BALANÇO FINAL
Entretanto,
no fim voltarei a estar só.
Esta
é uma certeza calma: voltarei
a estar
absolutamente só,
apesar
de todos, de tudo, de nós.
Não
estarei perdendo nem estarei ganhando
coisa
alguma com a volta à solidão.
Apenas
estarei sendo restituído
ao lugar
que me foi destinado.
Não
me sentirei roubando
nem me
sentirei roubado.
Apenas,
como agora, vou me sentir
dono
daquilo que me foi reservado.
Nada
mais.
Voltarei
a estar só, sem mágoa.
Contente
e humilde, feliz e calado,
sabendo
que mais não me era permitido
ter
desejado.
* * *
Poema de Paulo Tarcizio da Silva
Marcondes
Livro “Terra
Vegetal” – Reg. Biblioteca Nacional: 133.608
MOMENTO:
PRESENTE
Abre
os olhos meu irmão
para
o momento presente
presente
que
já se vai meu irmão
que
já se foi meu irmão.
Nota
o pássaro pousado
ao alcance
de tua mão
ele
se agita assustado
para
voar apressado
ele
está muito atrasado
para
os ventos que virão
no
próximo segundo já terá voado
para
além de tua mão
no
terceiro abandonado
o
teu campo de visão
e
por fim terá deixado
só
ausência em tua mão.
Vai-se
o passado, apressado:
Tudo é pouso
improvisado
Para os
sonhos que virão.
* * *
Poema de Paulo Tarcizio da Silva
Marcondes
Livro “Terra
Vegetal” – Reg. Biblioteca Nacional: 133.608
ESQUECIMENTO
Haverá
depois vozes dos outros
e ruídos
das coisas
e
nossas vozes se perderão.
Passarão
pelo caminho
muitos
pés em muitos passos
e
nossos passos serão esquecidos.
O
vento soprará aqui e noutros lugares
levando
sons e pó
e
não mais levando nossas ideias.
Choverá,
como sempre,
a mesma
chuva de sempre,
que será
alheia a nós, então.
Mesmo
a areia molhada da praia
não terá
lembrança
de
nossa caminhada.
* * *
Poema de Paulo Tarcizio da Silva
Marcondes
Livro “Terra
Vegetal” – Reg. Biblioteca Nacional: 133.608
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