sexta-feira, 4 de dezembro de 2020

A menina de vermelho



Criei muito carinho pela menininha de blusa vermelha. Meu Deus, que doçura tagarela! O que tanto perguntava? O que tanto contava? Nada pedia, só a atenção da mãe. Que pensava em outras coisas, da vida. Para poder continuar mantendo o seu tesouro assim mesmo: tagarelando, contando, perguntando.

A menina de blusa vermelha! Inclina a cabeça na direção da mãe. E é assim mesmo. Você se inclina para perto de quem você ama. Você se inclina para longe de quem lhe dá medo.

Vesti a menininha de vermelho e essa ficou sendo a única cor quente na composição. Tão pequena, no meio de gigantescos eucaliptos. Tive de fazê-la em vermelho, para atrair os olhares. Sim, tem a Cooperativa, em rosa. Mas rosa fraquinho, lá longe... Está bem então. No meio do verde e do bege, valorizando cada passada, como um passarinho, levando a preciosa bolsinha de couro, que ganhou no Natal e, como não tem onde usar, usa todo dia, a menina em vermelho vai para o armazém em rosa.

Para ler, no maior quadro negro do município, a lista de preços. Que inclui sete ou seis qualidades de açúcar. Mascavo, cristal, preto, refinado, demerara...

Menina de vermelho, você foi feliz?

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Texto: Paulo Tarcizio da Silva Marcondes

Pintura a óleo sobre tela: Paulo Tarcizio


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