Faz bulha a chuva na calha
E no telhado.
O mais é silêncio, ainda
Nem muge o gado.
Mas há passos na cozinha
Junto ao fogão.
Na pia a torneira enchendo
O caldeirão.
Um passo errado que esbarra
Numa cadeira.
O fósforo que produz
A luz primeira.
Os gravetos que se quebram
Virando brasa.
A tampa que abana (e a fumaça
Enchendo a casa).
Crepitando a lenha chia
Bem levemente
E uma chaleira respinga
Na chapa quente.
Aroma e som: retorcido
Cai do coador
O café brilhante envolto
No seu vapor.
Depois no bule a colher
Dança cantando.
Canta um galo na distância
De quando em quando.
Tilintam xícaras, copos,
O fogo ruge.
Chove mais. Um rádio canta.
E o gado muge.
Poema de Paulo Tarcizio da Silva Marcondes
Livro TERRA VEGETAL - Reg. BN n. 133.608
Amei! Esse fogão é um encanto!
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