Criei muito carinho pela menininha de blusa vermelha. Meu Deus, que
doçura tagarela! O que tanto perguntava? O que tanto contava? Nada pedia, só a
atenção da mãe. Que pensava em outras coisas, da vida. Para poder continuar
mantendo o seu tesouro assim mesmo: tagarelando, contando, perguntando.
A menina de blusa vermelha! Inclina a cabeça na direção da mãe. E é
assim mesmo. Você se inclina para perto de quem você ama. Você se inclina para
longe de quem lhe dá medo.
Vesti a menininha de vermelho e essa ficou sendo a única cor quente na
composição. Tão pequena, no meio de gigantescos eucaliptos. Tive de fazê-la em
vermelho, para atrair os olhares. Sim, tem a Cooperativa, em rosa. Mas rosa
fraquinho, lá longe... Está bem então. No meio do verde e do bege, valorizando
cada passada, como um passarinho, levando a preciosa bolsinha de couro, que
ganhou no Natal e, como não tem onde usar, usa todo dia, a menina em vermelho
vai para o armazém em rosa.
Para ler, no maior quadro negro do município, a lista de preços. Que
inclui sete ou seis qualidades de açúcar. Mascavo, cristal, preto, refinado,
demerara...
Menina de vermelho, você foi feliz?
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Texto: Paulo Tarcizio da Silva Marcondes
Pintura a óleo sobre tela: Paulo Tarcizio
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