O LAGO DE CORUPUTUBA

A foto acima obtive em 1967 com a minha antiga Bieka. É o lago da Fazenda Coruputuba, em Pindamonhangaba.

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Fui a Coruputuba

Fui a Coruputuba, num dia de festa, para reencontrar os amigos daquele tempo, para ouvir de novo os sinos da Capela, para mais uma vez reparar nas palmas dos coqueiros agitando-se na brisa, para procurar os vestígios da casa onde eu morei e do campinho onde a gente batia bola esperando a hora de começar o jogo de verdade.
Fui até o Largo, mas não tinha mais a torneira para a gente encher o garrafão.
O Bar Simpatia fechado, ninguém jogando bilhar.
A Dona Alice não abriu a leiteria.
O Seu João não abriu a barbearia.
Na porta do meio não tinha a escalação do time para o jogo.
O Seu Zé Geraldo não estava na porta do cinema, vigiando a fila.
Não achei na Padaria a Dona Naná.
A Escola Martinico Prado, que já tinha sido Escola Antonio Bicudo Leme, estava quieta.
Na farmácia, cadê o Seu Salgado, o Seu Augusto, cadê a Shirley, a Ana Clara?
Fui rodear os coqueiros da igreja, olhando os cachos de coquinho maduro, e o Seu Alcindo não veio correndo de bicicleta, apitando. E o Seu Machado não estava sentado na porta da Capela.
Meu pai, o Professor Francisco, não ajudou a Missa. Não foi ele quem acendeu a lâmpada do Santíssimo.
A Avenida Alberto Simi inteira desapareceu.
A Avenida Cícero Prado ainda tem algumas casas: a da Dona Marina, a do Seu Enéas, da Dona Basta, do Seu Sebastião Leite, a do Seu Dimas, a da Dona Antônia. Sumiram as casas do Seu Luiz Crepaldi e todas as outras até a do Seu João da Ponta. Os tijolos do alicerce da minha casa estão lá, escondidos na grama.
Oportunidade de reviver a infância, a adolescência. A oportunidade de reencontrar os conhecidos, todos envelhecidos e quase todos bem mais pesados, como eu também estou. Mas, mesmo assim, foi possível mais uma vez subir a escada da torre da igreja para, lá de cima, ficar procurando com o olhar saudoso o que não existe mais: a Vila Tanque, a Vila Jacarandá, a Vila Maria, a Vila Esperança...
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Texto de Paulo Tarcizio da Silva Marcondes
Foto de Agostinho San Martin Filho (Álbum CIDADE DE PINDAMONHANGABA, 1955)

Um comentário:

  1. Eu me chamo Jorge Luiz filho do seu Antonio Machado e fiquei muito feliz e emocionado com as suas colocações na qual fez me lembrar também de minha infância e outras situações.
    Fez me lembrar na portaria do cinema quando o Sr João Laurindo, João Menino que ficavam de porteiros. Lembrei-me também das pessoas que operavam as máquinas projetoras que transmitiam os filmes como Miguelzinho e João Moraes também o Jipe da Companhia que buscava as latas de filmes na estação de Curuputuba.
    Recordei-me das trocas de gibis e revistas em frente a portaria do cinema e também do Jorge Barbudo que vendia amendoins torrados. E os bate papos com o João Barbeiro, o açougue do Cido, leiteria da Dona Alice esposa do Seu Elmer, que deixava as garrafas de leite enfileiradas na porta da leiteria para mais tarde as pessoas irem buscar. E a carroça do Sr José Luzia descarregando latões de leite.
    E a cooperativa onde um dia por mês levávamos uma lista de compras e deixávamos por o Sr José Luzia arrumar as compras que depois entregava nas vilas.

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