segunda-feira, 18 de julho de 2011

O provedor


Digo para Anamaria, minha mulher, enquanto pego as armas: Tenho que sair para fazer a caçada, não pode passar de hoje.

Ela, ao mesmo tempo que se preocupa, sabe que a caçada tem que ser feita e só pode ser feita mesmo por mim. Ela não vai deixar a segurança e o conforto da cabana, enfrentar a nevasca lá fora, o cansativo caminhar pela pradaria, os riscos envolvidos na empreitada... Nem eu quero que ela faça isto, prefiro ir só, decidir sozinho a estratégia da caçada, escolher as presas por mim mesmo. 

Mas ela cuida de mim: Volta logo! Você vai fazer uma caçada muito grande? Quando chegar, chama que eu ajudo a pôr tudo para dentro.

Eu beijo minha mulher, procuro tranquilizá-la: Não se preocupe, volto logo.


Fecho a porta da cabana, cuidadoso, e saio para o vento. Vou caminhando com firmeza e atenção, atravesso as veredas que se cruzam, não me perco, não me atrapalho, deixo a pradaria, penetro na floresta, sei para onde vou. Presto atenção a tudo, mas não me deixo distrair do meu objetivo principal.

Quarenta minutos depois estou de volta com as compras do supermercado Excelsior.
Ela me ajuda a recolher as sacolinhas, guarda as coisas secas, eu arrumo o que vai para a geladeira. Tenho que sair de novo: Benzinho, vou guardar o carro.

O caminho para o estacionamento é sem riscos, quase. Quando volto de vez para a casa, conto para ela: A lua está linda!


Ela corre para pegar a máquina. Vai fotografar para postar no blog.

Texto: Paulo Tarcizio da Silva Marcondes

3 comentários:

  1. As caçadas são tão esperadas porque existem perigos por toda a savana. Vencidos os perigos, nós nos sentamos para comemorar a sua chegada e tomamos uma bebida. Ou então tomamos um café. Tudo é muito acolhedor.Enquanto isso, lá fora, os leões rugem, os ventos uivam por toda a noite e na madrugada. Nós estaremos dormindo sossegados. Bjos

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  2. Paulo, vida dupla todos nós temos ou já tivemos.
    Há cerca de 50 anos ou um pouquinho mais, todos
    nós éramos ao mesmo tempo reis de grandes potên-
    cias mundiais e varríamos o quintal para não le-
    var bronca da mãe. Eu já pilotei aviões de guer-
    ra ao mesmo tempo em que estava varrendo o gali-
    nheiro. Bem-aventurado o adulto que enquanto vi-
    ve a sua vidinha, escreve uma biografia paralela
    para apagá-la quando der na telha. Zaga.20.7.11
    17:50 horas.

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  3. Eu conheço bem as caçadas do papai Paulo Tarcizio... Elas são recheadas de coxinha com doce de leite... ah, e amendocrem também.

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