Saudade no espaço é a gente querendo muito ficar de novo pertinho de quem a gente gosta e a vida levou para longe.
Saudade que dá jeito de atender: a gente espera, marca, junta um dinheiro, pega o avião e vai ficar um tempo pertinho de quem a gente ama.
Mas saudade no tempo é a gente querendo viver de novo um tempo faz tempo que a gente viveu pertinho de quem a gente hoje ama demais, de doer no coração. Mas no tempo junto a gente não sabia que amava tanto. Achava natural e gostoso estar perto.
Mas não sabia que um dia a gente ia lamentar cada momento que viveu perto sem perceber que aquilo era a glória. Porque se a gente tivesse ganhado uma sabedoria enorme, de graça e repentina, naquele tempo de proximidade, a gente ia se olhar diferente e ia dizer que tinha que fazer o tempo parar, que nada disso de ir um para cada lado, que a felicidade seria continuar pertinho e fazer o tempo passar depressa ou devagar, não importava: importava era ter ficado junto.
Mas a História não deixa, porque somos bobos e só perdemos a bobice depois que estamos separados no espaço e no tempo.
Meu amor, é isto.
Agora, é ir consertando e nos concertando, corações desritmados, almas desalinhadas, buscando reconstruir a beleza original do quadro que esteve um dia à nossa disposição.
Nós nos amamos e é indigno ficarmos longe. É indigno deixarmos de falar sobre isto.
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Texto de Paulo Tarcizio da Silva Marcondes
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