipal de estradas de rodagem, ampliação da
rede de água e esgoto, instalação do serviço médico rural, com o funcionamento
de postos médicos e ambulatórios nos principais bairros, mecanização dos
serviços municipais, arborização e ajardinamento dos principais logradouros,
reforma nos próprios municipais, etc.</span></em><span style="color: black;"><o:p></o:p></span></p>
<p><em><span style="color: black;">Número de eleitores qualificados: 5.329.</span></em><span style="color: black;"><o:p></o:p></span></p>
<p><em><span style="color: black;">Zona eleitoral: 90ª.</span></em><span style="color: black;"><o:p></o:p></span></p>
<p><em><span style="color: black;">Sessões eleitorais: 13.</span></em><span style="color: black;"><o:p></o:p></span></p>
<p><em><span style="color: black;">Número de eleitores que compareceram ao último
pleito: 3.298.</span></em><span style="color: black;"><o:p></o:p></span></p>
<p><strong><i><u><span style="color: black;">Educação</span></u></i></strong><span style="color: black;"><o:p></o:p></span></p>
<p><em><span style="color: black;">Escolas secundárias: Escola Normal e Ginásio
Estadual “João Gomes de Araujo”, Escola de Comércio “Dr. João Romeiro”, Ginásio
Noturno de Pindamonhangaba, Núcleo de Ensino Profissional Ferroviário.</span></em><span style="color: black;"><o:p></o:p></span></p>
<p><em><span style="color: black;">Escolas primárias: grupos escolares: Grupo
Escolar “Dr. Alfredo Pujol”, Grupo Escolar “Antônio Bicudo Leme” e Grupo
Escolar “Dr. Rodrigo Romeiro”. Particulares: 3; número de alunos matriculados:
2.600.</span></em><span style="color: black;"><o:p></o:p></span></p>
<p><em><span style="color: black;">Escolas urbanas: 8 estaduais e 5 municipais.</span></em><span style="color: black;"><o:p></o:p></span></p>
<p><em><span style="color: black;">Escolas isoladas: 29 estaduais e 4 municipais.</span></em><span style="color: black;"><o:p></o:p></span></p>
<p><em><span style="color: black;">Alfabetização de adultos: número de cursos: 6;
matriculados: 187.</span></em><span style="color: black;"><o:p></o:p></span></p>
<p><em><span style="color: black;">Associações culturais: Grêmio “Dr. Antônio
Pinheiro Jor”.</span></em><span style="color: black;"><o:p></o:p></span></p>
<p><em><span style="color: black;">Associações esportivas: Associação Atlética
Ferroviária, Associação Esportiva Industrial, São Paulo Futebol Clube,
Corintians Futebol Clube, Moreira César Futebol Clube, Aero Clube de
Pindamonhangaba.</span></em><span style="color: black;"><o:p></o:p></span></p>
<p><em><span style="color: black;">Associações recreativas: Clube Literário e
Recreativo, Basquete Clube.</span></em><span style="color: black;"><o:p></o:p></span></p>
<p><em><span style="color: black;">Associação profissionais: Sindicato dos
Trabalhadores na Indústria de Papel, Papelão e Cortiça de Pindamonhangaba.</span></em><span style="color: black;"><o:p></o:p></span></p>
<p><strong><i><u><span style="color: black;">Saúde</span></u></i></strong><span style="color: black;"><o:p></o:p></span></p>
<p><em><span style="color: black;">Hospitais existentes no município: 2, mantidos
por instituições beneficentes.</span></em><span style="color: black;"><o:p></o:p></span></p>
<p><em><span style="color: black;">Subvenções que recebem: municipal: Cr$
8.000,00; estadual: Cr$ 40.000,00; federal: Cr$ 15.000,00.</span></em><span style="color: black;"><o:p></o:p></span></p>
<p><em><span style="color: black;">Serviços de saúde: Centro de Saúde “Emílio
Ribas”.</span></em><span style="color: black;"><o:p></o:p></span></p>
<p><em><span style="color: black;">Montante da arrecadação do selo de educação e
saúde no último exercício: Cr$ 98.821,60.</span></em><span style="color: black;"><o:p></o:p></span></p>
<p><strong><i><u><span style="color: black;">Informações Urbanas</span></u></i></strong><span style="color: black;"><o:p></o:p></span></p>
<p><em><span style="color: black;">Número de prédios existentes: 2.118.</span></em><span style="color: black;"><o:p></o:p></span></p>
<p><em><span style="color: black;">Edifícios públicos: Prefeitura Municipal,
Escritório da Estrada de Ferro Campos do Jordão, Fórum, Igreja, Matriz, Quartel
do IIº Batalhão de Engenharia, Escola Normal e Ginásio Estadual, Núcleo de
Ensino Profissional Ferroviário, Estação da Estrada de Ferro Central do Brasil
e da Estrada de Ferro Campos do Jordão, Estação Experimental de Produção Animal
(sede), Santa Casa de Misericórdia, Hospital e Maternidade Bazin, Inspetoria
Salesiana Sul do Brasil, Mercado Municipal e Cine Brasil.</span></em><span style="color: black;"><o:p></o:p></span></p>
<p><em><span style="color: black;">Número de ruas: 59.</span></em><span style="color: black;"><o:p></o:p></span></p>
<p><em><span style="color: black;">Número de praças: 4.</span></em><span style="color: black;"><o:p></o:p></span></p>
<p><em><span style="color: black;">Número de jardins: 3.</span></em><span style="color: black;"><o:p></o:p></span></p>
<p><em><span style="color: black;">Atrações turísticas: Visita à Estação
Experimental de Produção Animal, à Fazenda Coruputuba e excursão ao Pico do
Itapeva (<st1:metricconverter productid="2.200 metros" w:st="on">2.200 metros</st1:metricconverter>).</span></em><span style="color: black;"><o:p></o:p></span></p>
<p><em><span style="color: black;">Hotéis: Brasil, Palace, Central e Rio, além de
4 pensões.</span></em><span style="color: black;"><o:p></o:p></span></p>
<p><em><span style="color: black;">Imprensa: “Tribuna do Norte”, fundado em 1882.
Diretor: Dr. Paulo Emílio D’Alessandro. “Sete Dias”, fundado em 1947. Diretor:
Benedito Waldomiro de Abreu.</span></em><span style="color: black;"><o:p></o:p></span></p>
<p><em><span style="color: black;">Veículos licenciados: a motor: 397; tração
animal: 1.234.</span></em><span style="color: black;"><o:p></o:p></span></p>
<p><em><span style="color: black;">Monumento: Cascata artificial, busto do Dr.
Dino Bueno , herma do Barão Homem de Melo, herma do Dr. Emílio Ribas, herma do
Dr. Francisco Romeiro, herma do Dr. Cícero da Silva Prado, herma do Dr. Antônio
Pinheiro Jor. e obelisco comemorativo ao centenário da Independência.</span></em><span style="color: black;"><o:p></o:p></span></p>
<p><strong><i><u><span style="color: black;">Serviços Públicos</span></u></i></strong><span style="color: black;"><o:p></o:p></span></p>
<p><em><span style="color: black;">Abastecimento de água: Serviço explorado pela
Prefeitura Municipal.</span></em><span style="color: black;"><o:p></o:p></span></p>
<p><em><span style="color: black;">Rede de esgoto: Serviço da Prefeitura
Municipal.</span></em><span style="color: black;"><o:p></o:p></span></p>
<p><em><span style="color: black;">Iluminação: A cargo da Cia. Força e Luz de São
Paulo, que cobra Cr$ 0,50 o quilowatt.</span></em><span style="color: black;"><o:p></o:p></span></p>
<p><em><span style="color: black;">Energia elétrica: Fornecida pela mesma
Companhia, ao preço Cr$ 0,20 o quilowatt.</span></em><span style="color: black;"><o:p></o:p></span></p>
<p><em><span style="color: black;">Telefones: Serviços da Cia. Telefônica
Brasileira, com 389 aparelhos ligados.</span></em><span style="color: black;"><o:p></o:p></span></p>
<p><em><span style="color: black;">Calçamento: A cidade tem <st1:metricconverter productid="45.600 metros quadrados" w:st="on">45.600 metros quadrados</st1:metricconverter>
de calçamento a paralelepípedos.</span></em><span style="color: black;"><o:p></o:p></span></p>
<p><em><span style="color: black;">Matadouro municipal: Reses abatidas em 1948:
Bois: 1.675. Vacas: 1.800. Porcos: 2.907. Leitões: 340. Carneiros: 36.
Cabritos: 140.</span></em><span style="color: black;"><o:p></o:p></span></p>
<p><em><span style="color: black;">Cemitérios: Cemitério Municipal e Cemitério do
Santíssimo Sacramento.</span></em><span style="color: black;"><o:p></o:p></span></p>
<p><em><span style="color: black;">Bibliotecas: Biblioteca Pública Municipal,
Biblioteca do Núcleo de Ensino Profissional, Biblioteca da Escola Normal e
Ginásio do Estado.</span></em><span style="color: black;"><o:p></o:p></span></p>
<p><em><span style="color: black;">Guarda noturna: Mantida pela população e
subvencionada pela Prefeitura.</span></em><span style="color: black;"><o:p></o:p></span></p>
<p><strong><i><u><span style="color: black;">Informações Religiosas</span></u></i></strong><span style="color: black;"><o:p></o:p></span></p>
<p><em><span style="color: black;">Organização da Igreja Católica: Paróquia de N.
S. do Bom Sucesso, pertencente à Diocese de Taubaté.</span></em><span style="color: black;"><o:p></o:p></span></p>
<p><em><span style="color: black;">Obras assistenciais mantidas pela Igreja
Católica: Conferência de São Vicente de Paula, Vila dos Pobres (com 38 casas),
Orfanato e Casa Pia “Cônego Tobias”, Inspetoria Salesiana Sul do Brasil,
Orfanato de Meninos São João Bosco, Colégio do Socorro, Associação de São
Vicente de Paula e Damas de Caridade.</span></em><span style="color: black;"><o:p></o:p></span></p>
<p><em><span style="color: black;">Organização da Igreja Protestante: Igreja
Batista de Pindamonhangaba e Igreja Metodista de Pindamonhangaba.</span></em><span style="color: black;"><o:p></o:p></span></p>
<p><em><span style="color: black;">Organização dos Centros Espíritas: Centro
Espírita “Irmã Teresinha”, Centro Espírita “Caridade e Amor”, Centro Espírita
“Fraternidade”.</span></em><span style="color: black;"><o:p></o:p></span></p>
<p><em><span style="color: black;">Obras assistenciais mantidas pelo Espiritismo:
Ambulatório e Albergue “Padre Zabeu”.</span></em><span style="color: black;"><o:p></o:p></span></p>
<p><strong><i><u><span style="color: black;">Informações Diversas</span></u></i></strong><span style="color: black;"><o:p></o:p></span></p>
<p><em><span style="color: black;">Médicos: Drs. Otávio Oscar Campello de Sousa,
Ubaldino Antunes Oliveira, Clodomiro Marques, Paulo Emílio D’Alessandro, Caio
Gomes Figueiredo, Francisco Lessa Jor., Carlos Tupiniquim.</span></em><span style="color: black;"><o:p></o:p></span></p>
<p><em><span style="color: black;">Engenheiros: Drs. Eduardo Eisele, Demítrios
Stambolos e Eynaldo Ramos.</span></em><span style="color: black;"><o:p></o:p></span></p>
<p><em><span style="color: black;">Dentistas: Drs. José Temer, Cícero Rezende,
Glorita Homem de Melo, Francisco de Assis César, Mário de Assis César, Vicente
Correia Leite, Elzo Soares Nogueira, Vinícius Japiassu, Rosendo Palma.</span></em><span style="color: black;"><o:p></o:p></span></p>
<p><em><span style="color: black;">Farmácias: Nova, Santa Teresa, São José, Santa
Helena, São Judas Tadeu, N. S. Aparecida, Nossa Senhora do Bom Sucesso, Santo
Antônio e Coruputuba.</span></em><span style="color: black;"><o:p></o:p></span></p>
<p><em><span style="color: black;">Laboratórios de análise: Dr. Clodomiro
Marques.</span></em><span style="color: black;"><o:p></o:p></span></p>
<p><em><span style="color: black;">Instalação de Raios X: Dr. José Temer, Santa
Casa de Misericórdia de Pindamonhangaba, Hospital e Maternidade “Bazin” e Dr.
Clodomiro Marques.</span></em><span style="color: black;"><o:p></o:p></span></p>
<p><em><span style="color: black;">Teatros: Basquete Clube, com capacidade para
500 pessoas.</span></em><span style="color: black;"><o:p></o:p></span></p>
<p><em><span style="color: black;">Cinemas: Cine Brasil, com capacidade para
1.300 espectadores. Cine Coruputuba, com capacidade para 900 espectadores. Cine
Éden, com capacidade para 850 espectadores.</span></em><span style="color: black;"><o:p></o:p></span></p>
<p><em><span style="color: black;">Corporações musicais: Corporação Musical
Euterpe e Corporação Musical Coruputuba.</span></em><span style="color: black;"><o:p></o:p></span></p>
<p><em><span style="color: black;">Conjuntos orquestrais: 2.</span></em><span style="color: black;"><o:p></o:p></span></p>
<p><em><span style="color: black;">Grupos de amadores teatrais: 1.</span></em><span style="color: black;"><o:p></o:p></span></p>
<p><em><u><span style="color: black;">Filhos Ilustres do município</span></u><span style="color: black;">: Barão Homem de Melo, Dr. Emílio Ribas, Maestro João Gomes
de Araújo, Senador Dino Bueno, Dr. Eloy Chaves, Ministro Leão Veloso, Pintor
Monteiro França.</span></em><span style="color: black;"><o:p></o:p></span></p>
<p><em><span style="color: black;"> ******************************************</span></em><span style="color: black;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><em><span style="color: black;"> </span></em><em><span style="color: black; font-style: normal;">FONTE: https://www.migalhas.com.br/drpintassilgo</span></em><o:p></o:p></p>paulotarcizio.blogspothttp://www.blogger.com/profile/09916505674891080742noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5638539114427077969.post-74286150944680558912022-07-17T16:16:00.001-07:002022-07-17T16:19:55.211-07:00ETEP 76<p style="text-align: center;"> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhYlOJ11J1Vy6HWfulNTXtjH0xD6BFcrYbDTfwXx7tlDOI4e5HK6rda8umrPw6MGWz6iJo-iZ94Dzw2Bjd07B5GhoD94uCK96Wn5ero_vK4tdKXC1iCtmznQADA4ujyj9sDcVHoZO2yjtSKIK8o7OrxcmjQCP65pnhMSBNFf32VzlfBpJ3p1p7bTPYt/s834/ETEP.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="755" data-original-width="834" height="388" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhYlOJ11J1Vy6HWfulNTXtjH0xD6BFcrYbDTfwXx7tlDOI4e5HK6rda8umrPw6MGWz6iJo-iZ94Dzw2Bjd07B5GhoD94uCK96Wn5ero_vK4tdKXC1iCtmznQADA4ujyj9sDcVHoZO2yjtSKIK8o7OrxcmjQCP65pnhMSBNFf32VzlfBpJ3p1p7bTPYt/w428-h388/ETEP.jpg" width="428" /></a></div><br /><p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;">Tudo tratado e contratado,<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;">não havia remédio nem fuga:<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;">estranhos seres eu ia ver de perto.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><o:p><span style="font-size: large;"> </span></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;">— de tão perto que me gelava o
estômago —,<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><o:p><span style="font-size: large;"> </span></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;">seres imprevistos, perturbadores.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><o:p><span style="font-size: large;"> </span></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;">Já andavam próximos: escutei os
sons,<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;">suas vozes — de repente os
enxerguei!<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><o:p><span style="font-size: large;"> </span></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;">Eu os vi! Alguns olharam na minha
direção,<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;">uns vieram se aproximando,<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;">achegaram-se, falaram comigo,
falaram!<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;">assentaram-se, um pediu café e
conversaram,<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><o:p><span style="font-size: large;"> </span></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;">conversaram comigo<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;">com suas inocentes vozes.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><o:p><span style="font-size: large;"> </span></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;">Ah! Após, após, chegaríamos a
chorar juntos,<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;">a rir juntos e hoje em dia nos
abraçamos,<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><o:p><span style="font-size: large;"> </span></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;">mas naquela tarde eu ainda tinha
medo<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;">dos humanos jovens.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><o:p><span style="font-size: large;"> </span></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;">====================<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;">Poema de Paulo Tarcizio, no livro
TERRA VEGETAL – Ed. Scortecci<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;">Foto: Divulgação</span><o:p></o:p></p>paulotarcizio.blogspothttp://www.blogger.com/profile/09916505674891080742noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5638539114427077969.post-5511551017330911742022-07-01T13:13:00.001-07:002022-07-01T13:13:52.543-07:00Obrigado, Jesus<div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEiYYEgEM9s74VxPsLTKdUIUn6lVl1rEjyF4_v1hv2USWxbRfzz8K4w2T7dV62vkDKae7CCgnoXKCZD08nhC1XCz552_PY35ydtED7H6xh7yxHthDG-nqRR6jxdQK09_htPTOzvSacs4Pw5h-IBqg8VpJZa0-RTSkndOQHUBV-XbmG1szVQNqgZBQwZz" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img alt="" data-original-height="885" data-original-width="1334" height="289" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEiYYEgEM9s74VxPsLTKdUIUn6lVl1rEjyF4_v1hv2USWxbRfzz8K4w2T7dV62vkDKae7CCgnoXKCZD08nhC1XCz552_PY35ydtED7H6xh7yxHthDG-nqRR6jxdQK09_htPTOzvSacs4Pw5h-IBqg8VpJZa0-RTSkndOQHUBV-XbmG1szVQNqgZBQwZz=w437-h289" width="437" /></a></div><br /></div><div><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 6.0pt; mso-pagination: none; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 14.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-style: italic;"><o:p> </o:p></span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 14pt; text-indent: 35.45pt;">Obrigado,
Jesus. Ajoelhado, reconheço mais uma vez minha condição de criatura, diante
de Você, o Criador.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 6.0pt; mso-pagination: none; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 14.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-style: italic;">Obrigado,
Jesus da minha avó, que rezava todos os dias o dia todo, balbuciando
orações que eu não ouvia, mas Você ouvia.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 6.0pt; mso-pagination: none; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 14.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-style: italic;">Jesus
do meu pai, que deixou até hoje, entre as palmas dos coqueiros da Capela, o eco
da forte voz a entoar canções, dizendo que transbordam selvas de flores e os
céus se enchem de luz para entoarem louvores ao coração de Jesus.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 6.0pt; mso-pagination: none; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 14.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-style: italic;">Jesus
da minha mãe que, do portãozinho de
casa, viu o Amém desenhado com nuvenzinhas brancas no azul, bem acima das
mesmas palmas dos coqueiros.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 6.0pt; mso-pagination: none; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 14.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-style: italic;">Jesus
dos meus irmãos e irmãs, alguns já abraçados a Você no paraíso que nos prometeu,
outros ainda desfrutando de Suas graças neste Vale que Sua bondade nos destinou.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 6.0pt; mso-pagination: none; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 14.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-style: italic;">Jesus
das minhas filhas e dos meus netos, criados no amor ensinado por Você.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 6.0pt; mso-pagination: none; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 14.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-style: italic;">Jesus
da minha esposa, que noturnamente tem para Você as derradeiras palavras antes
do sono, que se aproxima e a envolve.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 6.0pt; mso-pagination: none; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 14.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-style: italic;">Você
é meu irmão, que me quer <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 6.0pt; mso-pagination: none; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 14.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-style: italic;">E me
protege (cego sou) e guia<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 6.0pt; mso-pagination: none; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 14.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-style: italic;">Pelos
caminhos os meus pés.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 6.0pt; mso-pagination: none; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 14.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-style: italic;"><br /></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 6.0pt; mso-pagination: none; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 14.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-style: italic;">Deixo
de pensar em Você <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 6.0pt; mso-pagination: none; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 14.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-style: italic;">Às
vezes por tempos compridos.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 6.0pt; mso-pagination: none; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 14.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-style: italic;">E
quando então me lembro<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 6.0pt; mso-pagination: none; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 14.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-style: italic;">A
Sua presença é enorme<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 6.0pt; mso-pagination: none; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 14.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-style: italic;">E
me preenche, total.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 6.0pt; mso-pagination: none; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 14.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-style: italic;"><br /></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 6.0pt; mso-pagination: none; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 14.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-style: italic;">Mas
se eu sou tentado a agir assim<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 6.0pt; mso-pagination: none; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 14.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-style: italic;">Tão
ingratamente assim,<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 6.0pt; mso-pagination: none; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 14.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-style: italic;">Em
parte é (me desculpe)<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 6.0pt; mso-pagination: none; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 14.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-style: italic;">Culpa
Sua, <o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 6.0pt; mso-pagination: none; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 14.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-style: italic;"><br /></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 6.0pt; mso-pagination: none; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 14.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-style: italic;">Pois
todas as vezes em que me lembro<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 6.0pt; mso-pagination: none; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 14.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-style: italic;">De
Você, que preciso de Você,<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 6.0pt; mso-pagination: none; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 14.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-style: italic;">E O
chamo,<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 6.0pt; mso-pagination: none; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 14.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-style: italic;">Você
vem,<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 6.0pt; mso-pagination: none; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 14.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-style: italic;"><br /></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 6.0pt; mso-pagination: none; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 14.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-style: italic;">Você
vem sempre, meu irmão forte,<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 6.0pt; mso-pagination: none; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 14.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-style: italic;">Meu
irmão Jesus,<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 6.0pt; mso-pagination: none; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 14.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-style: italic;">Meu
irmão e meu Senhor.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 6.0pt; mso-pagination: none; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 14.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-style: italic;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 6.0pt; mso-pagination: none; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 14.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-style: italic;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 6.0pt; mso-pagination: none; text-align: center;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">******<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 6.0pt; mso-pagination: none;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Texto e foto de Paulo Tarcizio
da Silva Marcondes<o:p></o:p></span></i></p><br /></div>paulotarcizio.blogspothttp://www.blogger.com/profile/09916505674891080742noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-5638539114427077969.post-2115138168412402822021-12-31T15:42:00.006-08:002022-01-25T14:17:31.354-08:00Lições do Professor Alexandre<p style="text-align: center;"> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEgbcOdfMBUgDq9ag1VwimOnZrkBjX8yjtCj3z7EuQApUOtwDtfX5yv_bZz1vx4VvareFA-3jQI3AGHOiCUQWN2VPYoF7gHgHgscY4qEbSFYqrwjRDOXGj6aCw-ALo0_ElyKdfqPvOmbxCOyj_H0Ke26Xha3zI1ek6dTJ4Fx4xj0VNIGdEZ_zNHAQEus=s499" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="499" data-original-width="338" height="467" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEgbcOdfMBUgDq9ag1VwimOnZrkBjX8yjtCj3z7EuQApUOtwDtfX5yv_bZz1vx4VvareFA-3jQI3AGHOiCUQWN2VPYoF7gHgHgscY4qEbSFYqrwjRDOXGj6aCw-ALo0_ElyKdfqPvOmbxCOyj_H0Ke26Xha3zI1ek6dTJ4Fx4xj0VNIGdEZ_zNHAQEus=w317-h467" width="317" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">Professor Alexandre Machado Salgado</div><p></p><p align="right" class="MsoBodyText" style="margin-bottom: 0cm; margin-left: 2.0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; margin: 0cm 0cm 0cm 2cm; mso-pagination: none; text-align: right;"><br /></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-top: 12pt; mso-pagination: none; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 14pt; line-height: 150%;">Bem antes de entrar para o
ginásio eu já conhecia de nome o Professor Alexandre, que era tio do Seu José Salgado, farmacêutico em Coruputuba. Seu Salgado era marido de minha professora de primeiro ano, Dona Maria Amélia, e era chefe da minha irmã Ana Clara. Mas voltemos ao Professor Alexandre: os meus irmãos Pedro e
Zaga, algumas séries na frente, falavam sobre a seriedade do mestre de Latim. Fui
conhecê-lo pessoalmente no exame de admissão, na prova oral de Português. <o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-top: 12pt; mso-pagination: none; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 14pt; line-height: 150%;">Tendo sido aprovado nos exames
escritos, peguei o ônibus do Seu Ciro Valentini e fui para a cidade. Aguardava na fila a minha vez de ser chamado. E ali, na escada em
caracol do velho prédio do Instituto, hoje Museu, fiquei conhecendo a Catarina
e a Vera, filhas do doutor João de Deus. Companheiros de apreensão, fomos
chamados para a sala de exame. À mesa, aguardando a demonstração dos nossos
conhecimentos, a banca formada pelos mestres: Professora Terezinha e Professor
Alexandre.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-top: 12pt; mso-pagination: none; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 14pt; line-height: 150%;">Os pequenos candidatos
esperavam nas carteiras a vez de se apresentarem para ler um texto e responder
a três perguntas de cada examinador. Sentado
na primeira carteira, bem diante da mesa, não me contive quando vi que a Vera,
sendo questionada a respeito de preposições, estava hesitando... Para fazer
bonito, e pensando que os professores não estavam atentos, comecei a fazer
sinais para ela, querendo contar a resposta. Fui apanhado <i>no pulo</i>, o olhar penetrante do Professor Alexandre me paralisando.
Pediu minha ficha, olhou e me disse pau-sa-da-men-te:
<i>Muito bem, Senhor Marcondes, o senhor está querendo mostrar que sabe, não é?
Pois na sua vez o senhor vai ter oportunidade de mostrar o seu conhecimento:
Vou lhe fazer algumas perguntinhas extras...</i> Gelei, vi que o professor
tinha ficado vermelho, achei que ele estava com muita raiva. De repente, me deu
saudade de casa, do quintal tão sossegado... Mas já era a minha vez. Li o texto
para a Professora Terezinha, que me fez as três perguntas regulamentares,
respondi certo, meio automático. Mudei de cadeira, agora fiquei pertinho do
Professor Alexandre.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-top: 12pt; mso-pagination: none; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 14pt; line-height: 150%;">Ele me fez três perguntas.
Respondi, nervoso, mas respondi certo. Só que ele não parou: continuou me
fazendo perguntas, uma atrás da outra. Fui rebatendo, estava bem preparado.
Foram umas dez perguntas, até que ele me disse: <i>O senhor está dispensado,
pode sair</i>. Saí, pensando que tinha posto tudo a perder. Todo o meu esforço
em estudar, ler... justo num ano em que tinha ficado doente e não pude
acompanhar direito o preparatório da Dona Orlinda. Nossa Senhora, e a expectativa
de Mamãe... Será que vou repetir no exame de admissão, e tudo por causa da
minha bobeira, querendo fazer bonito para as meninas da cidade. Claro que o
Professor Alexandre vai me dar uma nota baixa, para me castigar. <o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-top: 12pt; mso-pagination: none; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 14pt; line-height: 150%;">Quando o resultado saiu, estava
lá a minha nota, datilografada em vermelho: dez. Foi isto: o Professor
Alexandre apanhou um aluninho fazendo uma arte feia, mas castigou-o somente com
a repreensão, com o olhar. E com as perguntas extras. Não abaixou a nota,
respeitou a demonstração do conhecimento: colocou-se acima de sua própria
irritação e me deu uma lição de justiça. <o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-top: 12pt; mso-pagination: none; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 14pt; line-height: 150%;">Foi meu professor de Latim por
dois anos. Não encontrei dificuldade: era coroinha e estava acostumado a
dialogar em latim com os padres, no ritual das missas. Na terceira série do
ginásio, foi meu professor de Português: redação toda semana. Adorei, poder
escrever, escrever... produzir textos que depois eram valorizados porque eram
lidos pelo professor em voz alta para a classe, acrescentando comentários,
sugestões... Só que eu faltava muito às aulas, estava preferindo ficar
recolhido na roça, tratando da cabra, do porco, olhando os pombos... Hoje sei
que aquilo era depressão, durou quase um ano. Faltei a mais de uma prova do
Professor Alexandre – e ele ficava irritado com isto. Então, após perder mais
uma prova, lá fui eu: <i>Professor, faltei na prova, dá para o senhor dar
outra?</i> E ele, decidido: <i>Muito bem, pode se sentar, aqui na primeira
carteira. Tire uma folha do caderno e escreva uma carta. O tratamento é Vossa
Majestade. O tema é: o cabo do guarda-chuva</i>.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-top: 12pt; mso-pagination: none; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 14pt; line-height: 150%;">Sentei-me. Tirei uma folha.
Perguntei: <i>Professor, posso pegar o dicionário?</i> E o Professor Alexandre
ficou mais calmo de repente e condescendeu: <i>Sim, pode</i>. E eu escrevi uma
carta ao rei, apresentando-me como humilde súdito que morava pertinho de um dos
quartéis do exército do reino. Claro que o rei desconhecia as irregularidades,
mas os soldados aprontavam muito – e fui discorrendo, respeitosamente. Terminei
por contar que um dos militares, um simples cabo, aproveitava-se do estado
geral de indisciplina e sempre saía à paisana, um janota, carregando – à guisa
de acessório elegante – um guarda-chuva. A vizinhança já lhe dera o apelido de<i> O Cabo do guarda-chuva</i>... Foi mais uma
nota dez que o Professor Alexandre me deu. Apesar de estar ainda zangado com as
minhas ausências. <o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-top: 12pt; mso-pagination: none; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 14pt; line-height: 150%;">Aos domingos, eu ia com o Zaga
à cidade para assistir à missa na Matriz, mas não era pela missa. Missa havia
em Coruputuba. É que, depois da missa, o Professor Alexandre tocava o órgão. Ficávamos
sentados na penumbra da igreja – enquanto as notas musicais de Bach voavam
ligeiras junto ao teto, como pombas cheias de desejo de liberdade, querendo
escapar pelos vitrais... <o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-top: 12pt; mso-pagination: none; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 14pt; line-height: 150%;">Os anos se passaram.
Perambulei. Voltei para Pindamonhangaba. Meu professor tinha se aposentado havia
tempos, mas continuava, imaginem, não <i>lecionando</i>,
mas <i>estudando</i>. Quase todo dia
consultava livros e dicionários na biblioteca pública. Várias vezes o incomodei
com consultas: <i>Professor, como é mesmo aquele provérbio <st1:personname productid="em latim... E" w:st="on">em latim<span style="font-style: normal;">...
E</span></st1:personname><span style="font-style: normal;"> ele, sempre calmo e
atencioso, me explicava que no momento não se lembrava, mas ia pesquisar e me
ligava de volta. E assim fazia, ligando e tirando minhas dúvidas. A penúltima
vez em que estive com ele foi num concerto na Faculdade de Música. Entreguei-lhe um poema em homenagem ao
trabalho do mestre. Alguns dias depois, no supermercado, nós nos encontramos e
ele me devolveu o poema, agora vertido para o latim: foi nosso último encontro. Mas naquela noite na Faculdade ele me disse
que professor de Português precisa dar redação toda semana. Acrescentou: </span>Se
não der para corrigir, não faz mal. Importante é dar muita oportunidade para o
aluno escrever</i>.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-top: 12pt; mso-pagination: none; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 14pt; line-height: 150%;">Quando o Professor Alexandre
Machado Salgado faleceu, perdi uma referência. Senti sua falta do mesmo modo
como senti a falta de Papai. Mas a falta de Papai eu senti de uma vez só, num
baque. A falta do Professor Alexandre fui sentindo aos poucos, cada vez mais,
cada vez que pretendia fazer uma consulta sobre latim, cada vez que queria
conversar sobre literatura, sobre outros tempos, outras culturas, outras
línguas... <o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-top: 12pt; mso-pagination: none; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 14pt; line-height: 150%;">Olho para a cidade: não vejo
mais passar o meu professor, de cabelos brancos e andar tranquilo, e isto me
deixa triste. Nossa cidade vai perdendo suas referências, seus marcos, os seus
alicerces éticos.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-top: 12pt; mso-pagination: none; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 14pt; line-height: 150%;">Já se passaram tantos anos sem
o Professor Alexandre! Mas guardei as suas lições. Aquele professor tão sisudo,
severo, em mais de uma ocasião mostrou que o mestre deve sim repreender, punir
quando necessário. Mas não pode continuar punindo para o resto da vida. Há o
momento de superar suas irritações, zangas, por mais justas que sejam, e olhar
com isenção para o aluno que está ali, diante dele, e premiar o esforço que sucede
o erro. <o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-top: 12pt; mso-pagination: none; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 14pt; line-height: 150%;">Enquanto cumpria o seu modo
coerente de viver, discretamente, ele me ensinava como deve ser um verdadeiro
educador.<o:p></o:p></span></p><p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; margin-left: 18.0pt; margin-right: 0cm; margin-top: 12.0pt; margin: 12pt 0cm 0cm 18pt; mso-pagination: none; text-align: center;"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 14pt; line-height: 150%;">* * * * * * * <o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-top: 12pt; mso-pagination: none; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
</p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-top: 12pt; mso-pagination: none; text-align: justify;"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 14pt; line-height: 150%;">Texto de Paulo Tarcizio da Silva Marcondes, no
livro Aconteceu na Escola, 2012.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-top: 12pt; mso-pagination: none; text-align: justify;"><span face=""Arial",sans-serif" style="line-height: 150%; mso-bidi-font-size: 12.0pt;"></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhl2ZemZrE0I4o0KuaXQoO3UcgHPtboUkDBxrmolOzG6lWSnQADiurascBb9GycTY88HOrCqDPay7a39H1fvHMX2wfdWEXGHMEH3RDG0GmxdP55BI6LAtqQyE53wL7_bOZ45WcZhQB50co/" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img alt="" data-original-height="960" data-original-width="804" height="439" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhl2ZemZrE0I4o0KuaXQoO3UcgHPtboUkDBxrmolOzG6lWSnQADiurascBb9GycTY88HOrCqDPay7a39H1fvHMX2wfdWEXGHMEH3RDG0GmxdP55BI6LAtqQyE53wL7_bOZ45WcZhQB50co/w368-h439/Prof.+Alexandre.rec.jpg" width="368" /></a></div><div style="text-align: center;">Professor Alexandre é o segundo a contar da esquerda</div><p></p>paulotarcizio.blogspothttp://www.blogger.com/profile/09916505674891080742noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5638539114427077969.post-11740759988919061612021-10-08T20:57:00.004-07:002022-01-26T16:51:39.857-08:00PEQUENO OFICIO DA IMACULADA CONCEICAO<div><br /></div><div><br /></div><div><br /></div><div>8 de Dezembro</div><div>DIA DA IMACULADA CONCEIÇÃO DE NOSSA SENHORA</div><div><br /></div><div><div style="text-align: justify;">Lembrando de meu pai Prof.Francisco Fonseca Marcondes. Lembrando da Congregação Mariana da Capela de Nossa Senhora Aparecida e São José de Coruputuba. Lembrando do Seu Chico Lucio, do Seu Antonio Ramos da Silva Filho, do Seu Irineu Ribeiro, do Seu Juquinha Gonçalves, do Seu Nico Gonçalves, do Seu Emiliano, do Seu Pedro Moreira e de todos os Congregados. E das Filhas de Maria, é do Maestro João Antonio Romão. E dos meus irmãos Francisco Carlos, José Pedro, João Bosco, que já se foram para o regaço de Jesus. Lembrando de mim e do meu irmao Zaga, que sobramos por enquanto para relembrar as músicas do Paraíso. Lembrando de minha irmã Ana Clara cantando no coro com Vera Gomes, Dulce, com as irmãs Assoni, Vali, Ivete, Maria Canedo, Verinha, Schirley, Carminha. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Lembrando do menino que fui, do feliz e quieto menino que fui, do menino que sabia que tudo aquilo, no meio das mudanças e atropelos que viriam, se referia a pedaços de eternidade, que ficariam, que iriam durar muito além da vida daquelas honrosas pessoas.</div></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div>PEQUENO OFÍCIO DA IMACULADA CONCEIÇÃO</div><div><br /></div><div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiDi77yBNTuzU4SBHL5SZeOtUWCNq-eGK-3hijYYkcNkUBf285bt1_lgEJN2RGyIehBw6586i9q4kw5wjLlnI6r6LoNBSxXoiImR7xs2l-Smk-3r5d4vRlYAlkL4kGPXKeFF8O-YWTvUD0/s1600/1633750977128756-0.png" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;">
<img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiDi77yBNTuzU4SBHL5SZeOtUWCNq-eGK-3hijYYkcNkUBf285bt1_lgEJN2RGyIehBw6586i9q4kw5wjLlnI6r6LoNBSxXoiImR7xs2l-Smk-3r5d4vRlYAlkL4kGPXKeFF8O-YWTvUD0/s1600/1633750977128756-0.png" width="400" />
</a>
</div><br /></div><div><br /></div><div>MATINAS</div><div><br /></div><div><br /></div><div>V. Eia, entoai agora, lábios meus,</div><div>R. Glória e dons da Virgem Mãe de Deus.</div><div>V. Em meu socorro vinde já Senhora;</div><div>R. Do inimigo livrai-me, vencedora.</div><div>V. Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo.</div><div>R. Como era no principio, agora e sempre. Amém. (No Tempo Pascal, acrescenta-se: Aleluia)</div><div><br /></div><div>Hino</div><div><br /></div><div>1º coro</div><div>Salve, ó Virgem Mãe, Senhora minha,</div><div>Estrela da manhã, do Céu Rainha.</div><div>Cheia de graça sois; salve, luz pura,</div><div>Valei ao mundo e a toda criatura.</div><div><br /></div><div>2º coro</div><div>Para Mãe o Senhor vos destinou,</div><div>Do que mares e a terra e os céus criou.</div><div>Preservou Ele a vossa Conceição</div><div>Da mancha, que nós temos em Adão. Amém.</div><div><br /></div><div><br /></div><div>V. Deus a escolheu e predestinou:</div><div>R. No seu Tabernáculo fez habitar.</div><div>V. Protegei, Senhora, a minha oração;</div><div>R. E chegue até vós o meu clamor.</div><div><br /></div><div>OREMOS</div><div><br /></div><div style="text-align: justify;">Santa Maria - Rainha dos Céus - Mãe de Nosso Senhor Jesus Cristo e dominadora do mundo - que a ninguém desamparais, nem desprezais - ponde, Senhora, em mim - os olhos de vossa piedade - e alcançai-me de vosso amado Filho - o perdão de todos os meus pecados - para que, - venerando agora afetuosamente a vossa Imaculada Conceição, - consiga depois a coroa da eterna bem-aventurança - por mercê do mesmo vosso Filho Jesus Cristo - Senhor Nosso - que com o Pai e o Espírito Santo - vive e reina, em unidade perfeita - DEUS - pelos séculos dos séculos. – Amém.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">V. Protegei, Senhora, a minha oração.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">R. E chegue até vós o meu clamor.</div><div style="text-align: justify;">V. Bendigamos ao Senhor.</div><div style="text-align: justify;">R. Demos graças a Deus.</div><div style="text-align: justify;">V. As almas dos fiéis defuntos, por misericórdia de Deus, descansem em paz.</div><div style="text-align: justify;">R. Amém.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">PRIMA</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">V. Em meu socorro vinde já, Senhora;</div><div style="text-align: justify;">R. Do inimigo livrai-me vencedora.</div><div style="text-align: justify;">V. Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo.</div><div style="text-align: justify;">R. Como era no principio, agora e sempre. Amém. (No Tempo Pascal, acrescenta-se: Aleluia)</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Hino</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">1º coro</div><div style="text-align: justify;">Salve, prudente Virgem destinada</div><div style="text-align: justify;">Para dar ao Senhor digna morada;</div><div style="text-align: justify;">Sois as sete colunas da Escritura;</div><div style="text-align: justify;">Do templo a mesa foi de vós figura.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">2º coro</div><div style="text-align: justify;">Fostes livres do mal que o mundo espanta</div><div style="text-align: justify;">E no seio materno sempre santa.</div><div style="text-align: justify;">Porta dos santos; Eva, mãe da vida;</div><div style="text-align: justify;">Estrela de Jacó aparecida.</div><div style="text-align: justify;">Sois armado esquadrão contra o maligno;</div><div style="text-align: justify;">Sede amparo e refúgio ao povo digno. Amém.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">V. Ele próprio a criou no Espírito Santo</div><div style="text-align: justify;">R. E a representou maravilhosamente em todas as Suas obras.</div><div style="text-align: justify;">V. Protegei, Senhora, a minha oração</div><div style="text-align: justify;">R. E chegue até vós o meu clamor.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">OREMOS</div><div style="text-align: justify;">Santa Maria - Rainha dos Céus - Mãe de Nosso Senhor Jesus Cristo e dominadora do mundo - que a ninguém desamparais, nem desprezais - ponde, Senhora, em mim - os olhos de vossa piedade - e alcançai-me de vosso amado Filho - o perdão de todos os meus pecados - para que, - venerando agora afetuosamente a vossa Imaculada Conceição, - consiga depois a coroa da eterna bem-aventurança - por mercê do mesmo vosso Filho Jesus Cristo - Senhor Nosso - que com o Pai e o Espírito Santo - vive e reina, em unidade perfeita - DEUS - pelos séculos dos séculos. – Amém.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">V. Protegei, Senhora, a minha oração.</div><div style="text-align: justify;">R. E chegue até vós o meu clamor.</div><div style="text-align: justify;">V. Bendigamos ao Senhor.</div><div style="text-align: justify;">R. Demos graças a Deus.</div><div style="text-align: justify;">V. As almas dos fiéis defuntos, por misericórdia de Deus, descansem em paz.</div><div style="text-align: justify;">R. Amém.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">TÉRCIA</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">V. Em meu socorro vinde já, Senhora;</div><div style="text-align: justify;">R. Do inimigo livrai-me vencedora.</div><div style="text-align: justify;">V. Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo.</div><div style="text-align: justify;">R. Como era no principio, agora e sempre. Amém. (No Tempo Pascal, acrescenta-se: Aleluia)</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Hino</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">1º coro</div><div style="text-align: justify;">Salve, áureo trono, íris de bonança,</div><div style="text-align: justify;">Sarça do Horeb e arca da aliança,</div><div style="text-align: justify;">De Jessé vara, velo de Gedeão,</div><div style="text-align: justify;">Porta fechada, favo de Sansão.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">2ºcoro</div><div style="text-align: justify;">Por decoro do Filho, não podia</div><div style="text-align: justify;">O labéu de Eva macular Maria;</div><div style="text-align: justify;">Não devia tal Mãe, assim eleita,</div><div style="text-align: justify;">Por um momento à culpa estar sujeita. Amém.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">V. Eu moro no mais alto dos céus</div><div style="text-align: justify;">R. E o meu trono está sobre a coluna de nuvem.</div><div style="text-align: justify;">V. Protegei, Senhora, a minha oração.</div><div style="text-align: justify;">R. E chegue até vós o meu clamor.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">OREMOS</div><div style="text-align: justify;">Santa Maria - Rainha dos Céus - Mãe de Nosso Senhor Jesus Cristo e dominadora do mundo - que a ninguém desamparais, nem desprezais - ponde, Senhora, em mim - os olhos de vossa piedade - e alcançai-me de vosso amado Filho - o perdão de todos os meus pecados - para que, - venerando agora afetuosamente a vossa Imaculada Conceição, - consiga depois a coroa da eterna bem-aventurança - por mercê do mesmo vosso Filho Jesus Cristo - Senhor Nosso - que com o Pai e o Espírito Santo - vive e reina, em unidade perfeita - DEUS - pelos séculos dos séculos. – Amém.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">V. Protegei, Senhora, a minha oração.</div><div style="text-align: justify;">R. E chegue até vós o meu clamor.</div><div style="text-align: justify;">V. Bendigamos ao Senhor.</div><div style="text-align: justify;">R. Demos graças a Deus.</div><div style="text-align: justify;">V. As almas dos fiéis defuntos, por misericórdia de Deus, descansem em paz.</div><div style="text-align: justify;">R. Amém.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">SEXTA</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">V. Em meu socorro vinde já, Senhora;</div><div style="text-align: justify;">R. Do inimigo livrai-me vencedora.</div><div style="text-align: justify;">V. Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo.</div><div style="text-align: justify;">R. Como era no principio, agora e sempre. Amém. (No Tempo Pascal, acrescenta-se: Aleluia)</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Hino</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">1º coro</div><div style="text-align: justify;">Salve, Mãe pura, templo da Trindade,</div><div style="text-align: justify;">Prazer dos céus, mansão de castidade,</div><div style="text-align: justify;">Éden celeste, alívio da tristeza,</div><div style="text-align: justify;">Palma constante, cedro de pureza.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">2º coro</div><div style="text-align: justify;">Terra bendita sois, sacerdotal,</div><div style="text-align: justify;">Sempre isenta da culpa original.</div><div style="text-align: justify;">Cidade Santa, porta do Oriente,</div><div style="text-align: justify;">De graça para nós fonte corrente. Amém.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">V. Como açucena entre os espinhos.</div><div style="text-align: justify;">R. Assim a minha predileta entre as filhas de Adão.</div><div style="text-align: justify;">V. Protegei, Senhora, a minha oração.</div><div style="text-align: justify;">R. E chegue até vós o meu clamor.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">OREMOS</div><div style="text-align: justify;">Santa Maria - Rainha dos Céus - Mãe de Nosso Senhor Jesus Cristo e dominadora do mundo - que a ninguém desamparais, nem desprezais - ponde, Senhora, em mim - os olhos de vossa piedade - e alcançai-me de vosso amado Filho - o perdão de todos os meus pecados - para que, - venerando agora afetuosamente a vossa Imaculada Conceição, - consiga depois a coroa da eterna bem-aventurança - por mercê do mesmo vosso Filho Jesus Cristo - Senhor Nosso - que com o Pai e o Espírito Santo - vive e reina, em unidade perfeita - DEUS - pelos séculos dos séculos. – Amém.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">V. Protegei, Senhora, a minha oração.</div><div style="text-align: justify;">R. E chegue até vós o meu clamor.</div><div style="text-align: justify;">V. Bendigamos ao Senhor.</div><div style="text-align: justify;">R. Demos graças a Deus.</div><div style="text-align: justify;">V. As almas dos fiéis defuntos, por misericórdia de Deus, descansem em paz.</div><div style="text-align: justify;">R. Amém.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">NOA</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">V. Em meu socorro vinde já, Senhora;</div><div style="text-align: justify;">R. Do inimigo livrai-me vencedora.</div><div style="text-align: justify;">V. Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo.</div><div style="text-align: justify;">R. Como era no principio, agora e sempre. Amém. (No Tempo Pascal, acrescenta-se: Aleluia)</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Hino</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">1º coro</div><div style="text-align: justify;">Salve, ó Torre de Davi armada,</div><div style="text-align: justify;">De refugio Cidade reservada.</div><div style="text-align: justify;">Ardendo em zelo desde a Conceição,</div><div style="text-align: justify;">Prostrais a fúria do infernal dragão.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">2º coro</div><div style="text-align: justify;">Tendes mais que Judite, o braço ousado,</div><div style="text-align: justify;">E do sumo Davi o puro agrado.</div><div style="text-align: justify;">Deu Raquel ao Egito um provedor,</div><div style="text-align: justify;">Maria deu ao mundo o Salvador. Amém.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">V. Toda sois formosa , ó minha amada.</div><div style="text-align: justify;">R. E a mácula original nunca tocou em vós.</div><div style="text-align: justify;">V. Protegei, Senhora, a minha oração.</div><div style="text-align: justify;">R. E chegue até vós o meu clamor.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">OREMOS</div><div style="text-align: justify;">Santa Maria - Rainha dos Céus - Mãe de Nosso Senhor Jesus Cristo e dominadora do mundo - que a ninguém desamparais, nem desprezais - ponde, Senhora, em mim - os olhos de vossa piedade - e alcançai-me de vosso amado Filho - o perdão de todos os meus pecados - para que, - venerando agora afetuosamente a vossa Imaculada Conceição, - consiga depois a coroa da eterna bem-aventurança - por mercê do mesmo vosso Filho Jesus Cristo - Senhor Nosso - que com o Pai e o Espírito Santo - vive e reina, em unidade perfeita - DEUS - pelos séculos dos séculos. – Amém.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">V. Protegei, Senhora, a minha oração.</div><div style="text-align: justify;">R. E chegue até vós o meu clamor.</div><div style="text-align: justify;">V. Bendigamos ao Senhor.</div><div style="text-align: justify;">R. Demos graças a Deus.</div><div style="text-align: justify;">V. As almas dos fiéis defuntos, por misericórdia de Deus, descansem em paz.</div><div style="text-align: justify;">R. Amém.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">VÉSPERAS</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">V. Em meu socorro vinde já, Senhora;</div><div style="text-align: justify;">R. Do inimigo livrai-me vencedora.</div><div style="text-align: justify;">V. Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo.</div><div style="text-align: justify;">R. Como era no principio, agora e sempre. Amém. (No Tempo Pascal, acrescenta-se: Aleluia)</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Hino</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">1º coro</div><div style="text-align: justify;">Relógio de Ezequias, que atrasado</div><div style="text-align: justify;">Foi, para o sol divino nos ser dado.</div><div style="text-align: justify;">Em vós o imenso quis ser abatido,</div><div style="text-align: justify;">Para que ao Céu fosse o mortal subido.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">2º coro</div><div style="text-align: justify;">Brilhando com os raios de tal sol,</div><div style="text-align: justify;">É a vossa Conceição claro arrebol.</div><div style="text-align: justify;">Guiai-nos, pois, calçada a serpe crua,</div><div style="text-align: justify;">Ó entre os espinhos flor, piedosa lua. Amém.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">V. Eu fiz nascer no céu a luz que não se apaga.</div><div style="text-align: justify;">R. E cobri, como névoa, a terra toda.</div><div style="text-align: justify;">V. Protegei, Senhora, a minha oração</div><div style="text-align: justify;">R. E chegue até vós o meu clamor.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">OREMOS</div><div style="text-align: justify;">Santa Maria - Rainha dos Céus - Mãe de Nosso Senhor Jesus Cristo e dominadora do mundo - que a ninguém desamparais, nem desprezais - ponde, Senhora, em mim - os olhos de vossa piedade - e alcançai-me de vosso amado Filho - o perdão de todos os meus pecados - para que, - venerando agora afetuosamente a vossa Imaculada Conceição, - consiga depois a coroa da eterna bem-aventurança - por mercê do mesmo vosso Filho Jesus Cristo - Senhor Nosso - que com o Pai e o Espírito Santo - vive e reina, em unidade perfeita - DEUS - pelos séculos dos séculos. – Amém.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">V. Protegei, Senhora, a minha oração.</div><div style="text-align: justify;">R. E chegue até vós o meu clamor.</div><div style="text-align: justify;">V. Bendigamos ao Senhor.</div><div style="text-align: justify;">R. Demos graças a Deus.</div><div style="text-align: justify;">V. As almas dos fiéis defuntos, por misericórdia de Deus, descansem em paz.</div><div style="text-align: justify;">R. Amém.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">COMPLETAS</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">V. Converta-nos Jesus, por Vosso amor,</div><div style="text-align: justify;">R. E retire de nós o Seu furor.</div><div style="text-align: justify;">V. Em meu socorro vinde já, Senhora;</div><div style="text-align: justify;">R. Do inimigo livrai-me vencedora.</div><div style="text-align: justify;">V. Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo.</div><div style="text-align: justify;">R. Como era no principio, agora e sempre. Amém. (No Tempo Pascal, acrescenta-se: Aleluia)</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Hino</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">1º coro</div><div style="text-align: justify;">Salve, florente Virgem ilibada,</div><div style="text-align: justify;">Meiga Rainha de astros coroada.</div><div style="text-align: justify;">Mais pura que os Anjos, tendes trono</div><div style="text-align: justify;">À direita do Rei, em nosso abono.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">2º coro</div><div style="text-align: justify;">Ó Mãe da graça, nossa doce esperança,</div><div style="text-align: justify;">Do mar estrela e porto de bonança.</div><div style="text-align: justify;">Porta do Céu, saúde na doença,</div><div style="text-align: justify;">De Deus guiai-nos à feliz presença. Amém.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">V. Vosso nome, ó Maria, é como um bálsamo.</div><div style="text-align: justify;">R. Muito vos amam vossos fiéis servos.</div><div style="text-align: justify;">V. Protegei, Senhora, a minha oração</div><div style="text-align: justify;">R. E chegue até vós o meu clamor.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">OREMOS</div><div style="text-align: justify;">Santa Maria - Rainha dos Céus - Mãe de Nosso Senhor Jesus Cristo e dominadora do mundo - que a ninguém desamparais, nem desprezais - ponde, Senhora, em mim - os olhos de vossa piedade - e alcançai-me de vosso amado Filho - o perdão de todos os meus pecados - para que, - venerando agora afetuosamente a vossa Imaculada Conceição, - consiga depois a coroa da eterna bem-aventurança - por mercê do mesmo vosso Filho Jesus Cristo - Senhor Nosso - que com o Pai e o Espírito Santo - vive e reina, em unidade perfeita - DEUS - pelos séculos dos séculos. – Amém.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">V. Protegei, Senhora, a minha oração.</div><div style="text-align: justify;">R. E chegue até vós o meu clamor.</div><div style="text-align: justify;">V. Bendigamos ao Senhor.</div><div style="text-align: justify;">R. Demos graças a Deus.</div><div style="text-align: justify;">V. As almas dos fiéis defuntos, por misericórdia de Deus, descansem em paz.</div><div style="text-align: justify;">R. Amém.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">DEPOIS DO OFÍCIO</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Aceitai, ó Virgem, esta devoção</div><div style="text-align: justify;">Em louvor da vossa pura Conceição.</div><div style="text-align: justify;">Sede-nos na vida, defensora e guia;</div><div style="text-align: justify;">Sede-nos alento em nossa agonia,</div><div style="text-align: justify;">Ó Mãe de bondade, ó doce Maria.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Antífona:</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"> Esta é a Virgem admirável, na qual não houve nódoa original, nem sombra do pecado.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">V. Na Vossa Conceição, ó Virgem, fostes Imaculada.</div><div style="text-align: justify;">R. Rogai por nós ao eterno Pai, cujo Filho destes ao mundo.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">OREMOS</div><div style="text-align: justify;">Ó Deus, que pela Imaculada Conceição da Virgem - preparastes ao vosso Filho uma digna morada - nós vós rogamos - que - pois - em virtude da previsão da morte do mesmo Vosso Filho, - a preservastes de toda a mancha - também nos concedais que - purificados por sua intercessão - chegamos à Vossa Divina Presença, - pelo mesmo Jesus Cristo - Nosso Senhor - Amém.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">*************************************</div><div><br /></div><div>.<br /></div>paulotarcizio.blogspothttp://www.blogger.com/profile/09916505674891080742noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-5638539114427077969.post-67518657605561268802021-09-25T13:35:00.000-07:002021-09-25T13:35:43.481-07:00Desmanchando algumas lendas urbanas<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi7EhlI_0wBkaJeimd64XOUDbWIlTpuGbwx3kbxvYPqcQJhs_pXiQ5PyJTh33yJev_CsuRAvVVWjr2q3ulA9AN9N8HYqPyXirlCGqN4_Np579zeLIN8RYAr9FPNPECLMylSY02Ty_sNoEc/s2048/Entrada+do+Museu.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2048" data-original-width="1536" height="388" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi7EhlI_0wBkaJeimd64XOUDbWIlTpuGbwx3kbxvYPqcQJhs_pXiQ5PyJTh33yJev_CsuRAvVVWjr2q3ulA9AN9N8HYqPyXirlCGqN4_Np579zeLIN8RYAr9FPNPECLMylSY02Ty_sNoEc/w291-h388/Entrada+do+Museu.JPG" width="291" /></a></div><br /><p align="center" class="MsoNormal" style="margin-left: 18.0pt; text-align: center;">ESTAMOS NO PALACETE VISCONDE DA PALMEIRA</p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="margin-left: 18.0pt; text-align: center;"><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">O que dizem deste Palacete é <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">VERDADEIRO</b> ou <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">FALSO<span style="mso-bidi-font-weight: bold;">?</span></b><o:p></o:p></span></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="margin-left: 18.0pt; text-align: center;"><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">“A Princesa Isabel morou aqui.”<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="MsoListParagraph" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">FALSO.
A Princesa Isabel (29/07/1846 – 14/11/1921) morava no Rio de Janeiro, que era a
capital do Império. Visitou uma vez Pindamonhangaba, com seu marido, o Conde
D’Eu. Isto aconteceu no dia 14/12/1868. O casal hospedou-se no solar do Barão
de Pindamonhangaba e participou de um baile comemorativo aqui neste Palacete.
Na época, o futuro Visconde da Palmeira ainda era Barão. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">“Havia uma estradinha que ligava os
fundos do Palacete com o Bosque.”<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="MsoListParagraph" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">FALSO.
Desde que o Palacete foi construído, os terrenos entre o Palacete e o Bosque já
tinham donos e moradores. Não dava para fazer uma estradinha passando por
dentro do quintal das pessoas. Nem precisava, já existia a rua, perfeita
ligação com o Bosque.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><o:p> </o:p></span></b></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">“Havia um túnel que ligava os fundos
do Palacete com o Bosque.”<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpFirst" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">FALSO. Nem havia motivo para alguém ir ao Bosque passando por dentro do
solo.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpLast" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">“Havia um túnel ligando o Palacete
Visconde da Palmeira com o Palacete Dez de Julho (Prefeitura Velha).”<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpFirst" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">FALSO. Não havia motivo para a existência de tal túnel. Não estávamos em
guerra, os últimos índios do Vale do Paraíba já tinham sido exterminados havia
mais de trezentos anos. Se tivesse existido esse túnel, teriam sido encontrados
vestígios quando da reforma deste Palacete. Em seguida, o Palacete Dez de Julho
passou por completa restauração e nada foi encontrado ali que pudesse lembrar uma
boca de túnel. Também não se encontrou nenhum vestígio de túnel quando foi
escavada a Rua Deputado Claro César, em 1996, para instalação da galeria de
águas pluviais.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Mas existiu sim um túnel DENTRO do Palacete, ligando a entrada das
carruagens (na fachada principal) até o lugar onde hoje fica o galpão. Na
época, não havia o portão do quintal, as carruagens entravam pela frente do
prédio. A porta ficava onde hoje está a quinta janela a contar da porta
principal.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpLast" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">“Dom Pedro I e Dona Leopoldina moraram
aqui.”<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpFirst" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">FALSO. O Palacete Visconde da Palmeira começou a ser construído em meados da década de 1850. Dom Pedro I já estava falecido desde 1834. Dona Leopoldina tinha
falecido antes dele, em 1826. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">O Imperador e sua primeira esposa residiam no Rio de Janeiro, capital do
Império. Dom Pedro I passou por Pindamonhangaba apenas uma vez, quando ainda
era o Príncipe Dom Pedro. Isto aconteceu em 1822, quando o Príncipe se dirigia
a São Paulo, onde acabaria proclamando a Independência. Pernoitou, de 20 para
21 de agosto daquele ano, no sobrado do Monsenhor Marcondes (onde hoje fica a
loja Sonho dos Pés).<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpLast" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">O nome Museu Histórico e Pedagógico Dom Pedro I e Dona Leopoldina foi
dado como simples homenagem àquelas figuras históricas.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">“Dom Pedro II morou aqui.”</span></b></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 14pt;">FALSO. Dom Pedro II morava no Rio de
Janeiro, capital do Império. Visitou Pindamonhangaba uma vez, em 1877.
Pernoitou na residência do Visconde de Pindamonhangaba e fez uma breve visita a
este Palacete em que estamos.</span></p><p class="MsoListParagraph" style="margin-left: 54pt; text-align: justify;"><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">“A carruagem do Museu pertenceu à
Princesa Isabel.”</span></b></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 14pt;">FALSO. A carruagem
pertencia a uma companhia de navegação e era usada para transportar até o Porto
os passageiros que se utilizavam dos barcos que faziam a linha Lorena-Quiririm. </span></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpLast" style="margin-left: 54pt; text-align: justify;"><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">“Aqui existe uma cadeira que foi da
Princesa Isabel.”</span></b></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 14pt;">FALSO. Não temos nenhuma cadeira que
tenha pertencido à Princesa, nem que comprovadamente tenha sido usada por ela.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><o:p> </o:p></span></b></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>“O Palacete é propriedade particular de uma
família.”</span></b></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 14pt;">FALSO. O Palacete
pertence ao Município de Pindamonhangaba desde 1987, quando foi doado ao município
pelo Governo do Estado. Antes disto, já tinha pertencido ao município, que o
doou ao Estado para instalação do Ginásio Estadual.</span></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpLast" style="margin-left: 54pt; text-align: justify;"><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">“O Museu possui a coroa da Princesa e
a espada de Dom Pedro.<o:p></o:p></span></b><b><span style="font-size: 14pt; line-height: 21.4667px;">”</span></b></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 14pt;">FALSO. Tais objetos estão no Museu de
Petrópolis.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">“Os lustres e arandelas são originais.”</span></b></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 14pt;">FALSO. Estes lustres, em sua maior parte, foram adquiridos em São Paulo e instalados por ocasião da reforma do prédio.
Alguns foram instalados no tempo do Ginásio Estadual. Devemos lembrar que não
existia rede de energia elétrica na época em que o Visconde da Palmeira morava
aqui.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">“O piso é original. Os ladrilhos
vieram da Europa. As pinhas de louça são originais.”</span></b></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 14pt;">FALSO. Os assoalhos são todos
recentes, instalados no final da década de 1990. No tempo do Ginásio a maior
parte dos assoalhos já tinha sido trocada por tacos. Os ladrilhos atuais são
reprodução dos originais. </span><span style="font-size: 14pt;"> </span><span style="font-size: 14pt;">Algumas das
peças de mármore do piso do saguão são originais, vindos de Carrara, na Itália.
As pinhas atuais foram fabricadas em Cachoeira Paulista no final da década de
1990. A escada lateral é original, fabricada com pinho de riga.</span></p><p class="MsoListParagraph" style="margin-left: 54pt; text-align: justify;"><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></p><p class="MsoListParagraph" style="margin-left: 54pt; text-align: justify;"><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">---------------------------------------------------------------------------------</span></p><p class="MsoListParagraph" style="margin-left: 54pt; text-align: justify;"><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Texto e foto: Paulo Tarcizio da Silva Marcondes</span></p>paulotarcizio.blogspothttp://www.blogger.com/profile/09916505674891080742noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-5638539114427077969.post-39360965875561827262021-09-08T21:25:00.002-07:002021-09-10T11:38:35.286-07:00O RIO QUE PASSA PELO BOSQUE TEM PRESSA. ESTÁ VIAJANDO<div><br /></div><div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiqJmQvzqigKUSV_i1GjmiQcR3lern9lgIHaCgyftdA65GJwvpHuc6bshlT9LjWJbNSzaAOMktcaWzm7To8w51s7mxU82haHMYYGkjDltb81o5SADax8QJqriHejWQtP6_F4iMDJ2dgigk/s1600/1631161482731099-0.png" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;">
<img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiqJmQvzqigKUSV_i1GjmiQcR3lern9lgIHaCgyftdA65GJwvpHuc6bshlT9LjWJbNSzaAOMktcaWzm7To8w51s7mxU82haHMYYGkjDltb81o5SADax8QJqriHejWQtP6_F4iMDJ2dgigk/s1600/1631161482731099-0.png" width="400" />
</a>
</div><br /></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial; font-size: medium;">O solo que pisamos no centro da cidade de Pindamonhangaba fica 559,01m mais alto do que as praias do nosso litoral. O município de Areias, em sua zona rural, fica bem mais alto: 1.800m. Lá nasce o Rio Paraitinga, um dos formadores do Rio Paraíba do Sul. A partir de certo trecho, suas águas vão correndo paralelas às do Rio Paraibuna, que nasce no Bairro da Aparição, em Cunha, a 1.600 m de altitude.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial; font-size: medium;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial; font-size: medium;">O Paraitinga percorre pastagens e lavouras, chega a Sao Luiz todo barrento e vermelho. Mas o Paraibuna se preserva, corre por dentro da Mata Atlântica, pelos recantos secretos dos trechos mais altos da Serra do Mar, na sombra das árvores, sempre passando bem perto da cumieira que o separa da vertente virada para o oceano. Assim, as águas do Paraibuna sao frias, límpidas, a mata nao joga barro nele, apenas deixa correr para o Paraibuna uma água transparente, cor de conhaque, fruto da decomposição dos restos vegetais da floresta. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial; font-size: medium;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial; font-size: medium;">As águas dos dois rios vêm procurando jeito de descer da Serra da Bocaina, e seu encontro acontece na represa de Paraibuna. Descem da barragem já com o nome definitivo de Rio Paraíba do Sul. Prosseguem na descida, dando voltas. Passam em Santa Branca, onde são detidas de novo na bela Represa de Santa Branca (Ô pescarias!) e vão indo rumo oeste, em direção à Capital. Milhares de anos atrás, despejavam no Tietê. Mas o solo se movimentou. Nossa região afundou. As águas do Paraíba desistiram do Tietê e fizeram uma curva para a direita, mais ou menos em Guararema, onde as montanhas brecam e desviam seu rumo para que desçam em direção ao Vale. Agora passam em Jacareí no sentido sul-norte, já completando a curva para a direita, e em São José dos Campos estão </span><span style="font-family: arial; font-size: large;">correndo </span><span style="font-family: arial; font-size: large;">francamente para leste! Ou seja: mudaram de direção! </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial; font-size: medium;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial; font-size: medium;">E engrossaram, com as águas do Rio Jaguari e do Rio do Peixe, misturadas na Represa de Igaratá. E mais as águas do Buquira, apressadas, descendo da Mantiqueira. Vão procurando o mar, passam rápidas por Caçapava, nao visitam a zona urbana de Taubaté porque passam mais ao norte, entre Quiririm e a Mantiqueira. Atravessam as várzeas de Tremembé e de Pindamonhangaba, onde recebem as frias águas do Ribeirão Grande ou Tetequera, que nasceu nas altitudes da Mantiqueira. Seguem por Potim e Roseira. Fazem mais caprichosos os seus meandros na planície de Aparecida. Passam apertadas na zona urbana de Guaratinguetá e espalham-se nas várzeas de Lorena. Encachoeiram-se em Cachoeira(!). Passam em Cachoeira, espremidas, pelo único e possível corredor, quase um buraco, entre as Serras da Mantiqueira e a da Bocaina. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial; font-size: medium;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial; font-size: medium;">De fato, ali passam as águas entre monstros morros a apertar o rio pelos dois lados!, sem várzeas laterais. É onde, há milhares de anos, o amplo e profundo lago que cobria a nossa região, num grande tremor de terra, estourou os obstáculos e vazou para o hoje estado do Rio de Janeiro. Na estação de trem em Cachoeira, olhe para leste. Você verá esse vestígio de um tétrico cataclismo. Imagine o estrondo do rompimento e o tamanho da cachoeira de vazamento do lago. E os anos que durou esse reequilíbrio das águas! Não se assuste muito. Na época, não havia aqui humanos para se assustarem.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial; font-size: large;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial; font-size: large;">Mas ainda falta chão para despejarem no Atlântico. Ainda as águas seráo detidas na Represa do Funil. E o encontro com o mar? Isto só vai acontecer lá em Atafona, município de São João da Barra, no estado do Rio, quase divisa com o Espírito Santo. 1.100km desde a nascente em Areias. Nasceu tão perto do mar, mas teve que dar uma volta imensa antes de se jogar no oceano! É assim mesmo. A Serra do Mar é uma muralha, não ia deixar o Paraitinga ou o Paraibuna vararem e já despejarem nas praias de Ubatuba. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial; font-size: large;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial; font-size: large;">Pensando o quê? Rios que quiserem despejar em Ubatuba, em Caraguatatuba, só se nascerem na vertente da Serra virada para o mar: Rio Picinguaba, Rio da Fazenda, Rio Itamambuca, Rio Promirim, Rio Puruba, Santo Antonio ou do Ouro, Indaiá, Juqueriquerê (no meu querido Porto Novo)..esses sim! Nascem e já descem encachoeirados pelo meio das pedras, chamados pelo mar. Quando chegam perto, disfarçam, perderam a pressa, se espalham mansos pelos manguezais...</span></div><div><span style="font-family: arial; font-size: medium;">................................</span></div><div><span style="font-family: arial; font-size: medium;">Texto de Paulo Tarcizio </span></div><div><span style="font-family: arial; font-size: medium;">Foto de Lucio Mello Cesario</span></div>paulotarcizio.blogspothttp://www.blogger.com/profile/09916505674891080742noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5638539114427077969.post-57281060204329256932021-08-22T16:00:00.000-07:002021-08-22T16:00:01.130-07:00LER UM LIVRO SEM FICAR PARANDO PARA CONSULTAR DICIONÁRIO <p style="text-align: center;"> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh2Q89ZDVsxdfhKCZWfzSCInd30yzoFpyWCneOrRel-cm-a7zwQgAqiTA9joomjHH7TFQbF3imGHTrxtziV1-oIMxEzu3skCdGuPkp-nowYq_aE0LqSruF7BO8sa4Gd6ItMfiReIYHYdcc/s720/Victor+Hugo.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="450" data-original-width="720" height="276" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh2Q89ZDVsxdfhKCZWfzSCInd30yzoFpyWCneOrRel-cm-a7zwQgAqiTA9joomjHH7TFQbF3imGHTrxtziV1-oIMxEzu3skCdGuPkp-nowYq_aE0LqSruF7BO8sa4Gd6ItMfiReIYHYdcc/w441-h276/Victor+Hugo.jpg" width="441" /></a></div><br /><p></p><p><br /></p><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="font-family: inherit;"><span style="font-size: medium;">Muitos romances e contos são ótimos, mas apresentam palavras desconhecidas.</span></div><div dir="auto" style="font-family: inherit;"><span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: medium;">Sim, na obra prima Trabalhadores do Mar, de Victor Hugo, há palavras de pouco uso, muito técnicas, nomes de coisas, barcos, manobras dos marinheiros... e também palavras que hoje não se usam mais. De vez em quando, se a gente tropeça numa palavra assim, é bom mesmo parar e olhar no dicionário para poder continuar a leitura.</span></span></div><div dir="auto" style="font-family: inherit;"><span style="font-size: medium;"><span style="font-family: inherit;">Outra técnica boazinha é, antes de ler uma ou umas páginas, dar uma passada de olhos meio por cima, sem intenção de ler para entender. Sublinhando as palavras desconhecidas. Em seguida fazer a consulta e anotar a lápis o sinônimo, juntinho com a palavra. Isto é preparar o caminho, consertar os buracos da estrada pela qual vamos passar. Aí sim. Agora vai dar para voltar e ler para entender mesmo, aproveitando a história, ler direto um bom trecho, sem tropeçar. </span><span style="font-family: inherit;">É isto.</span></span></div><div dir="auto" style="font-family: inherit;"><span style="font-size: medium;"><span style="font-family: inherit;">Mas tem uma coisa que eu faço desde criança e que dá certo muitas vezes. Assim: é ir lendo direto sem interromper nas palavras difíceis. Vai lendo direto prestando atenção na história, vai desprezando e passando por cima desses obstáculos. Nem dá bola. Toca em frente. Aí você vai ver que algumas dessas palavras desconhecidas aparecem de novo, algumas repetem toda hora. </span><span style="font-family: inherit;">Então pode ser que você, pelo contexto, descubra sozinho o significado. </span><span style="font-family: inherit;">Aí vale a pena conferir no dicionário e confirmar a sua descoberta. </span></span></div><div dir="auto" style="font-family: inherit;"><span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: medium;">Tem palavra que não vai fazer falta. Às vezes você pode perfeitamente entender o texto inteiro sem saber o significado de todas as palavras.</span></span></div><div dir="auto" style="font-family: inherit;"><span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: medium;">Você já percebeu que andar de bicicleta pedalando depressa é muito mais fácil do que pedalando devagarzinho. Mesma coisa. Vai lendo desembestado, que o caminho vai ficando mais fácil. Entra no mato rasgando, rebentando os cipós no peito. Se for parar para afastar do caminho cada cipó que aparece, você não penetra na mata, acaba desistindo e voltando para casa.</span></span></div><div dir="auto" style="font-family: inherit;"><span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: medium;">Não fica parando toda hora. O que interessa é o enredo. Só pare no fim do capítulo, ou no fim de um grupo de páginas. Aí sim, você já compreendeu o trecho da história, pode conferir no dicionário só o que for muito importante.</span></span></div><div dir="auto" style="font-family: inherit;"><span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: medium;">Ler um livro bom, denso, sincero, escrito por quem valoriza o leitor em vez de ficar facilitando tudo... isto é penetrar no terreno da aventura.</span></span></div><div dir="auto" style="font-family: inherit;"><span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: medium;">Ou no mar da aventura, no caso do livro de Victor Hugo.</span></span></div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="font-family: inherit;"><span style="font-size: medium;">--------------------------------------------------------------</span></div><div dir="auto" style="font-family: inherit;"><span style="font-size: medium;"><br /></span></div><div dir="auto" style="font-family: inherit;"><span style="font-size: medium;">Texto de Paulo Tarcizio da Silva Marcondes</span></div></div>paulotarcizio.blogspothttp://www.blogger.com/profile/09916505674891080742noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5638539114427077969.post-29060276319074804472021-07-12T17:29:00.001-07:002022-01-20T17:21:00.818-08:00O QUE MOVE O ARTISTA<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiurSbrZNrCofS3C0rP7dzHRGUce_WMRuBZ1orjXcqg-tVU9h_l1HBaY2JAa2gTRkMST1l3J99NBxJ78S3zhP8eXtwdCQ326IQXidWWONO5C1BOQLjuExLGyiFRqFzjkOfcGYsieAun2ic/s720/701cd614-0f76-4d84-85b2-1a22f2c91cf5.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="540" data-original-width="720" height="288" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiurSbrZNrCofS3C0rP7dzHRGUce_WMRuBZ1orjXcqg-tVU9h_l1HBaY2JAa2gTRkMST1l3J99NBxJ78S3zhP8eXtwdCQ326IQXidWWONO5C1BOQLjuExLGyiFRqFzjkOfcGYsieAun2ic/w384-h288/701cd614-0f76-4d84-85b2-1a22f2c91cf5.jpg" width="384" /></a></div><div style="text-align: center;">Primeiro rascunho</div><p class="MsoNormal"></p><p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 12.0pt; text-align: justify; text-indent: 2.0cm;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><br /></span></p><p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 12.0pt; text-align: justify; text-indent: 2.0cm;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Óleo
sobre tela. O caminho sob os eucaliptos. Fazer e refazer várias vezes, sem
desespero, mas com certo nível de exigência, buscando alguma identificação com
o modelo.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 12.0pt; text-align: justify; text-indent: 2.0cm;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Até
que chega o momento em que a gente se sente atingido pela fagulha, pela
centelha. Quando? É no instante da pincelada que, subitamente, define as
distâncias, jogando alguns elementos lá para longe, onde mal podem ser vistos.
E trazendo outros elementos para perto, aqui, na cara da gente. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 12.0pt; text-align: justify; text-indent: 2.0cm;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Lembrando
que tudo é uma suave tapeação. Estamos pintando numa tela plana, mas devemos
dar ao expectador a impressão de profundidade e de volume. Parecendo que o
prédio da Cooperativa está lá longe e que há uma árvore grossa aqui pertinho.
Isto a gente faz com as tonalidades das cores. O que está longe ganha cores
desmaiadas e contorno impreciso. O que está perto recebe contorno bem definido
e cores fortes. Isto é a perspectiva aérea.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 12.0pt; text-align: justify; text-indent: 2.0cm;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Outra
coisa: são três montinhos de folhas secas, que os homens do Seu Alcindo
varreram e juntaram para queimar, porque é sábado. Os montinhos são todos do
mesmo tamanho. Mas o que está lá longe eu desenhei bem menor que o montinho
mais próximo. Isto se chama perspectiva linear.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 12.0pt; text-align: justify; text-indent: 2.0cm;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Neste
quadro eu ouço o vento leve. Ouço a fala inocente da menina de vermelho. Sinto
o amor que ela tem pela mãe, pois inclina a cabecinha em direção a ela. A gente
se inclina para perto de quem a gente ama.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 12.0pt; text-align: justify; text-indent: 2.0cm;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Adivinho
a existência do lago à esquerda, abaixo dos eucaliptos, pois percebo que eles
estão plantados num declive que vai baixando em direção às casas da Vila
Tanque. E percebo a claridade entre essas árvores, é onde fica o lago, que não
vejo. E sei que à direita do quadro, fora dele, há um grande descampado. Quem
me conta isto é o eucalipto que cresceu inclinado, buscando a luminosidade do
campo de futebol. As árvores também se inclinam para o que elas amam, e elas
amam o sol.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 12.0pt; text-align: justify; text-indent: 2.0cm;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Todo
artista desenvolve seu trabalho sobre as coisas que ama. Seja para escrever,
pintar, fotografar, esculpir, dançar, declamar, cantar, representar... <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 12.0pt; text-align: justify; text-indent: 2.0cm;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">O
que move o artista é o amor.<o:p></o:p></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi3Zjh_XogQ8yPztCV7j83jE8DCmEFvQNGQ9jP-BMtqZpBJyyRRgK0VJZ64Vq6UHGkePe8QRUP8tMyxbx37iJLJSynH7J-DpNZYTQ57iiQisdwZFeChLtFEksyz2c5c76SryNuc-yh0hTk/s2048/A+menina+de+vermelho.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1536" data-original-width="2048" height="325" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi3Zjh_XogQ8yPztCV7j83jE8DCmEFvQNGQ9jP-BMtqZpBJyyRRgK0VJZ64Vq6UHGkePe8QRUP8tMyxbx37iJLJSynH7J-DpNZYTQ57iiQisdwZFeChLtFEksyz2c5c76SryNuc-yh0hTk/w435-h325/A+menina+de+vermelho.jpg" width="435" /></a></div><br /><div style="text-align: center;"><br /></div><p></p>paulotarcizio.blogspothttp://www.blogger.com/profile/09916505674891080742noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5638539114427077969.post-68392910770228083872021-06-27T11:52:00.002-07:002021-06-29T15:37:24.848-07:00Os pombinhos<p style="text-align: center;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhHxSffmLNjq98nKjcSZEQqWdqSuZLieLEmQJK1wuTR0hyS-6N9Pbq0xoU6J-o1md2B0ZLyfj306CDwey6wyIvqjb7XRbLXgq-IbWVM3feQC072oqva-e9jubjRrusKjVBQnVzaQ1xBc0s/s700/pombos.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="492" data-original-width="700" height="268" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhHxSffmLNjq98nKjcSZEQqWdqSuZLieLEmQJK1wuTR0hyS-6N9Pbq0xoU6J-o1md2B0ZLyfj306CDwey6wyIvqjb7XRbLXgq-IbWVM3feQC072oqva-e9jubjRrusKjVBQnVzaQ1xBc0s/w382-h268/pombos.jpg" width="382" /></a></div><br /><br /><p></p><p></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 12pt; text-align: justify;"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 14pt; line-height: 150%;">A
Auxiliadora e a Salete de repente apareceram pulando e cantando e os pombos fugiram
tatalando as asas. Elas saíram da cozinha, pela varandinha do tanque, cantando a
música que elas tinham inventado: “Bate bola, bate bola, bate bola na praia! Bate
bola, bate bola, bate bola na praia!” e os pombos brancos, que já estavam quase
entrando na arapuca, bateram as asas e foram embora.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 12pt; text-align: justify;"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 14pt; line-height: 150%;">Nossa!
Decepção!. Claro que a Auxiliadora e a Salete, meninas que tinham acabado de
entrar no prezinho da Vila Tanque, cheias de viço e alegria, não iam adivinhar a
expectativa silenciosa dos caçadores, que éramos eu e o Bosco. Saíram de dentro
da cozinha cantando e pulando e jogando a bolona de plástico. O Bosco ficou
muito muito zangado, inconformado. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 12pt; text-align: justify;"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 14pt; line-height: 150%;">Fazia
tempo que que a gente estava esperando uma oportunidade de prender aqueles
pombinhos brancos! Pombinho branco, assim inteirinho branco, não era muito
comum não. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>O que a gente via muito em
Coruputuba era uns pombos cinzentos, escuros, ou malhados. Pombos brancos eu
tinha visto no andor de Nossa Senhora de Fátima, eram ensinados, não saíam de
perto da imagem. E agora esses, que não eram pombos sem dono, eram do seu Dimas,
pai do Victor, nossos vizinhos pulando umas três casas em direção à farmácia. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 12pt; text-align: justify;"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 14pt; line-height: 150%;">Aqueles
pombinhos brancos a gente queria pegar para criar para nós. Para cortar as
penas de uma das asas e prendê-los ali no cercadinho, até que eles se acostumassem
com a nova residência. Quando as asas crescessem e eles pudessem voar de novo,
não tinha importância, já teriam começado a construir seus ninhos, criar seus
filhotes, não iam mais embora. Ficariam sendo nossos. Esse era o plano. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Por isto, tínhamos armado um caixote, meio
levantado, com um graveto sustentando, e um barbante amarrado no graveto. O
barbante vinha até as nossas mãos, que estávamos escondidos, agachados atrás da
moita de erva cidreira, quase sem respirar, ali atrás do galinheiro. Milho
debaixo do caixote. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 12pt; text-align: justify;"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 14pt; line-height: 150%;">Toda
tarde passavam os pombos brancos, circulando no azul, e às vezes acabavam baixando
no nosso quintal, procurando algum resto de alimento, quirera, milho, esquecido
pelas galinhas nalgum cantinho. E naquele dia eles já estavam no chão do
quintal, assim meio amedrontados, meio precavidos, iam indo para o lado do
caixote, balançando as cabecinhas para frente e para trás. Eu e o Bosco, nossos
corações batendo forte, nós lado a lado, olhando fixo para a caça. Eu segurava
a ponta do barbante, esperando a hora em que eles entrassem debaixo do caixote
para puxar o barbante, o caixote cair prendendo a linda caça. Depois, como que
a gente ia tirar dali de dentro era outra história, ia ter que colocar um pano,
algum cobertor, para poder pegar os pombinhos em segurança.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 12pt; text-align: justify;"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 14pt; line-height: 150%;">Mas
as duas menininhas vieram de dentro de casa com “bate bola bate bola na praia”
e bem contentinhas, não entenderam a nossa exaltação, o nervosismo do Bosco. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Falei: Bosco, não faz mal, não faz mal, outro dia
a gente consegue.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 12pt; text-align: justify;"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 14pt; line-height: 150%;">E a gente conseguiu foi de um modo diferente,
porque onde tinha pombo branco também era no telhado do escritório da fábrica. E
uma noite fizemos o seguinte; pegamos alguns bambus compridos e algum arame e
fomos até o escritório da companhia, que naquela hora estava escuro, pouco
iluminado, e não tinha ninguém tomando conta. Entramos no espaço entre o
escritório e a farmácia, na lateral do escritório, e os pombinhos dava para ver
na meia luz. Os pombinhos brancos estavam assentados ali, numa espécie de
platibanda do escritório, mas bem alto, e tinha também filhotes que já sabiam
voar um pouco. Esses que a gente queria. Ali mesmo emendamos os bambus amarrando
com arame um no outro até que ficou um enorme de um bambu, que podia alcançar
quase que o telhado do escritório, mas mole-mole, balançava muito. Comecei a
cutucar, meio que varrendo aquela platibanda da construção, com o bambu que
vergava, não dava segurança, mas acho que caíram uns três ou quatro pombinhos, filhotes
ainda,<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>já empenados, que não tinham
prática de voar, ou então na escuridão não souberam voar e voltar para o lugar
deles e vieram planando até o chão e nós já pegamos e já metemos no saco. Voltamos
muito contentes para casa, arrastando aquele enorme bambu e com os pombinhos
brancos quietinhos no saco. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 12pt; text-align: justify;"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 14pt; line-height: 150%;">Então
esses pombinhos começaram fazer parte da nossa criaçãozinha. Que já tinha
alguns pombos cinzentos, um pombo que era o Cinzão, de peito grandão, e a Cinzinha,
muito linda, e também uma pomba preta. Os pombinhos brancos começaram a fazer
parte do nosso bando de pombos, que nos deram muita alegria. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 12pt; text-align: justify;"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 14pt; line-height: 150%;">Depois
alguns meses o nosso bando já era um dúzia de pombos que aprenderam a voar, mas
não iam embora, porque estavam criando. Ou tinham filhotinhos ou estavam
montando os ninhos no lugar aprovado pela fêmea, ou já estavam chocando os
ovinhos, em revezamento. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 12pt; text-align: justify;"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 14pt; line-height: 150%;">Podíamos
vê-los tranquilamente voar sobre as casas, sobre o cafezal, sobre a igreja, às
vezes subir muito alto e dar muitas voltas, e o bando se separar lá em cima e de
novo se juntar, lá longe, e sempre voltavam para nossa casa. Apesar da
inevitável ansiedade do Bosco, que ficava nervoso, coitado, achava que algum deles
estava demorando muito para voltar e que talvez tivesse acontecido alguma coisa,
talvez tivesse sido caçado por alguém, ou tivesse se perdido. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 12pt; text-align: justify;"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 14pt; line-height: 150%;">E
estava ficando tarde. As galinhas já tinham se recolhido, estava tudo calmo, quase
que começava a escurecer. A vó fazia a janta, saía fumacinha da chaminé.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 12pt; text-align: justify;"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 14pt; line-height: 150%;">Mas
os pombinhos sempre voltavam, ruflando as asas, invertendo a batida para a
frente, baixando a cauda bem aberta, estendendo para diante os pezinhos cor-de-rosa,
para refrear e pousar, e vinham se assentar primeiro no telhado da cozinha,
perto da chaminé. Ajeitavam-se, majestosamente, acertavam as penas, tinham as
suas discussõezinhas, os machos rodando em pião e arrulhando em torno de sua
femeazinha, até que, generosamente, desciam para o nosso mundo, o nosso quintal,
e procuravam os seus ninhos.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 12pt; text-align: justify;"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 14pt; line-height: 150%;">Então
o nosso júbilo era imenso, porque era como se nós tivéssemos voado sobre a
fazenda, como se uma parte de nós soubesse voar, porque o nosso pensamento
estava na cabecinha daquelas pequenas aves, os nossos olhos estavam nos olhos delas,
nossos braços eram aquelas magníficas asinhas, com penas reguláveis para subir
e para descer, para circular e para mudar repentinamente de rumo. Como se, por alguns
instantes, tivéssemos podido olhar o nosso bairro lá de cima, lá de cima, igual
os nossos pombinhos faziam.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 12pt; text-align: justify;"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 14pt; line-height: 150%;">O
Bosco ficava contente. Não precisava que eu falasse: Viu, voltaram todos, não tinha
que ficar preocupado não.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 12pt; text-align: justify;"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 14pt; line-height: 150%;">========================================<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 14pt; line-height: 150%;">Texto
de Paulo Tarcizio da Silva Marcondes<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 12pt; text-align: justify;"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 14pt; line-height: 150%;">Foto:
Internet<o:p></o:p></span></p><br /><p></p>paulotarcizio.blogspothttp://www.blogger.com/profile/09916505674891080742noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5638539114427077969.post-19543072308491675122020-12-04T11:15:00.003-08:002020-12-29T12:35:58.684-08:00A menina de vermelho<p style="text-align: center;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg5ERJiKZKSV8EaRuls3QadoZnoP2QM43EI7YEnSm27gHQWIEAAg40iBKqhrJ3le2jZ9bFA_eb4cpW94Om_uOcCblaDUSgzq0uFv_SH5ViswMlQr8EjNNdshth6BrWt6Jw3clflX26LqqI/s2048/A+menina+de+vermelho.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1536" data-original-width="2048" height="286" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg5ERJiKZKSV8EaRuls3QadoZnoP2QM43EI7YEnSm27gHQWIEAAg40iBKqhrJ3le2jZ9bFA_eb4cpW94Om_uOcCblaDUSgzq0uFv_SH5ViswMlQr8EjNNdshth6BrWt6Jw3clflX26LqqI/w382-h286/A+menina+de+vermelho.jpg" width="382" /></a></div><br /><span face=""Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif" style="background-color: white; color: #050505; font-size: 15px;"><br /></span><p></p><p class="p"></p><p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt; text-justify: inter-ideograph;"><span style="color: #050505; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Criei muito carinho pela menininha de blusa vermelha. Meu Deus, que
doçura tagarela! O que tanto perguntava? O que tanto contava? Nada pedia, só a
atenção da mãe. Que pensava em outras coisas, da vida. Para poder continuar
mantendo o seu tesouro assim mesmo: tagarelando, contando, perguntando.<o:p></o:p></span></p><p></p><p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt; text-justify: inter-ideograph;"><span style="color: #050505; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">A menina de blusa vermelha! Inclina a cabeça na direção da mãe. E é
assim mesmo. Você se inclina para perto de quem você ama. Você se inclina para
longe de quem lhe dá medo.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt; text-justify: inter-ideograph;"><span style="color: #050505; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Vesti a menininha de vermelho e essa ficou sendo a única cor quente na
composição. Tão pequena, no meio de gigantescos eucaliptos. Tive de fazê-la em
vermelho, para atrair os olhares. Sim, tem a Cooperativa, em rosa. Mas rosa
fraquinho, lá longe... Está bem então. No meio do verde e do bege, valorizando
cada passada, como um passarinho, levando a preciosa bolsinha de couro, que
ganhou no Natal e, como não tem onde usar, usa todo dia, a menina em vermelho
vai para o armazém em rosa.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt; text-justify: inter-ideograph;"><span style="color: #050505; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Para ler, no maior quadro negro do município, a lista de preços. Que
inclui sete ou seis qualidades de açúcar. Mascavo, cristal, preto, refinado,
demerara...<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt; text-justify: inter-ideograph;"><span style="color: #050505; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Menina de vermelho, você foi feliz?<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt; text-justify: inter-ideograph;"><span style="color: #050505; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">.............................................................<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT-BR;">Texto: Paulo Tarcizio da Silva Marcondes<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt; text-justify: inter-ideograph;">
</p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT-BR;">Pintura a óleo sobre tela: Paulo Tarcizio<o:p></o:p></span></p><p class="p"><br /></p>paulotarcizio.blogspothttp://www.blogger.com/profile/09916505674891080742noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5638539114427077969.post-68031221793786960122020-06-21T18:40:00.000-07:002020-07-09T11:01:37.344-07:00INDEFESOS<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEglF3JXJa78JVXFmSMwZHnKlt4-cNxtopTcrunCbUKhLUBGRe8UPRAWkf2HY5WDw7g0a6QYdgHQiPt3xoxtsz5bmrvQt8cOLtWRQxyzTuQ4Rd4ZA_iI0degra6Ft94gNOUN_XCXi33p-3w/s1600/folhas.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1010" data-original-width="846" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEglF3JXJa78JVXFmSMwZHnKlt4-cNxtopTcrunCbUKhLUBGRe8UPRAWkf2HY5WDw7g0a6QYdgHQiPt3xoxtsz5bmrvQt8cOLtWRQxyzTuQ4Rd4ZA_iI0degra6Ft94gNOUN_XCXi33p-3w/s320/folhas.jpg" width="268" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div align="justify" class="p" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0,0000pt; margin-left: 0,0000pt; margin-right: 0,0000pt; margin-top: 0,0000pt; mso-pagination: widow-orphan; text-align: justify; text-indent: 0,0000pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "arial"; line-height: 150%;">De tanto ler e ouvir histórias de ilhas perdidas e recantos secretos na mata, os dois meninos inventaram de fugir de casa de noite e ir morar no bambuzal. Nem tinham ideia da profundidade do bambuzal. Passavam por ali todo dia, para ir buscar leite na fazenda.</span><span style="font-family: "arial"; line-height: 150%;"><o:p></o:p></span></div>
<div align="justify" class="p" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0,0000pt; margin-left: 0,0000pt; margin-right: 0,0000pt; margin-top: 0,0000pt; mso-pagination: widow-orphan; text-align: justify; text-indent: 0,0000pt; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div align="justify" class="p" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0,0000pt; margin-left: 0,0000pt; margin-right: 0,0000pt; margin-top: 0,0000pt; mso-pagination: widow-orphan; text-align: justify; text-indent: 0,0000pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "arial"; line-height: 150%;">Lugar bonito. Uma estrada sobre o aterro que ampara a Lagoa. Do outro lado, um bambuzal que ampara o aterro. Uns dez metros de largura, essa plantação de bambus, segurando o declive. Para os meninos, parecia uma selva.</span><span style="font-family: "arial"; line-height: 150%;"><o:p></o:p></span></div>
<div align="justify" class="p" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0,0000pt; margin-left: 0,0000pt; margin-right: 0,0000pt; margin-top: 0,0000pt; mso-pagination: widow-orphan; text-align: justify; text-indent: 0,0000pt; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div align="justify" class="p" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0,0000pt; margin-left: 0,0000pt; margin-right: 0,0000pt; margin-top: 0,0000pt; mso-pagination: widow-orphan; text-align: justify; text-indent: 0,0000pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "arial"; line-height: 150%;">Oito anos e seis anos. Oito anos era o Zaga. E</span><span style="font-family: "arial"; line-height: 150%;">u, tinha seis anos e era bem miúdo. N</span><span style="font-family: "arial"; line-height: 150%;">ão havia motivo nenhum para fugir de casa. E nunca </span><span style="font-family: "arial"; line-height: 150%;">faríamos</span><span style="font-family: "arial"; line-height: 150%;"> isto. Sair na rua à noite! E </span><span style="font-family: "arial"; line-height: 150%;">onde íamos</span><span style="font-family: "arial"; line-height: 150%;"> morar? Tudo fantasia, para incrementar as conversas noturnas, como ia ser emocionante.</span><span style="font-family: "arial"; line-height: 150%;"><o:p></o:p></span></div>
<div align="justify" class="p" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0,0000pt; margin-left: 0,0000pt; margin-right: 0,0000pt; margin-top: 0,0000pt; mso-pagination: widow-orphan; text-align: justify; text-indent: 0,0000pt; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div align="justify" class="p" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0,0000pt; margin-left: 0,0000pt; margin-right: 0,0000pt; margin-top: 0,0000pt; mso-pagination: widow-orphan; text-align: justify; text-indent: 0,0000pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "arial"; line-height: 150%;">Começa</span><span style="font-family: "arial"; line-height: 150%;">mos, porém,</span><span style="font-family: "arial"; line-height: 150%;"> a tomar providências</span><span style="font-family: "arial"; line-height: 150%;">, como se fosse tudo de verdade</span><span style="font-family: "arial"; line-height: 150%;">. Ajunta</span><span style="font-family: "arial"; line-height: 150%;">mos</span><span style="font-family: "arial"; line-height: 150%;"> tábuas, umas duas, alguns pregos tortos e enferrujados</span><span style="font-family: "arial"; line-height: 150%;"> -- mas nós nem sabíamos manejar um martelo!</span><span style="font-family: "arial"; line-height: 150%;">. Cada um quer</span><span style="font-family: "arial"; line-height: 150%;">ia</span><span style="font-family: "arial"; line-height: 150%;"> fazer mais bonito. </span><i><span style="font-family: "arial"; line-height: 150%;">Olha, guardei esse pedaço de pão do café de hoje!</span></i><span style="font-family: "arial"; line-height: 150%;"> </span><i><span style="font-family: "arial"; line-height: 150%;">Ah, e eu apanhei estas ameixas, meio verdes, para a gente levar.</span></i><i><span style="font-family: "arial"; line-height: 150%;"><o:p></o:p></span></i></div>
<div align="justify" class="p" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0,0000pt; margin-left: 0,0000pt; margin-right: 0,0000pt; margin-top: 0,0000pt; mso-pagination: widow-orphan; text-align: justify; text-indent: 0,0000pt; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div align="justify" class="p" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0,0000pt; margin-left: 0,0000pt; margin-right: 0,0000pt; margin-top: 0,0000pt; mso-pagination: widow-orphan; text-align: justify; text-indent: 0,0000pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "arial"; line-height: 150%;">Is</span><span style="font-family: "arial"; line-height: 150%;">s</span><span style="font-family: "arial"; line-height: 150%;">o podia prosseguir por meses, até </span><span style="font-family: "arial"; line-height: 150%;">que perdesse a graça</span><span style="font-family: "arial"; line-height: 150%;"> e </span><span style="font-family: "arial"; line-height: 150%;">fôssemos</span><span style="font-family: "arial"; line-height: 150%;"> inventar outros planos, como construir um avião</span><span style="font-family: "arial"; line-height: 150%;"> de tábua, por exemplo</span><span style="font-family: "arial"; line-height: 150%;">. Mas eram oito irmãos. Como controlar esse universo? Alguém brigou com alguém que resolveu contar alguma coisa para a mãe. Em represália, alguém resolveu contar para alguém, que contou para a mãe que dois dos meninos estavam para fugir de casa para ir morar no bambuzal.</span><span style="font-family: "arial"; line-height: 150%;"><o:p></o:p></span></div>
<div align="justify" class="p" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0,0000pt; margin-left: 0,0000pt; margin-right: 0,0000pt; margin-top: 0,0000pt; mso-pagination: widow-orphan; text-align: justify; text-indent: 0,0000pt; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div align="justify" class="p" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0,0000pt; margin-left: 0,0000pt; margin-right: 0,0000pt; margin-top: 0,0000pt; mso-pagination: widow-orphan; text-align: justify; text-indent: 0,0000pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "arial"; line-height: 150%;">A mãe contou para o pai.</span><span style="font-family: "arial"; line-height: 150%;"><o:p></o:p></span></div>
<div align="justify" class="p" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0,0000pt; margin-left: 0,0000pt; margin-right: 0,0000pt; margin-top: 0,0000pt; mso-pagination: widow-orphan; text-align: justify; text-indent: 0,0000pt; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div align="justify" class="p" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0,0000pt; margin-left: 0,0000pt; margin-right: 0,0000pt; margin-top: 0,0000pt; mso-pagination: widow-orphan; text-align: justify; text-indent: 0,0000pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "arial"; line-height: 150%;">Podia tudo acabar em gargalhadas. Podiam os meninos de oito e seis anos serem chamados aos colos adultos, podiam ser alvo de pilhéria (e as onças?), e o assunto acabava.</span><span style="font-family: "arial"; line-height: 150%;"><o:p></o:p></span></div>
<div align="justify" class="p" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0,0000pt; margin-left: 0,0000pt; margin-right: 0,0000pt; margin-top: 0,0000pt; mso-pagination: widow-orphan; text-align: justify; text-indent: 0,0000pt; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div align="justify" class="p" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0,0000pt; margin-left: 0,0000pt; margin-right: 0,0000pt; margin-top: 0,0000pt; mso-pagination: widow-orphan; text-align: justify; text-indent: 0,0000pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "arial"; line-height: 150%;">Mas o pai tinha sido educado em seminários (</span><i><span style="font-family: "arial"; line-height: 150%;">Provérbios 13,24: “Quem poupa a vara, odeia o seu filho; quem o ama, corrige-o prontamente.</span></i><span style="font-family: "arial"; line-height: 150%;">”)</span><span style="font-family: "arial"; line-height: 150%;">. A mãe foi ao pé de amora, colheu uma linda vara e a foi depenando das folhas, para açoitar o Zaga. O pai</span><span style="font-family: "arial"; line-height: 150%;"> achou que era o momento sagrado das cintadas </span><span style="font-family: "arial"; line-height: 150%;">no menino</span><span style="font-family: "arial"; line-height: 150%;"> menor</span><span style="font-family: "arial"; line-height: 150%;">, eu</span><span style="font-family: "arial"; line-height: 150%;">. Um fisguelinho de seis anos, que nem bunda tinha. Desce as calças. E na bundinha pelada do molequinho de seis anos começaram a cantar as cintadas, aplicadas com o cinto dobrado.</span><span style="font-family: "arial"; line-height: 150%;"><o:p></o:p></span></div>
<div align="justify" class="p" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0,0000pt; margin-left: 0,0000pt; margin-right: 0,0000pt; margin-top: 0,0000pt; mso-pagination: widow-orphan; text-align: justify; text-indent: 0,0000pt; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div align="justify" class="p" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0,0000pt; margin-left: 0,0000pt; margin-right: 0,0000pt; margin-top: 0,0000pt; mso-pagination: widow-orphan; text-align: justify; text-indent: 0,0000pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "arial"; line-height: 150%;">Mas naquele dia foi diferente. </span><span style="font-family: "arial"; line-height: 150%;">Não sei dizer como foi que resolvi, mas resolvi:</span><span style="font-family: "arial"; line-height: 150%;"> Não vou chorar nem gritar, </span><span style="font-family: "arial"; line-height: 150%;">eu </span><span style="font-family: "arial"; line-height: 150%;">não fiz nada para apanhar. E come</span><span style="font-family: "arial"; line-height: 150%;">cei</span><span style="font-family: "arial"; line-height: 150%;"> a contar as cintadas que levava. Estava no primeiro ano. Sabia contar. F</span><span style="font-family: "arial"; line-height: 150%;">u</span><span style="font-family: "arial"; line-height: 150%;">i contando alto, gritado, um, dois, três, quatro... nenhuma lágrima. Os irmãos rodearam, na varandinha do tanque. A vó veio ver. A mãe também</span><span style="font-family: "arial"; line-height: 150%;"> veio ver, já tinha castigado o Zaga</span><span style="font-family: "arial"; line-height: 150%;">. </span><span style="font-family: "arial"; line-height: 150%;">Mas aquilo era muito esquisito</span><span style="font-family: "arial"; line-height: 150%;">. </span><span style="font-family: "arial"; line-height: 150%;">U</span><span style="font-family: "arial"; line-height: 150%;">m menino</span><span style="font-family: "arial"; line-height: 150%;"> pequeno</span><span style="font-family: "arial"; line-height: 150%;"> apanhando sem chorar e ainda contando em voz alta as pancadas que levava. </span><span style="font-family: "arial"; line-height: 150%;">E falando</span><span style="font-family: "arial"; line-height: 150%;"> errado, ainda tinha a língua presa, </span><span style="font-family: "arial"; line-height: 150%;">não sabia falar o “r” intercalado, </span><span style="font-family: "arial"; line-height: 150%;">deve ter saído assim, </span><i><span style="font-family: "arial"; line-height: 150%;">um, dois, teis, quato</span></i><span style="font-family: "arial"; line-height: 150%;">...</span><span style="font-family: "arial"; line-height: 150%;"> </span><span style="font-family: "arial"; line-height: 150%;"><o:p></o:p></span></div>
<div align="justify" class="p" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0,0000pt; margin-left: 0,0000pt; margin-right: 0,0000pt; margin-top: 0,0000pt; mso-pagination: widow-orphan; text-align: justify; text-indent: 0,0000pt; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div align="justify" class="p" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0,0000pt; margin-left: 0,0000pt; margin-right: 0,0000pt; margin-top: 0,0000pt; mso-pagination: widow-orphan; text-align: justify; text-indent: 0,0000pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "arial"; line-height: 150%;">E de repente o pai largou de mim,</span><span style="font-family: "arial"; line-height: 150%;"> levantou-se, parecia sentir-se mal. Foi para dentro, </span><span style="font-family: "arial"; line-height: 150%;">arrumando o cinto, </span><span style="font-family: "arial"; line-height: 150%;">fechou-se no quarto. </span><span style="font-family: "arial"; line-height: 150%;">Os irmãos vieram ver as marcas da surra (“Deixa eu ver as bolacha!”), mas eu não quis mostrar não. Levantei as calças, estava com vergonha. Estava espantado</span><span style="font-family: "arial"; line-height: 150%;">.</span><span style="font-family: "arial"; line-height: 150%;"> Tinha descoberto que se eu não chorasse parece que a surra parava.</span><span style="font-family: "arial"; line-height: 150%;"><o:p></o:p></span></div>
<div align="justify" class="p" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0,0000pt; margin-left: 0,0000pt; margin-right: 0,0000pt; margin-top: 0,0000pt; mso-pagination: widow-orphan; text-align: justify; text-indent: 0,0000pt; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div align="justify" class="p" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0,0000pt; margin-left: 0,0000pt; margin-right: 0,0000pt; margin-top: 0,0000pt; mso-pagination: widow-orphan; text-align: justify; text-indent: 0,0000pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "arial"; line-height: 150%;">Não se falou mais no assunto. </span><span style="font-family: "arial"; line-height: 150%;">Eu já tinha levado outras surras do</span><span style="font-family: "arial"; line-height: 150%;"> pai</span><span style="font-family: "arial"; line-height: 150%;"> e da mãe. Não lembro direito, mas acho que depois disto, o pai</span><span style="font-family: "arial"; line-height: 150%;"> não bateu mais nas crianças.</span><span style="font-family: "arial"; line-height: 150%;"> Em mim ele não bateu mais.</span><span style="font-family: "arial"; line-height: 150%;"><o:p></o:p></span></div>
<div align="justify" class="p" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0,0000pt; margin-left: 0,0000pt; margin-right: 0,0000pt; margin-top: 0,0000pt; mso-pagination: widow-orphan; text-align: justify; text-indent: 0,0000pt; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div align="justify" class="p" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0,0000pt; margin-left: 0,0000pt; margin-right: 0,0000pt; margin-top: 0,0000pt; mso-pagination: widow-orphan; text-align: justify; text-indent: 0,0000pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "arial"; line-height: 150%;">Quase três anos depois, </span><span style="font-family: "arial"; line-height: 150%;">o pai </span><span style="font-family: "arial"; line-height: 150%;">foi internado na Santa Casa. Estava doente do coração. Levado pelo</span><span style="font-family: "arial"; line-height: 150%;"> Carlinhos, meu</span><span style="font-family: "arial"; line-height: 150%;"> irmão primogênito, eu fui visitá-lo. Não queria ir, não sabia o que falar. Ele estava deitado, me abraçou, quis me beijar, a barba mal feita me cutucou, respondi alguma coisa sobre a escola, provas... Saímos logo.</span><span style="font-family: "arial"; line-height: 150%;"> Eu estava aflito. Uma semana depois ele morreu, de enfarte.</span><span style="font-family: "arial"; line-height: 150%;"><o:p></o:p></span></div>
<div align="justify" class="p" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0,0000pt; margin-left: 0,0000pt; margin-right: 0,0000pt; margin-top: 0,0000pt; mso-pagination: widow-orphan; text-align: justify; text-indent: 0,0000pt; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div align="justify" class="p" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0,0000pt; margin-left: 0,0000pt; margin-right: 0,0000pt; margin-top: 0,0000pt; mso-pagination: widow-orphan; text-align: justify; text-indent: 0,0000pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "arial"; line-height: 150%;">Trinta anos depois, acordei de noite com uns barulhinhos. Adivinhei. Fui ao quarto da Simone, quatro anos. Ela estava arrumando roupinhas na mochila, tinha pegado o ursinho. Quando me viu, sentou-se na cama. Procurei ser doce na voz e no olhar, falando bem baixo: </span><i><span style="font-family: "arial"; line-height: 150%;">Filhinha, você estava fugindo de casa? É por que a gente tirou a chupeta de você?</span></i><span style="font-family: "arial"; line-height: 150%;"><o:p></o:p></span></div>
<div align="justify" class="p" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0,0000pt; margin-left: 0,0000pt; margin-right: 0,0000pt; margin-top: 0,0000pt; mso-pagination: widow-orphan; text-align: justify; text-indent: 0,0000pt; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div align="justify" class="p" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0,0000pt; margin-left: 0,0000pt; margin-right: 0,0000pt; margin-top: 0,0000pt; mso-pagination: widow-orphan; text-align: justify; text-indent: 0,0000pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "arial"; line-height: 150%;">Ela fez que sim, me abraçou e ficamos chorando juntos. </span><span style="font-family: "arial"; line-height: 150%;">Conversei com ela, sobre esse negócio de chupeta, dentição, essas estórias. Ela estava cansada, não tinha dormido, arrumando sua mudancinha. Depois foi sossegando, </span><span style="font-family: "arial"; line-height: 150%;">deitou, ficamos abraçad</span><span style="font-family: "arial"; line-height: 150%;">o</span><span style="font-family: "arial"; line-height: 150%;">s. E ela dormiu. </span><span style="font-family: "arial"; line-height: 150%;">Fiquei olhando a menininha morena, pensei: Meu amor. Pensei mais: É pecado bater numa criança. É um bichinho que Deus colocou nos braços da gente, para a gente cuidar, cuidar.</span><span style="font-family: "arial"; line-height: 150%;"><o:p></o:p></span></div>
<div align="justify" class="p" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0,0000pt; margin-left: 0,0000pt; margin-right: 0,0000pt; margin-top: 0,0000pt; mso-pagination: widow-orphan; text-align: justify; text-indent: 0,0000pt; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div align="justify" class="p" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0,0000pt; margin-left: 0,0000pt; margin-right: 0,0000pt; margin-top: 0,0000pt; mso-pagination: widow-orphan; text-align: justify; text-indent: 0,0000pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "arial"; line-height: 150%;">Hoje, lembro das duas coisas juntas. Meu pai me batendo com raiva e sem motivo. Eu querendo consolar uma menininha de quatro anos que estava pensando em fugir de casa.</span><span style="font-family: "arial"; line-height: 150%;"><o:p></o:p></span></div>
<div align="justify" class="p" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0,0000pt; margin-left: 0,0000pt; margin-right: 0,0000pt; margin-top: 0,0000pt; mso-pagination: widow-orphan; text-align: justify; text-indent: 0,0000pt; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div align="justify" class="p" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0,0000pt; margin-left: 0,0000pt; margin-right: 0,0000pt; margin-top: 0,0000pt; mso-pagination: widow-orphan; text-align: justify; text-indent: 0,0000pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "arial"; line-height: 150%;">Aí eu fico com dó de todo mundo. Com dó do menininho que eu era, que tinha seis anos mas nem sabia falar direito, que ainda mijava na cama, mas, sem ter feito nada de errado, apanhou duramente de um homem muito forte, que bateu no seu corpinho descarnado, quase osso, bateu com o cinto de couro, dobrado.</span><span style="font-family: "arial"; line-height: 150%;"><o:p></o:p></span></div>
<div align="justify" class="p" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0,0000pt; margin-left: 0,0000pt; margin-right: 0,0000pt; margin-top: 0,0000pt; mso-pagination: widow-orphan; text-align: justify; text-indent: 0,0000pt; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div align="justify" class="p" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0,0000pt; margin-left: 0,0000pt; margin-right: 0,0000pt; margin-top: 0,0000pt; mso-pagination: widow-orphan; text-align: justify; text-indent: 0,0000pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "arial"; line-height: 150%;">Da Simone eu não fico mais com dó, porque Deus foi generoso comigo e me deu tempo de contar para ela as minhas angústias e ela também foi muito compreensiva e me consolou, como se fosse eu a criança espantada.</span><span style="font-family: "arial"; line-height: 150%;"><o:p></o:p></span></div>
<div align="justify" class="p" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0,0000pt; margin-left: 0,0000pt; margin-right: 0,0000pt; margin-top: 0,0000pt; mso-pagination: widow-orphan; text-align: justify; text-indent: 0,0000pt; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div align="justify" class="p" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0,0000pt; margin-left: 0,0000pt; margin-right: 0,0000pt; margin-top: 0,0000pt; mso-pagination: widow-orphan; text-align: justify; text-indent: 0,0000pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "arial"; line-height: 150%;">Fico com dó do Zaga, que apanhou com vara de amora. Dói muito, quase corta. E penso. As maiores dores que sentimos, desde a infância, nos são proporcionadas pelas pessoas que mais amamos.</span><span style="font-family: "arial"; line-height: 150%;"><o:p></o:p></span></div>
<div align="justify" class="p" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0,0000pt; margin-left: 0,0000pt; margin-right: 0,0000pt; margin-top: 0,0000pt; mso-pagination: widow-orphan; text-align: justify; text-indent: 0,0000pt; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div align="justify" class="p" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0,0000pt; margin-left: 0,0000pt; margin-right: 0,0000pt; margin-top: 0,0000pt; mso-pagination: widow-orphan; text-align: justify; text-indent: 0,0000pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "arial"; line-height: 150%;">No meio de tanto dó, me brota também uma admiração pelo menininho que eu fui, me dá um orgulho pelo molequinho que, </span><span style="font-family: "arial"; line-height: 150%;">sem chorar nem pedir socorro, descobriu sozinho que tinha poder para brecar a investida de um homem grande.</span><span style="font-family: "arial"; line-height: 150%;"><o:p></o:p></span></div>
<div align="justify" class="p" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0,0000pt; margin-left: 0,0000pt; margin-right: 0,0000pt; margin-top: 0,0000pt; mso-pagination: widow-orphan; text-align: justify; text-indent: 0,0000pt; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div align="justify" class="p" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0,0000pt; margin-left: 0,0000pt; margin-right: 0,0000pt; margin-top: 0,0000pt; mso-pagination: widow-orphan; text-align: justify; text-indent: 0,0000pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "arial"; line-height: 150%;">Mas então me lembro que ele era um homem bom, que pegava a gente no colo quando vinha um cachorro bravo. Então eu sinto dó desse homem forte, que morreu tão depressa, aos quarenta e três anos. Dó, porque, na cama do hospital, em sua última semana de vida, queria me abraçar, e eu escapei do seu abraço...</span><span style="font-family: "arial"; line-height: 150%;"><o:p></o:p></span></div>
<div align="justify" class="p" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0,0000pt; margin-left: 0,0000pt; margin-right: 0,0000pt; margin-top: 0,0000pt; mso-pagination: widow-orphan; text-align: justify; text-indent: 0,0000pt; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div align="justify" class="p" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0,0000pt; margin-left: 0,0000pt; margin-right: 0,0000pt; margin-top: 0,0000pt; mso-pagination: widow-orphan; text-align: justify; text-indent: 0,0000pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "arial"; line-height: 150%;">===============================</span><span style="font-family: "arial"; line-height: 150%;"><o:p></o:p></span></div>
<div align="justify" class="p" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0,0000pt; margin-left: 0,0000pt; margin-right: 0,0000pt; margin-top: 0,0000pt; mso-pagination: widow-orphan; text-align: justify; text-indent: 0,0000pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "arial"; line-height: 150%;">Texto de Paulo Tarcizio da Silva Marcondes</span><span style="font-family: "arial"; line-height: 150%;"><o:p></o:p></span></div>
paulotarcizio.blogspothttp://www.blogger.com/profile/09916505674891080742noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-5638539114427077969.post-23668092032472355542020-06-04T15:38:00.002-07:002020-06-06T16:22:59.551-07:00A TELEVISÃO EM CORUPUTUBA<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgKt2GXweTduHYsQmObgt7DQZNuu2Ig3RTkgn-Eitl0yB4uvyQauj9VHcrkomFbRER6FGSlq-opreHm08vA8AfDYoG2e-hp3dabhFUWkHmr1aWu9YDCzqeg8AfaAbk7rJmHgvdn6ux2ve8/s1600/tv.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="501" data-original-width="700" height="285" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgKt2GXweTduHYsQmObgt7DQZNuu2Ig3RTkgn-Eitl0yB4uvyQauj9VHcrkomFbRER6FGSlq-opreHm08vA8AfDYoG2e-hp3dabhFUWkHmr1aWu9YDCzqeg8AfaAbk7rJmHgvdn6ux2ve8/s400/tv.jpg" width="400" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;">Primeiro, a gente sabia que tinha televisão no Chalé. Mas isto era fora do nosso alcance. A primeira antena de tv que pudemos ver -- bem no alto de uma torre -- foi na casa do Seu Fonseca. José Manuel da Fonseca, o Pai. Mas ali ninguém entrava. A gente só podia mesmo ver era a antena, enquanto aguardava na fila para pegar leite na Fazenda.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;">Mas então o Seu Enéas comprou televisão! Que alegria! Alguém da nossa rua tinha televisão! Lembrando, o Seu Enéas era irmão do Seu Alcindo, que era o "Prefeito" de Coruputuba. Seu Enéas era casado com Dona Sinhá. Seus filhos eram a Dagmar, o Valdemar e a Maria Amélia.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;">Seu Enéas - agora entendemos - era um Homem Bom. A criançada da rua começou a lotar a calçada, para ver a Televisão pela janela. Mas não dava muito certo, entre a tela e a janela havia o jardinzinho. Então o Seu Enéas deixava a gente entrar no jardinzinho para ficar de nariz colado na vidraça, vendo aquelas imagens em preto e branco, uma luz azulada...</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;">Depois de um tempo, o Seu Enéas já deixava a gente entrar na sala. A porta ficava escancarada, quem chegasse entrava e ia sentando no sofá. Se já estivesse lotado, a gente sentava no chão. E ficava vendo: Rin-Tim-Tim, Bonanza, O Homem de Virgínia, O Fugitivo, I love Lucy... Eu adorava as propagandas. Tinha a propaganda das Cestas de Natal Amaral: "Acaba de chegar / no meu lar / a cesta de natal / Amaral / Bom Natal / Bom Natal!" E a dos Cobertores Parayba: "Já é hora de dormir / não espere mamãe mandar / um bom sono pra você / e um alegre despertar"...</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;">Dona Sinhá quase não falava com a gente. Parecia que a gente estava incomodando.. Nossa, vejam o que eu disse! É CLARO QUE A GENTE INCOMODAVA MUITO! Apesar que a gente ficava quase quieto. A não ser quando a coisa ficava muito engraçada. Um dia o canal saiu do ar e alguém falou: A televisão saiu do vento...</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;">Canal? era só a TV Tupi, canal 4, e a TV Rio, Canal 13. Este canal então fazia um barulhão, um ronco feio, principalmente quando a imagem tinha muita área branca. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;">Mas a Dona Sinhá, que eu achava com ar de brava, não era brava não. Era um pessoa muito boa. Porque um dia, a sala lotada de criançada da vizinhança, ela foi à cozinha e preparou uma jarra de limonada gelada (ela foi a primeira da rua a ter geladeira em casa).</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;">Aquele gesto, de trazer limonada para aquele monte de crianças! Aquele foi o primeiro gesto que eu presenciei de cortesia de adulto para crianças.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;">Seu Enéas, Dona Sinhá! Vocês estão no Paraíso Celeste, muito merecidamente.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;">Minha vovó Ana Emília só foi ver uma TV quando finalmente nós compramos. Ela ficava vendo os programas (sem parar de manusear o terço...) e um dia eu perguntei a ela se a TV realmente era do jeito que ela pensava que era antes de conhecer.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;">Então ela respondeu que não. Que antes ela pensava que a TV era uma coisa fina, como um quadro que fosse possível pendurar na parede. Ela não imaginava que seria uma coisa mais parecida com uma caixa (naquele tempo, um caixote...).</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;">Puxa vida, Vovó! Já se passaram tantos anos, tantos... e agora estão aparecendo umas tvs fininhas que nem as que a senhora imaginava!</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;">Quando eu perguntei isto eu era um rapazinho de dezessete anos.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;">Envelheço quando lembro. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;">=================</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;">Texto de Paulo Tarcizio da Silva Marcondes</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
paulotarcizio.blogspothttp://www.blogger.com/profile/09916505674891080742noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-5638539114427077969.post-41249081213485392632020-05-19T18:18:00.000-07:002024-03-15T15:35:02.018-07:00Corpo fechado<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiwrb67KKxE-eLoUG19qtFk20pw901kZuulITgIyuCFbOU839W2Ou2L6yzOr51QSmV28FIZEB6g9HsSvZ_7W6E530aca0z9IuFgwOarG1Vxq33H8BgcymxIP5B8WXlExjmF3ptrPNmG3QI/s1600/Liberdade+de+culto+1.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="450" data-original-width="300" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiwrb67KKxE-eLoUG19qtFk20pw901kZuulITgIyuCFbOU839W2Ou2L6yzOr51QSmV28FIZEB6g9HsSvZ_7W6E530aca0z9IuFgwOarG1Vxq33H8BgcymxIP5B8WXlExjmF3ptrPNmG3QI/s400/Liberdade+de+culto+1.jpg" width="266" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div align="right" class="MsoNormal" style="mso-pagination: none; text-align: right; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 12.0pt; margin-left: 14.2pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; margin: 0cm 0cm 12pt 14.2pt; mso-pagination: none; text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 12pt; mso-pagination: none; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 14pt; line-height: 150%;">Houve um tempo em que trabalhei na direção da Escola Agrícola de Jacareí, estabelecimento que forma técnicos em agropecuária, onde já funcionou a Fapija.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 12pt; mso-pagination: none; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 14pt; line-height: 150%;">A Escola Agrícola era muito grande, uma fazenda com benfeitorias, pastagens, um bom resto da Mata
Atlântica... Só que para trabalhar <i>sem
verba</i> seria melhor que a fazenda não fosse tão grande. Um dos problemas era
a extensão das divisas: para cercar decentemente uma área tão extensa teríamos
que gastar muito... Ainda mais que não havia como dividir as despesas com os
confrontantes: uma avenida, uma escola estadual, uma estrada municipal, uma grande
área da prefeitura e, no fundo, o leito do Rio Paraíba do Sul...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent" style="line-height: 150%; margin-bottom: 12.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; margin: 0cm 0cm 12pt; mso-pagination: none; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 14pt; line-height: 150%;">Mas finalmente saiu a verba! Vamos fechar a escola!
Compramos os mourões, o arame farpado, grampos... Contratamos alguns homens e a
cerca foi se estendendo reta, reta, uma beleza, o arame farpado esticadinho,
brilhando no sol, atravessando o pasto, apontando para a mata e sumindo dentro
dela...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent" style="line-height: 150%; margin-bottom: 12.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; margin: 0cm 0cm 12pt; mso-pagination: none; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 14pt; line-height: 150%;">Daí começou a chover, chover. De tarde, os dois homens
encarregados da cerca, molhados e esbaforidos, </span><span style="font-size: 18.6667px; text-indent: 56.7333px;">vieram </span><span style="font-size: 14pt; text-indent: 42.55pt;">me procurar. Eu estava
substituindo o diretor </span><st1:personname productid="em f←rias. Seu Paulo" style="font-size: 14pt; text-indent: 42.55pt;" w:st="on">em
férias. Estavam nervosos: Seu Paulo</st1:personname><span style="font-size: 14pt; text-indent: 42.55pt;">, o senhor precisa ver uma coisa que a gente achou dentro da mata. Uma coisa </span><span style="font-size: 18.6667px; text-indent: 56.7333px;">esquisita.</span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent" style="line-height: 150%; margin-bottom: 12.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; margin: 0cm 0cm 12pt; mso-pagination: none; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 14pt; line-height: 150%;">Fui, com chuva mesmo. Atravessamos os pastos atrás do campo de futebol, entramos pela silvicultura e chegamos no mato. Dentro da mata fechada, escura, de
repente uma coisa muito bonita e solene: Um espaço varridinho, limpinho, chão
batido de muitos passos. Nas beiradas desse círculo, flores, velas, fitas de
várias cores... Nos nichos formados pelas grandes raízes, imagens de santos desconhecidos.
Um oco numa árvore: dentro, outro santo. Um lugar de respeito: era um lugar de
culto.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent" style="line-height: 150%; margin-bottom: 12.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; margin: 0cm 0cm 12pt; mso-pagination: none; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 14pt; line-height: 150%;">Os dois homens esperando uma decisão minha. Porque a cerca, se fosse prosseguir no seu caminho retilíneo, teria que cortar ao meio aquele terreiro
ornamentado e limpo. O que é que a gente faz, Seu Paulo... E eu decidi: desvia
a cerca para fora, invade alguns metros na área da prefeitura, é meio do mato
mesmo, ninguém vai se incomodar. Começa o desvio um pouco antes do círculo,
volta ao traçado um pouco depois. Assim este terreiro fica inteiro dentro da
escola. Ah! E na cerca faz o ziguezague, aquela abertura por onde dá para passar
gente, mas impede a passagem do gado. Por quê? Ora, se o pessoal está
acostumado a vir fazer suas devoções aqui, vamos facilitar, para que obrigar as
pessoas a passar por baixo do arame? <o:p></o:p></span></div><div class="MsoBodyTextIndent" style="line-height: 150%; margin-bottom: 12.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; margin: 0cm 0cm 12pt; mso-pagination: none; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 14pt; line-height: 150%;">E assim foi.</span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent" style="line-height: 150%; margin-bottom: 12.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; margin: 0cm 0cm 12pt; mso-pagination: none; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 14pt; line-height: 150%;">No sábado de manhã (eu cumpria parte do horário no sábado)
vem um senhor moreno, gordo, falar comigo. Apresentou-se, era o Pai de Santo
responsável pelo terreiro no meio da mata.
Ele estava comovido. Agradeceu muito por termos respeitado aquele espaço
sagrado, elogiou. Desculpou-se, disse que antes não sabia até onde ia a divisa
da escola. Ficou feliz também por termos deixado a passagem na cerca. Eu agradeci os agradecimentos. E coloquei
uma restrição: não pode edificar nada, nem uma cabaninha.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent" style="line-height: 150%; margin-bottom: 12.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; margin: 0cm 0cm 12pt; mso-pagination: none; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 14pt; line-height: 150%;">Ele se tornou um colaborador da escola, ajudando a tomar
conta da mata, impedindo invasões, não deixando ninguém cortar árvores na beira
do rio... E me convidou para ir tomar um café na casa dele, lá na Bica do Boi. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent" style="line-height: 150%; margin-bottom: 12.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; margin: 0cm 0cm 12pt; mso-pagination: none; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 14pt; line-height: 150%;">Fui. Um café gostoso com bolo de fubá. Depois, me perguntou
se eu aceitava que ele e a esposa fizessem uma oração em minha intenção. Claro,
até agradeço. A oração era, me pareceu, uma adaptação do Pai Nosso. Depois um
cântico suave, bonito. Depois outras orações. Quando terminou aquela reza, eu
saindo, conversando sobre plantas, flores, que eles tinham na varanda, ele me
perguntou se eu sabia o que eles tinham feito. Não, não sei, estou achando que
vocês fizeram uma reza em minha intenção, não é?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent" style="line-height: 150%; margin-bottom: 12.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; margin: 0cm 0cm 12pt; mso-pagination: none; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 14pt; line-height: 150%;">É. Mas não é só isso: agora o senhor está com o corpo
fechado. Nada de ruim vai pegar no senhor, nunca. Não tem perigo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent" style="line-height: 150%; margin-bottom: 12.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; margin: 0cm 0cm 12pt; mso-pagination: none; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 14pt; line-height: 150%;">Agradeci, o gesto deles foi bonito, comovente mesmo. Guardei a
informação com carinho, sem intenção de descobrir até onde iria aquela força,
sem duvidar nunca - e sem abusar nunca. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent" style="line-height: 150%; margin-bottom: 12.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; margin: 0cm 0cm 12pt; mso-pagination: none; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 14pt; line-height: 150%;">Às vezes, tenho conseguido caminhar com sossego no meio de
vários tipos de tempestade. Então me sinto protegido por uma espécie de bondade.
Talvez a bondade que pratiquei lá no
meio do mato da Escola Agrícola? Na hora, não senti que fosse bondade, senti
que era justiça. Fiz o que era certo fazer.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoTitle" style="line-height: 15pt; margin-bottom: 0cm; mso-line-height-rule: exactly; mso-pagination: none; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoTitle" style="line-height: 15pt; margin-bottom: 0cm; mso-line-height-rule: exactly; mso-pagination: none; text-indent: 14.2pt;">
<span face="Arial, sans-serif"><span style="font-size: 18.6667px;">......................................................................................................</span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 14.2pt;">
<span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 14pt;">Texto: Paulo Tarcizio da Silva Marcondes, em
Aconteceu na Escola.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 12pt; mso-pagination: none; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 14.2pt;">
<span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 14pt;">Foto: TripAdvisor<o:p></o:p></span></div>
<br />
paulotarcizio.blogspothttp://www.blogger.com/profile/09916505674891080742noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-5638539114427077969.post-64417988382128240432020-04-22T16:24:00.000-07:002020-04-23T18:24:26.000-07:00As bicicletas da igreja<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgiti2EuNJnYaJwtE0MDElxJ7kc1LmlyopTDDnEdsMl3mgSPxYleijRKxGxigOA0eN_g3HuPg9RcXAAIg6zRXKWXssVgKn8AxkhTqheW0ka_fqcYIeTVKbwa1LC4Wqu45kXK7goayt36dU/s1600/Igreja+de+Coru.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="480" data-original-width="640" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgiti2EuNJnYaJwtE0MDElxJ7kc1LmlyopTDDnEdsMl3mgSPxYleijRKxGxigOA0eN_g3HuPg9RcXAAIg6zRXKWXssVgKn8AxkhTqheW0ka_fqcYIeTVKbwa1LC4Wqu45kXK7goayt36dU/s400/Igreja+de+Coru.jpg" width="400" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">Na igreja
de Coruputuba parece que tinha reza toda noite, ou alguma função sempre
acontecia. Reunião das entidades: Congregação Mariana, Vicentinos, Filhas de
Maria, Irmandade de São José... ou alguma reza simplesmente, com bênção do
Santíssimo.<span style="mso-tab-count: 1;"> </span><br />
<br />
Maio era inteirinho uma festa de meninas bonitas, ensaiando, disputando,
querendo os lugares de honra na Coroação. Ou coroar mesmo, cantando o solo, ou
segurar a bandeja com a coroa, cantando junto com o coro, ao som do harmônio do
Maestro João Antonio Romão.<span style="mso-tab-count: 1;"> </span><br />
<br />
Em volta da igreja, encostadas nos coqueiros, destrancadas, centenas de
bicicletas. E eu e o Bosco louquinhos para pedalar sem limites, treinar, voar,
sem reprimendas nem horários.<span style="mso-tab-count: 1;"> </span><br />
<br />
Acontece que, sim, de dia tínhamos a generosidade meio negociada do primo
Valério, que acabava emprestando a bicicleta dele: Olha, só uma volta em volta
do campo! Tá bom, duas! Depois é o Bosco.<span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Também podíamos contar com a complacência do Araújo, sempre com algumas ressalvas:
Tudo bem, mas só um pouco, pneu tá meio no osso etc.<span style="mso-tab-count: 1;"> </span><br />
<br />
Mas à noite, não! Aquelas bicicletas de adulto, todas engraxadas, polidas,
correntes ajustadas, freios em cima! Pneus calibradíssimos. Encostadas nos
coqueiros, sem tranca, porque em Coruputuba não tinha quem pegasse coisa dos
outros sem pedir.<span style="mso-tab-count: 1;"> </span><br />
<br />
A gente escolhia. Hoje vou pegar a do Seu Chico Lucio! Ah, e eu vou com a do
Seu Camargo! Ah não, vou trocar! Faz tempo que não ando com a do Seu Pedro
Moreira! É? Então vou com a do Seu Paulino, que tem farol duplo.<span style="mso-tab-count: 1;"> </span><br />
<span style="mso-tab-count: 1;"> </span><br />
E dali a pouco, estávamos saindo do pátio, às vezes trombando nos coqueiros, </span><span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 12pt;">porque
andar devagar é mais difícil do que correr,</span><span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 12pt;"> e
pegávamos a estrada da fazenda, voando! Ê vida! Vento no cabelo! Velocidade até
o farol ficar tão claro que quase queimava, então a gente diminuía.</span><span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 12pt;"> </span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 12.0pt;">
<br />
Outra noite, outras escolhas, outras bicicletas. Outros donos, que nunca
souberam de nada. E outros trajetos. O Bosco inventava e eu topava: Vamos pra
Estaçãozinha! Vamos! Na volta, na volada, derrapei na areia sobre os trilhos e
fui parar lá longe. Nem esfolou o joelho. Mas o guidão virou do avesso e o
varão do freio escapou.<span style="mso-tab-count: 1;"> </span><br />
<br />
Cuidadosamente consertada, a bicicleta voltou para o coqueiro. Era a bicicleta
do Seu Antônio Ramos.<span style="mso-tab-count: 1;"> </span><br />
<br />
Mas nunca perdemos a hora. Sempre chegamos com tempo para as três últimas
ave-marias e para a benção final.<span style="mso-tab-count: 1;"> </span><br />
<br />
Claro que meio suados, alguma areia no cabelo, algum dedo esfolado, mas com ar
de coroinha carola, dava para cumprimentar os adultos sérios e observar a saída
deles nas bicicletas bem conservadas, instrumento do trabalho deles na fábrica.<span style="mso-tab-count: 1;"> </span><br />
<br />
Eu e o Bosquinho voltávamos a pé para nossa casa, ali pertinho mesmo. Esperando a reza do dia seguinte.<span style="mso-tab-count: 1;"> </span><br />
<br />
Só fomos comprar as nossas bicicletas, nossas de verdade, Monark Barra Dupla Circular,
anos depois, no japonês da Loja Bandeirante, com o primeiro salário da AISA. Já
sabe, sempre trancadas, não empresta pra ninguém, que o pessoal não toma
cuidado.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><o:p>=================================</o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><o:p>Texto de Paulo Tarcizio da Silva Marcondes</o:p></span></div>
<br />paulotarcizio.blogspothttp://www.blogger.com/profile/09916505674891080742noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5638539114427077969.post-34469728550259766092020-04-09T19:42:00.001-07:002020-04-09T19:42:09.949-07:00Coruputuba no tempo da guerra<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiv7CC5gMG5q38sUi6XzeMTENZD2W0KS03fAKPd2u4vsdb44FHBBscd-FJqI30yqknfl10w1bw_TVpg1elTFdBkC70Fq4hNDN4-Dn33Qp4oWMZrK3d3L3VaqSCYT2E_PwFzcsqc_59pSZs/s1600/Paineira+perto+da+Padaria.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="960" data-original-width="718" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiv7CC5gMG5q38sUi6XzeMTENZD2W0KS03fAKPd2u4vsdb44FHBBscd-FJqI30yqknfl10w1bw_TVpg1elTFdBkC70Fq4hNDN4-Dn33Qp4oWMZrK3d3L3VaqSCYT2E_PwFzcsqc_59pSZs/s400/Paineira+perto+da+Padaria.jpg" width="298" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
A grande paineira, entre a casa do Seu Rosalah (no fundo) e a Padaria (à direita)</div>
<br />
<br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 12.0pt; text-align: justify; text-indent: 2.0cm;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 14pt; line-height: 150%;">A segunda guerra mundial já tinha
começado quando minha família se instalou em Coruputuba, em 1942. Verdade que o
Brasil ainda não tinha entrado na guerra, mas já estava começando a sofrer o
racionamento de produtos. Filas se formavam na cooperativa e na padaria.</span><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 13.5pt; line-height: 150%;"><o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 12.0pt; text-align: justify; text-indent: 2.0cm;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 14pt; line-height: 150%;">Açúcar refinado era impossível. Seria
sorte se papai conseguisse comprar um pouco de açúcar preto, ou um pedaço de
rapadura. A fila na cooperativa andava devagar, cada um queria levar para casa
um pouco de feijão, de macarrão, o que houvesse. E azeite para a lamparina.
Pois o querosene não se achava mais, a produção era toda para a aviação.</span><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 13.5pt; line-height: 150%;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 12.0pt; text-align: justify; text-indent: 2.0cm;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 14pt; line-height: 150%;">Mas Coruputuba tinha essa benção dada
pela generosidade do Dr. Cícero Prado: os quintais grandes, com a liberdade de
se plantar e criar. Por isso que minha vó dizia: melhor ser pobre na roça do
que na cidade. Não faltavam as verduras e legumes na horta, nem o chuchu pelas
cercas e as frutas pelo quintal, nem os ovos diários, e os frangos no domingo.
E a fazenda garantia o leite para quem fosse cedinho buscar logo após a ordenha
das vacas holandesas</span><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 13.5pt; line-height: 150%;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 12.0pt; text-align: justify; text-indent: 2.0cm;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 14pt; line-height: 150%;">E a família ainda era pequena: papai,
mamãe, vovó, e os filhos Carlinhos e Ana Clara. Em plena guerra, em 1943,
nasceu o Pedro. O Zaga só foi nascer em 1945, quase no final da guerra. E foi a
época em que não se achava mais açúcar para nada. Nem para o café com leite,
nem para melhorar um bolo de fubá, que ia sem açúcar mesmo, nem para adoçar a
mamadeira do bebê. Não adiantava ficar na fila por causa de açúcar. Nada de
açúcar, nem do preto, nem do mascavo, nada.</span><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 13.5pt; line-height: 150%;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 12.0pt; text-align: justify; text-indent: 2.0cm;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 14pt; line-height: 150%;">Então, a Dona Naná e o Seu João Mexas,
donos da padaria, falaram para meu pai: ‒ Professor, olha, às vezes a gente
consegue um carregamento de bala, são umas balas mais baratas, desembrulhadas,
a gente guarda para o senhor, vende mais baratinho, vocês podem derreter elas
na água fervendo para passar café.</span><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 13.5pt; line-height: 150%;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 12.0pt; text-align: justify; text-indent: 2.0cm;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 14pt; line-height: 150%;">E começou a acontecer assim. O tempo
todo, quase que não se bebia café doce. Aí, um belo dia, vinha o Ditinho da
padaria avisar que era para alguém ir lá, que tinha chegado bala. Ia o papai e voltava com um belo pacote de balas desembrulhadas, misturadas,
que iam para a chaleira no fogão de lenha. Demorava, mas as balas derretiam e
dava para passar o café. Ficava um café com um gosto assim misto de morango com
hortelã, anis, laranja, coco..., mas todo mundo achava uma delícia.</span><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 13.5pt; line-height: 150%;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 12.0pt; text-align: justify; text-indent: 2.0cm;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 14pt; line-height: 150%;">Minha mãe contava que esta foi a
principal lembrança que a guerra deixou para ela. Além daquele pavor de
precisar ficar tudo escuro de noite.</span><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 13.5pt; line-height: 150%;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 12.0pt; text-align: justify; text-indent: 2.0cm;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 14pt; line-height: 150%;">É que a Companhia deu essa ordem: tudo
apagado. Não podia ficar nada aceso, nem lamparina, nem vela, porque as casas
não tinham forro, podia a luz da vela aparecer pelo vãozinho das telhas, e
passar um avião alemão, ver e bombardear.</span><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 13.5pt; line-height: 150%;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 12.0pt; text-align: justify; text-indent: 2.0cm;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 14pt; line-height: 150%;">Bom. Não é que o avião alemão fosse
bombardear as pobres casas da Vila Tanque, onde minha família morava, vizinhos
do Seu Alcides Sampaio. A pobre Vila Tanque, a vila dos Franciscos: o meu pai,
que era o professor Francisco, e o seu Francisco Casemiro, ou seu <i>Chico
Lúcio</i>, o seu Francisco Nogueira, o Seu Francisco Machado... Mas, pelas
luzes de qualquer das vilas, o inimigo poderia localizar o grande complexo
industrial que era, naquele tempo, a fábrica de papel da Companhia Cícero
Prado.</span><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 13.5pt; line-height: 150%;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 2.0cm;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 12.0pt; text-align: justify; text-indent: 2.0cm;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 14pt; line-height: 150%;">Sim, porque naquele tempo, as bombas
alemãs estavam levando o terror, o choro e o desespero a vários pontos desse
nosso tão bonito planeta. E o Brasil, finalmente, tinha entrado na guerra
contra eles.</span><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 13.5pt; line-height: 150%;"><o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 2.0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 2.0cm;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">=============================<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 2.0cm;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Texto: Paulo Tarcizio da Silva
Marcondes<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 2.0cm;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Foto:
Coleção Paulo Tarcizio da Silva Marcondes<o:p></o:p></span></div>
<br />paulotarcizio.blogspothttp://www.blogger.com/profile/09916505674891080742noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-5638539114427077969.post-69769700057470989962020-04-02T19:59:00.000-07:002020-04-04T17:50:20.909-07:00AS ESTRELAS<div style="text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhTj69R7RECQlRaMmnTvwKemWOybOL3pvFwGG19iA2cHSvf7rQ3ivrtfz5zHN2v5zv6eAqpVoWTLQadR2BAvYrPeJabknlB2AAvVF2vxKTvD97XCTbx1DUh0SOdnJZRwV7E0_nAa14tfkE/s1600/estrelas.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="194" data-original-width="259" height="299" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhTj69R7RECQlRaMmnTvwKemWOybOL3pvFwGG19iA2cHSvf7rQ3ivrtfz5zHN2v5zv6eAqpVoWTLQadR2BAvYrPeJabknlB2AAvVF2vxKTvD97XCTbx1DUh0SOdnJZRwV7E0_nAa14tfkE/s400/estrelas.jpg" width="400" /></a></div>
<br />
<br />
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 14pt;">Narração
de um pastor provençal</span></div>
<br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Conto de ALPHONSE DAUDET </span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 18.6667px;">Tradução de Paulo Tarcizio da Silva Marcondes</span></div>
<br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 2.0cm;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 2.0cm;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 2.0cm;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">No
tempo em que vigiava os rebanhos no alto do Luberon<a href="file:///C:/Users/Paulotarcizio/Desktop/PAULO/Poemas%20para%20o%20blog/FALTA%20ESCREVER/As%20estrelas.docx#_edn1" name="_ednref1" style="mso-endnote-id: edn1;" title=""><span class="MsoEndnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoEndnoteReference"><span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 14.0pt; line-height: 107%;">[i]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>, acontecia de passar
semanas inteiras sem ver ninguém, sozinho nas pastagens com meu cão Labri<a href="file:///C:/Users/Paulotarcizio/Desktop/PAULO/Poemas%20para%20o%20blog/FALTA%20ESCREVER/As%20estrelas.docx#_edn2" name="_ednref2" style="mso-endnote-id: edn2;" title=""><span class="MsoEndnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoEndnoteReference"><span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 14.0pt; line-height: 107%;">[ii]</span></span><!--[endif]--></span></span></a> e minhas ovelhas. De tempos
em tempos, o eremita do Mont-de-l’Ure<a href="file:///C:/Users/Paulotarcizio/Desktop/PAULO/Poemas%20para%20o%20blog/FALTA%20ESCREVER/As%20estrelas.docx#_edn3" name="_ednref3" style="mso-endnote-id: edn3;" title=""><span class="MsoEndnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoEndnoteReference"><span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 14.0pt; line-height: 107%;">[iii]</span></span><!--[endif]--></span></span></a> passava por lá
procurando símplices<a href="file:///C:/Users/Paulotarcizio/Desktop/PAULO/Poemas%20para%20o%20blog/FALTA%20ESCREVER/As%20estrelas.docx#_edn4" name="_ednref4" style="mso-endnote-id: edn4;" title=""><span class="MsoEndnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoEndnoteReference"><span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 14.0pt; line-height: 107%;">[iv]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
ou então eu via o rosto enegrecido de algum trabalhador da mina de carvão do
Piémont; mas eram pessoas simples, silenciosas por causa da solidão, tendo
perdido o gosto de conversar e não sabendo nada do que se falava nas cidades e
nas vilas. Por isto, a cada quinze dias, quando eu ouvia, no caminho que sobe,
os chocalhos da mula da nossa fazenda trazendo as provisões da quinzena, e eu
via aparecer pouco a pouco, acima do barranco, a cabeça atenta do nosso pequeno
ajudante, ou a boina vermelha da velha tia Norade, eu ficava verdadeiramente muito
feliz. Queriam me contar as novidades lá de baixo, os batismos, os casamentos;
mas o que me interessava de fato, era saber o que acontecia com a filha dos
meus patrões, nossa senhorita Stéphanette, a mais bela que havia em dez léguas
em torno. Sem deixar transparecer demais o meu interesse, eu me informava se
ela ia muito às festas, aos saraus, se apareceram a ela novos pretendentes; e
aos que me perguntavam o que essas coisas poderiam interessar a mim, pobre
pastor da montanha, respondia que eu tinha vinte anos e que essa Stéphanette era
o que eu tinha visto de mais belo em toda minha vida.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 2.0cm;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Ora,
num domingo em que eu estava esperando os víveres da quinzena, aconteceu que
eles não chegaram e já estava ficando tarde. De manhã, eu me disse: “É por
causa da missa solene”; depois, perto do meio-dia, veio uma grande tempestade,
e pensei que a mula não se pôs a caminho por causa do mau estado dos caminhos.
Enfim, ali pelas três, o céu estando lavado, a montanha luminosa de água e de
sol, ouvi, no meio do gotejamento das folhas e do transbordamento dos córregos
inflados, os chocalhos da mula, tão alegres, tão sonoros como um grande
carrilhão de sinos em dia de Páscoa. Mas não era o pequeno ajudante, nem a
velha Norade quem a conduzia. Era, adivinha quem!... nossa senhorita, meus
meninos! nossa senhorita em pessoa, sentadinha muito ereta entre os sacos de
vime, toda rosada pelo ar das montanhas, pela friagem da tempestade!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 2.0cm;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">O
ajudante estava doente, e a tia Norade em férias com suas crianças. A bela
Stéphanette foi me contando, enquanto descia da mula, e além disso ela chegou tarde
porque se perdeu na estrada; mas ao vê-la tão bem endomingada com suas fitas e
flores, a saia brilhante e suas rendas, ela tinha mais o ar de ter se atrasado
em alguma dança do que de ter procurado seu caminho no meio do mato. Oh a
pequena criatura! Meus olhos não podiam deixar de olhá-la! É verdade que jamais
eu a tinha visto de tão perto. Algum dia de inverno, quando os rebanhos já tinham
descido nos apriscos <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>e eu entrava à
tarde na casa da fazenda para tomar a sopa, ela atravessava a sala vivamente,
sem falar nada aos serviçais, sempre arrumada e um pouco orgulhosa. E agora eu
a tinha ali diante de mim, apenas para mim; não era de perder a cabeça?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 2.0cm;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Quando
tirou as provisões da cesta, Stéphanette se pôs a olhar curiosamente em redor.
Erguendo um pouco sua bela saia de domingo, que poderia se danificar, ela
entrou no abrigo, querendo ver o canto em que eu dormia, o leito de palha com
pele de carneiro, minha grande capa pendurada na parede, meu cajado, minha
espingarda. Tudo aquilo a divertia.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 2.0cm;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">“Então,
é aqui que você vive, meu pobre pastor? Como você deve enjoar de ficar sempre
sozinho! O que é que você faz? No que você pensa?”<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 2.0cm;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Eu
queria responder: “Em você, senhorita” e não estaria mentindo; Mas minha
atrapalhação era tão grande que não pude falar uma só palavra. E creio bem que
ela percebeu, e que a malvada sentiu prazer em redobrar meu embaraço com sua
malícia...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 2.0cm;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">E
ela mesmo, ao me falar, tinha bem o ar da fada Estérelle<a href="file:///C:/Users/Paulotarcizio/Desktop/PAULO/Poemas%20para%20o%20blog/FALTA%20ESCREVER/As%20estrelas.docx#_edn5" name="_ednref5" style="mso-endnote-id: edn5;" title=""><span class="MsoEndnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoEndnoteReference"><span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 14.0pt; line-height: 107%;">[v]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>, com<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>o belo sorriso, a cabecinha inclinada e uma ansiedade
em se ir, o que fazia de sua visita uma aparição.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 2.0cm;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">‒
Adeus, pastor.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 2.0cm;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">‒
Saúde, senhorita.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 2.0cm;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">E
ei-la que partiu, levando as cestas vazias.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 2.0cm;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Quando
desapareceu no caminho inclinado, pareceu-me que os cascalhos, rolando sob os
cascos da mula, tombavam um a um sobre o meu coração. Eu os ouvi por muito
tempo, muito tempo; e até o final do dia, fiquei como sonâmbulo, não ousando me
mover, de medo de espantar o meu sonho. Quase noite, quando o fundo dos vales foi
se azulando e as ovelhas, balindo, se empurravam umas contra as outras para reentrar
no abrigo, ouvi que me chamavam lá de baixo, e vi aparecer a nossa senhorita,
não risonha como ainda há pouco, mas trêmula de frio e de pavor, toda encharcada.
Parece que no fundo da colina ela encontrou o Sorgue<a href="file:///C:/Users/Paulotarcizio/Desktop/PAULO/Poemas%20para%20o%20blog/FALTA%20ESCREVER/As%20estrelas.docx#_edn6" name="_ednref6" style="mso-endnote-id: edn6;" title=""><span class="MsoEndnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoEndnoteReference"><span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 14.0pt; line-height: 107%;">[vi]</span></span><!--[endif]--></span></span></a> engrossado pela chuva da
tempestade, e, tentando forçar a travessia, ela tinha corrido o risco de se
afogar. O terrível, é que àquela hora da noite não se podia pensar em retorno à
fazenda; pois o caminho para a travessia nossa senhorita não conseguiria jamais
encontrar sozinha, e eu não podia abandonar o rebanho. Essa ideia de passar a
noite na montanha a atormentava muito, sobretudo por causa da inquietude da
família. Eu procurei tranquilizá-la da melhor maneira que podia:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 2.0cm;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">‒
Em julho, as noites são curtas, senhorita... É apenas um momento ruim.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 2.0cm;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">E
acendi depressa uma grande fogueira para secar seus pés e seu vestido,
encharcado da água do Sorgue. Depois, coloquei diante dela leite, queijo; mas a
pobre pequena não pensava nem em se aquecer, nem em se alimentar, e de ver as
grossas lágrimas que desciam de seus olhos, eu também estava a ponto de chorar.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 2.0cm;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">No
entanto, a noite chegou completamente. Não restou sobre a crista das montanhas
mais que uma poeira de sol, um vapor de luz do lado do poente. Eu quis que nossa
senhorita entrasse para repousar no abrigo. Tendo estendido sobre a palha
fresca uma bonita pele bem nova, eu lhe desejei boa noite, e fui me assentar
fora, diante da porta... De repente, a cortina do abrigo se abriu e a bela
Stéphanette apareceu. Ela não podia dormir. As ovelhas faziam ranger a palha ao
se mover, ou balindo em seus sonhos. Ela achou melhor vir para perto do fogo.
Diante disso, joguei minha pele de cabra sobre seus ombros, aticei as chamas, e
ficamos sentados juntos, sem conversar. Se você já passou a noite sob as
estrelas<a href="file:///C:/Users/Paulotarcizio/Desktop/PAULO/Poemas%20para%20o%20blog/FALTA%20ESCREVER/As%20estrelas.docx#_edn7" name="_ednref7" style="mso-endnote-id: edn7;" title=""><span class="MsoEndnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoEndnoteReference"><span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 14.0pt; line-height: 107%;">[vii]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>, você sabe que, quando
dormimos, um mundo misterioso desperta na solidão e no silêncio. É então que as
fontes cantam muito mais claramente, e os charcos acendem pequenas chamas.
Todos os espíritos da montanha vão e vêm livremente; e há no ar das pastagens
ruídos imperceptíveis, como se estivéssemos ouvindo os ramos crescendo, a erva brotando.
O dia, é a vida dos seres; mas a noite, é a vida das coisas. Quando não se está
acostumado, dá medo... Por isto, nossa senhorita estava toda trêmula, e se
apertava contra mim ao menor ruído. Uma vez, um grito longo, melancólico,
partiu da lagoa que brilhava mais abaixo e subiu até nós, ondulando. No mesmo
instante uma bela estrela cadente deslizou por sobre nossas cabeças, como se
aquele lamento que acabávamos de ouvir estivesse portando uma luz.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 2.0cm;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">‒
O que que é isso? me perguntou Stéphanette em voz baixa.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 2.0cm;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">‒
Uma alma que entrou no paraíso, senhorita; e fiz o sinal da cruz.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 2.0cm;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Ela
se benzeu também, e ficou um momento com a cabeça baixa, contrita. Depois me
disse:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 2.0cm;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">‒
Então é verdade, pastor, que vocês são feiticeiros, vocês pastores?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 2.0cm;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">‒
De jeito nenhum, nossa senhorita. Mas aqui nós vivemos mais perto das estrelas,
e nós sabemos o que acontece melhor que as pessoas lá de baixo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 2.0cm;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Ela
ainda estava olhando para cima, o queixo apoiado nas mãos, envolvida na pele de
carneiro, como um pequeno pastor celeste:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 2.0cm;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">‒
Mas são tantas estrelas! Que lindo! Nunca eu tinha visto tantas... Será que
você sabe os nomes delas, pastor?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 2.0cm;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">‒
Mas sim, senhorita... Quer ver! bem acima de nós, lá está o <i>Caminho de São
Tiago</i><a href="file:///C:/Users/Paulotarcizio/Desktop/PAULO/Poemas%20para%20o%20blog/FALTA%20ESCREVER/As%20estrelas.docx#_edn8" name="_ednref8" style="mso-endnote-id: edn8;" title=""><span class="MsoEndnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoEndnoteReference"><span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 14.0pt; line-height: 107%;">[viii]</span></span><!--[endif]--></span></span></a> (a Via Láctea). Ele vai
da França direto para a Espanha. Foi São Tiago da Galícia que o traçou para
mostrar a rota ao bravo Carlos Magno quando ele guerreava contra os Sarracenos<a href="file:///C:/Users/Paulotarcizio/Desktop/PAULO/Poemas%20para%20o%20blog/FALTA%20ESCREVER/As%20estrelas.docx#_edn9" name="_ednref9" style="mso-endnote-id: edn9;" title=""><span class="MsoEndnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoEndnoteReference"><span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 14.0pt; line-height: 107%;">[ix]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>. Mais longe, você tem a <i>Carreta
das Almas</i> (a Ursa Maior) com seus quatro eixos resplandecentes. As três
estrelas que vão na frente são as <i>Três Bestas</i>, e aquela menorzinha perto
da terceira é o <i>Carreteiro</i>. Você vê em redor disso tudo aquela chuva de
estrelas que caem? são as almas que o bom Deus não quer perto dele... Um pouco
mais abaixo, o <i>Rastelo</i> ou os <i>Três Reis</i> (Orion). É o que serve de
relógio para nós pastores. Só de olhar para eles, eu sei que agora passa um
minuto da meia noite. Um pouco mais baixo, sempre na direção sul, brilha <i>Jean
de Milan</i>, a tocha dos astros (Sirius)<a href="file:///C:/Users/Paulotarcizio/Desktop/PAULO/Poemas%20para%20o%20blog/FALTA%20ESCREVER/As%20estrelas.docx#_edn10" name="_ednref10" style="mso-endnote-id: edn10;" title=""><span class="MsoEndnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoEndnoteReference"><span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 14.0pt; line-height: 107%;">[x]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>. Sobre essa estrela, eis o
que os pastores contam. Parece que uma noite <i>Jean de Milan</i>, com os <i>Três
Reis</i> e o <i>Sete-Estrelo</i> (a Plêiade) foram convidados para o casamento
de uma estrela de seus amigos. O <i>Sete-Estrelo</i> (Plêiade), mais apressado,
se diz, saiu primeiro e tomou o caminho mais alto. Olhe lá, lá no alto, bem no
fundo do céu. Os <i>Três Reis</i> cortaram por baixo e o alcançaram. Mas este
preguiçoso do <i>Jean de Milan</i>, que dormiu até tarde, ficou completamente
para trás, e furioso, para atingi-los, atirou neles o seu bastão. É por isso
que os <i>Três Reis</i> se chamam assim de <i>Bastão de Jean de Milan</i><a href="file:///C:/Users/Paulotarcizio/Desktop/PAULO/Poemas%20para%20o%20blog/FALTA%20ESCREVER/As%20estrelas.docx#_edn11" name="_ednref11" style="mso-endnote-id: edn11;" title=""><span class="MsoEndnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoEndnoteReference"><span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 14.0pt; line-height: 107%;">[xi]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>...<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Mas a mais bela de todas as estrelas,
senhorita, é a nossa, é a <i>Estrela do Pastor</i><a href="file:///C:/Users/Paulotarcizio/Desktop/PAULO/Poemas%20para%20o%20blog/FALTA%20ESCREVER/As%20estrelas.docx#_edn12" name="_ednref12" style="mso-endnote-id: edn12;" title=""><span class="MsoEndnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoEndnoteReference"><span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 14.0pt; line-height: 107%;">[xii]</span></span><!--[endif]--></span></span></a> que nos ilumina na
alvorada quando tiramos o rebanho, e também ao entardecer quando o trazemos de
volta. Nós a chamamos ainda de <i>Maguelonne</i>, a bela Maguelonne que corre
atrás de <i>Pierre de Provence</i> (Saturno) e se casa com ele a cada sete anos<a href="file:///C:/Users/Paulotarcizio/Desktop/PAULO/Poemas%20para%20o%20blog/FALTA%20ESCREVER/As%20estrelas.docx#_edn13" name="_ednref13" style="mso-endnote-id: edn13;" title=""><span class="MsoEndnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoEndnoteReference"><span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 14.0pt; line-height: 107%;">[xiii]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 2.0cm;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">‒
Mas como! pastor, então existe casamento de estrelas?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 2.0cm;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">‒
Mas sim, senhorita!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 2.0cm;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">E
quando eu estava começando a lhe explicar o que eram esses casamentos, senti
alguma coisa fresca e leve pesar ligeiramente sobre meu ombro. Era a sua
cabecinha pesada de sono que se apoiava em mim com um bom farfalhar de fitas,
rendas e cabelos ondulados. Ela permaneceu assim, sem se mover, até o momento
em que os astros do céu empalideciam, apagados pelo dia nascente. Quanto a mim,
eu a olhava dormindo, um pouco confuso no fundo do meu ser, mas santamente
protegido por aquela clara noite, que não me deu mais do que belos pensamentos.
Ao redor de nós, as estrelas continuavam sua marcha silenciosa, dóceis como um
grande rebanho; e por momentos me figurava que uma daquelas estrelas, justamente
a mais preciosa e mais brilhante, tendo perdido sua rota, tinha vindo pousar
sobre meu ombro para dormir...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 2.0cm;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 2.0cm;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 18.6667px; text-indent: 0px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 2.0cm;">
<i><span style="font-family: "arial" , sans-serif; text-indent: 0px;">Conto de Alphonse Daudet </span><span style="font-family: "arial" , sans-serif;">(1840‒1897)</span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 2.0cm;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; text-indent: 0px;"><i>no livro Lettres de Mon Moulin</i></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 2.0cm;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; text-indent: 0px;"><i>Tradução de Paulo Tarcizio da Silva Marcondes</i></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 2.0cm;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; text-indent: 0px;"><i>Todos os direitos reservados<span style="font-size: 18.6667px;"> </span></i></span></div>
<div style="mso-element: endnote-list;">
<!--[if !supportEndnotes]--><br clear="all" />
<hr align="left" size="1" width="33%" />
<!--[endif]-->
<br />
<div id="edn1" style="mso-element: endnote;">
<div class="MsoEndnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Paulotarcizio/Desktop/PAULO/Poemas%20para%20o%20blog/FALTA%20ESCREVER/As%20estrelas.docx#_ednref1" name="_edn1" style="mso-endnote-id: edn1;" title=""><span class="MsoEndnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoEndnoteReference"><span style="font-family: "calibri" , sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 107%;">[i]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
Luberon : cadeia montanhosa da Provença. No verão, os criadores mantém os rebanhos nas pastagens altas, descendo-os para o vale antes do inverno.<o:p></o:p></div>
</div>
<div id="edn2" style="mso-element: endnote;">
<div class="MsoEndnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Paulotarcizio/Desktop/PAULO/Poemas%20para%20o%20blog/FALTA%20ESCREVER/As%20estrelas.docx#_ednref2" name="_edn2" style="mso-endnote-id: edn2;" title=""><span class="MsoEndnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoEndnoteReference"><span style="font-family: "calibri" , sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 107%;">[ii]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
Labri : nome que se dá, na Provença, a uma raça de cães de pastor, geralmente
de cor negra.<o:p></o:p></div>
</div>
<div id="edn3" style="mso-element: endnote;">
<div class="MsoEndnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Paulotarcizio/Desktop/PAULO/Poemas%20para%20o%20blog/FALTA%20ESCREVER/As%20estrelas.docx#_ednref3" name="_edn3" style="mso-endnote-id: edn3;" title=""><span class="MsoEndnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoEndnoteReference"><span style="font-family: "calibri" , sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 107%;">[iii]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
Mont-de-l’Ure : cadeia montanhosa entre Sisteron e Ventoux. Notre-Dame de Lure,
velha abadia dos Agostinhos, é um lugar de peregrinação muito frequentado.<o:p></o:p></div>
</div>
<div id="edn4" style="mso-element: endnote;">
<div class="MsoEndnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Paulotarcizio/Desktop/PAULO/Poemas%20para%20o%20blog/FALTA%20ESCREVER/As%20estrelas.docx#_ednref4" name="_edn4" style="mso-endnote-id: edn4;" title=""><span class="MsoEndnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoEndnoteReference"><span style="font-family: "calibri" , sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 107%;">[iv]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
Símplices : ervas medicinais<o:p></o:p></div>
</div>
<div id="edn5" style="mso-element: endnote;">
<div class="MsoEndnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Paulotarcizio/Desktop/PAULO/Poemas%20para%20o%20blog/FALTA%20ESCREVER/As%20estrelas.docx#_ednref5" name="_edn5" style="mso-endnote-id: edn5;" title=""><span class="MsoEndnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoEndnoteReference"><span style="font-family: "calibri" , sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 107%;">[v]</span></span><!--[endif]--></span></span></a> A
fada Estérelle habitaria as montanhas de l’Esterel, às quais ela dá seu nome.<o:p></o:p></div>
</div>
<div id="edn6" style="mso-element: endnote;">
<div class="MsoEndnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Paulotarcizio/Desktop/PAULO/Poemas%20para%20o%20blog/FALTA%20ESCREVER/As%20estrelas.docx#_ednref6" name="_edn6" style="mso-endnote-id: edn6;" title=""><span class="MsoEndnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoEndnoteReference"><span style="font-family: "calibri" , sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 107%;">[vi]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
Sorgue : afluente do Rhône<o:p></o:p></div>
</div>
<div id="edn7" style="mso-element: endnote;">
<div class="MsoEndnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Paulotarcizio/Desktop/PAULO/Poemas%20para%20o%20blog/FALTA%20ESCREVER/As%20estrelas.docx#_ednref7" name="_edn7" style="mso-endnote-id: edn7;" title=""><span class="MsoEndnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoEndnoteReference"><span style="font-family: "calibri" , sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 107%;">[vii]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
Ao relento : a expressão idiomática para este sentido é belíssima: “passer la
nuit à la belle étoile” (nota do tradutor)<o:p></o:p></div>
</div>
<div id="edn8" style="mso-element: endnote;">
<div class="MsoEndnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Paulotarcizio/Desktop/PAULO/Poemas%20para%20o%20blog/FALTA%20ESCREVER/As%20estrelas.docx#_ednref8" name="_edn8" style="mso-endnote-id: edn8;" title=""><span class="MsoEndnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoEndnoteReference"><span style="font-family: "calibri" , sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 107%;">[viii]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
Caminho de Santiago: a Via Láctea, que orienta os peregrinos no rumo de São
Tiago de Compostela.<o:p></o:p></div>
</div>
<div id="edn9" style="mso-element: endnote;">
<div class="MsoEndnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Paulotarcizio/Desktop/PAULO/Poemas%20para%20o%20blog/FALTA%20ESCREVER/As%20estrelas.docx#_ednref9" name="_edn9" style="mso-endnote-id: edn9;" title=""><span class="MsoEndnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoEndnoteReference"><span style="font-family: "calibri" , sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 107%;">[ix]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
Todos esses detalhes de astronomia popular são traduzidos do Almanaque
Provençal que se publica em Avignon (nota do autor).<o:p></o:p></div>
</div>
<div id="edn10" style="mso-element: endnote;">
<div class="MsoEndnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Paulotarcizio/Desktop/PAULO/Poemas%20para%20o%20blog/FALTA%20ESCREVER/As%20estrelas.docx#_ednref10" name="_edn10" style="mso-endnote-id: edn10;" title=""><span class="MsoEndnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoEndnoteReference"><span style="font-family: "calibri" , sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 107%;">[x]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
Sírius é a estrela mais brilhante que se vê a olho nu.<o:p></o:p></div>
</div>
<div id="edn11" style="mso-element: endnote;">
<div class="MsoEndnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Paulotarcizio/Desktop/PAULO/Poemas%20para%20o%20blog/FALTA%20ESCREVER/As%20estrelas.docx#_ednref11" name="_edn11" style="mso-endnote-id: edn11;" title=""><span class="MsoEndnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoEndnoteReference"><span style="font-family: "calibri" , sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 107%;">[xi]</span></span><!--[endif]--></span></span></a> Bastão
de Jean de Milan, ou Bastão de Orion<o:p></o:p></div>
</div>
<div id="edn12" style="mso-element: endnote;">
<div class="MsoEndnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Paulotarcizio/Desktop/PAULO/Poemas%20para%20o%20blog/FALTA%20ESCREVER/As%20estrelas.docx#_ednref12" name="_edn12" style="mso-endnote-id: edn12;" title=""><span class="MsoEndnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoEndnoteReference"><span style="font-family: "calibri" , sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 107%;">[xii]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
A Estrela do Pastor (Vênus) não é uma estrela, mas um planeta <o:p></o:p></div>
</div>
<div id="edn13" style="mso-element: endnote;">
<div class="MsoEndnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Paulotarcizio/Desktop/PAULO/Poemas%20para%20o%20blog/FALTA%20ESCREVER/As%20estrelas.docx#_ednref13" name="_edn13" style="mso-endnote-id: edn13;" title=""><span class="MsoEndnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoEndnoteReference"><span style="font-family: "calibri" , sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 107%;">[xiii]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
Esta história se encontra em um velho romance atribuído a Bernard de Tréviers,
cônego. O casamento de Maguelonne com Pierre de Provence traduz misticamente a
conjunção, que ocorre a cada sete anos, dos planetas Vênus e Saturno.</div>
</div>
</div>
paulotarcizio.blogspothttp://www.blogger.com/profile/09916505674891080742noreply@blogger.com0