Conforme
narrativa do Joaquim Eugênio, foi assim que aconteceu: o Seu Joaquim Português,
pai dele, estava jantando e vieram correndo avisar: “Tem gente trepado no pé de manga, derrubando tudo as manga verde!”
Seu Joaquim largou do prato e foi lá fora ver. Era mesmo, tinha um homem
trepado na mangueira, escolhendo as mangas. Já estava meio escurecendo, mas
dava para ver o vulto. Seu Joaquim começou a falar bem calmo:
“Mas
por que que você está aí? Desce daí, rapaz, nem tem manga madura! Você vai
acabar derrubando as manga verde! Judiação!” Mas o rapaz não deu
bola, só respondeu assim: “Vô ficá aqui
memo”.
Puxa
vida, o rapaz respondeu assim porque não conhecia o Seu Joaquim do Bairro das
Teipa. Devia ser de uma turma de gente de fora que tinha vindo trabalhar nas
obras de instalação da Confab. Ele não devia de ter respondido desse jeito para
o Seu Joaquim.
Mas
o Seu Joaquim não perdeu a calma e explicou direitinho para o rapaz que estava
trepado na mangueira: “Olha moço, eu
estou falando pra você descer e você não está ligando, e eu estava falando com
educação. Então eu vou lá dentro pegar a espingarda e quero ver se você desce
ou não desce”.
O
rapaz continuou na mangueira, escolhendo manga, e o Seu Joaquim voltou com a
espingarda e avisou: “Desce, senão eu vou
dar um tiro em você”.
Mas
o rapaz foi muito bobo e retrucou assim: “Quero
vê!”
Foi
um tiro e uma queda, o rapaz caiu de uma altura de mais de dois metros, ploft no chão, gemendo machucado. O Seu
Joaquim Português explicou: “Olha moço, eu
atirei porque você não quis descer. A espingarda é de um cartucho só. Então eu
vou lá dentro buscar mais um cartucho que agora é pra matar você”. E foi
para dentro. Quando voltou, o rapaz já tinha sumido, os colegas tinham pegado e
levado embora, levaram para a Santa Casa.
De
noite chegou a polícia, em dois carros. O sargento quis conversar com o Seu
Joaquim, bateram um papo, depois o sargento perguntou se ele sabia de um caso
que tinha acontecido ali por perto, de um homem que levou um tiro. Seu Joaquim
falou: “Ah, eu sei sim, esse caso é que eu
que dei um tiro nele, porque ele me desobedeceu, não queria descer da
mangueira, estava judiando das mangas. Mas eu avisei pra ele que eu ia dar o
tiro”.
Então
o sargento o convidou para ir à delegacia, queria que ele fosse na Veraneio
junto com os soldados. Mas o Seu Joaquim não se abalou, disse que ia trocar de
roupa, a Veraneio podia ir indo com os soldados, ele ia junto com o sargento no
Fusca. E assim aconteceu. Na delegacia o delegado conversou com ele, tomou o
depoimento e no fim o dispensou, Seu Joaquim podia ir embora para casa.
Então
Seu Joaquim perguntou: “E a espingarda
minha?”. O delegado explicou: “Seu
Joaquim, o senhor pode ir para casa, fique sossegado que a espingarda tem que
ficar guardada aqui na delegacia, ela não pode sair daqui”.
Então
o Seu Joaquim Português ficou nervoso: “A
espingarda vai ficar aqui? Mas como que eu faço na hora que esse rapaz voltar
lá, como que eu vou dar um tiro nele sem a minha espingarda?”
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Texto
e foto de Paulo Tarcizio da Silva Marcondes
Foto
da Figueira das Taipas – árvore centenária, protegida pela Lei Orgânica de
Pindamonhangaba
Oi Paulo.
ResponderExcluirConheço outra história do Seu Joaquim.
O filho dele, também apelidado de Português, estudou conosco na escola em Coruputuba. Ele nos contava que quando o DER efetuou obras na rodovia que liga Pinda a Roseira, eliminando algumas curvas e melhorando o traçado da rodovia, o novo traçado, em frente à venda do Seu Joaquim nas Taipas, passa no local onde estaria uma figueira antiga, bem em frente à venda. O pessoal do DER teria que derrubar aquela árvore, mas, o Seu Joaquim pegou aquela espingarda, sentou em baixo da figueira e disse: -Se tentarem derrubar a árvore eu atiro! Conclusão: o DER teve que mudar o traçado da rodovia e a árvore permaneceu lá. GRANDE SEU JOAQUIM!!!
Abraço amigo!