sábado, 13 de agosto de 2011

Quando Deus criou os pais

(adaptado de um texto de Erma Bombeck)


        Quando o bom Deus foi criar os Pais, começou com um grande esqueleto. E um Anjo-mulher, vendo-o trabalhar, disse: “Que espécie de Pai é esse? Se o Senhor fez as crianças tão rentes ao chão, para que um Pai tão alto? Ele não poderá jogar bola-de-gude com o filho sem se agachar, nem poderá pôr a criança na cama sem se curvar, nem beijá-la sem se inclinar.”

        Deus sorriu e disse: “Sim, mas se Eu o fizer tão pequeno, para quem as crianças erguerão os olhos?”

        E Deus fez as mãos daquele Pai grandes e rijas. E o Anjo balançou a cabeça, dizendo: “Mãos tão grandes não poderão manejar alfinetes de fraldas ou pequenos botões, nem fazer curativos ou remover farpas.”

        Deus sorriu e acrescentou: “Sei disso, mas elas são grandes o bastante para guardar tudo o que sair dos bolsos de um menino, e pequenas o suficiente para empalmar o rosto de uma criança.”

        E Deus modelou pernas longas e esguias, e ombros largos. Ao que o Anjo ralhou: “Não compreende que criou um Pai sem colo?”

        Deus, pacientemente, explicou: “As Mães precisam ter colo. Um Pai necessita de ombros fortes para puxar um carrinho, empurrar um balanço ou amparar um pequenina cabeça adormecida, quando as crianças voltarem do circo para casa.”

        Deus estava em plena criação dos maiores pés que alguém já tinha visto até então. E o Anjo não se conteve: “Isto não está errado? Acredita honestamente que essas pranchas enormes conseguirão se levantar sem fazer ruído quando o bebê chorar de madrugada? Ou caminhar pela sala apinhada numa festinha de aniversário sem pisar em pelo menos três dos pequenos convidados?”

        Deus, sorrindo, afirmou: “São para trabalhar. Você verá. Eles permitirão que o Pai brinque de cavalinho com seus filhos, servirão para espantar os ratos da casa, e o obrigarão a usar sapatos capazes de conter muitos brinquedos no Natal.”

        Deus prosseguiu trabalhando toda a noite, dando ao Pai poucas palavras, mas uma voz firme e autoritária; olhos que viam tudo, mas continuavam calmos e tolerantes. Finalmente, quase como numa reflexão tardia, acrescentou-lhe a lágrima. E perguntou ao Anjo: “E agora, percebe que ele poderá amar tanto quanto uma verdadeira Mãe?”

        E o bom Anjo calou-se, comovido.     


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Erma Louise (Harris) Bombeck (Dayton, Ohio, 21 de fevereiro de 1927 - 22 de abril de 1996

2 comentários:

  1. lindo demais
    tal qual um grande pai deve ser!

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  2. Que bom que podemos ainda exaltarmos os pais. Q possamos ter sempre bons pais pir mtos anos.

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